domingo, 26 de outubro de 2008

DOM HELDER - DADOS BIOGRÁFICOS


Dados Biográficos:

DOM HELDER PESSOA CAMARA nasceu no dia 07 de fevereiro de 1909, em Fortaleza/CE. Faleceu no dia 27 de agosto de 1999, na Igreja de N.Sª da Assunção das Fronteiras, no Recife/PE. Seus pais foram João Eduardo Torres Camara Filho (jornalista e guarda-livros) e Adelaide Rodrigues Pessoa Camara (professora primária). Foi batizado em 31 de março de 1909. Fez a sua 1ª Eucaristia em 29 de setembro de 1917.

Cursou Teologia no Seminário de São José na Prainha, em Fortaleza / Ceará. Ordenou-se padre em 15 de agosto de 1931, pelo Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, Dom Manoel da Silva Gomes, que esteve no cargo de 1912 a 1941. Nove seminaristas foram ordenados na mesma ocasião, Como tinha só 22 anos e meio, foi preciso uma autorização especial do Vaticano para que ele também se ordenasse. O mesmo Arcebispo tinha celebrado a ordenação diaconal em 30 de novembro do ano anterior (1930), também na Igreja da Prainha.

Até 1936 exerceu na capital cearense atividade sacerdotal, entre homens de letras e operários. Nesse período foi nomeado diretor do Departamento de Educação, cargo hoje correspondente a Secretário de Estado.

Foi para o Rio de Janeiro em 1936. Exerceu, entre outras funções, o cargo de Diretor Técnico do Ensino de Religião da Arquidiocese. Em 1948 foi nomeado Monsenhor. No ano de 1950, expôs ao amigo Monsenhor Montini (futuro Papa Paulo VI) seus planos para fundar a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – fundada em 14 de outubro de 1952 - da qual se torna Secretario Geral de 1952 a 1964 e Secretario da Ação Social entre 1964 e 1968.

Foi sagrado Bispo no dia 20 de abril de 1952, na Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, pelas mãos de Dom Jaime de Barros Câmara. Nomeado Arcebispo Auxiliar do Rio de Janeiro em 1955, neste mesmo ano organizou o famoso Congresso Eucarístico Nacional (realizado no espaço hoje chamado “Aterro do Flamengo”).

Criou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, o Banco da Providência e a Cruzada São Sebastião, instituições que visavam combater as injustiças sociais. Trabalhou na criação, em 1955, da Conferência Geral do Episcopado Latino Americano (CELAM) e permaneceu como seu vice-presidente de 1958 a 1964 quando foi nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, tendo tomado em 12 de abril de 1964.

Passou a desenvolver - com grande relevância - ações sociais junto às comunidades carentes, e a lutar pelos direitos humanos e a justiça social, destacando-se como fundador: do “Banco da Providência”, da “Operação Esperança”, do “Instituto de Teologia do Recife - ITER” (1968), do “Encontro de Irmãos” (em 1969 como ponto de partida para criação de 230 Comunidades Eclesiais de Base), da “Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese (1979), da criação de 19 Paróquias.

Ficou mundialmente conhecido como o arauto dos “sem vez e sem voz”. Durante o regime militar sua voz só podia ouvida na Rádio Olinda, de 1964 a 1983, sendo proibido e censurado na mídia de todo o País. Liderou o movimento da “não violência” e das Minorias Abraâmicas, trabalhando para construir um mundo mais justo e mais humano.

No Plano Internacional, foi designado membro do “Conselho Supremo de Imigração” da comissão “Para Disciplina do Clero”, preparatória do Concílio Vaticano II (1962-1965), onde foi Padre conciliar nas 4 sessões, membro da Comissão “ Apostolado dos Leigos e Meios de Comunicação Social, no Concílio Ecumênico – 1964 e Delegado do Episcopado Brasileiro no III Sínodo dos Bispos (1974).

Durante todo o seu sacerdócio recebeu várias homenagens, acervo de condecorações que hoje contabilizam 716 itens. Publicou 23 livros, sendo 19 deles traduzidos para 16 idiomas. Tornou-se membro de 41 organizações internacionais e 05 nacionais. Distinguiu-se com prêmios da Paz entre eles René Sande; Martin Luther King; Memorial João XXIII de Pax Christ; Artesões da Paz; Prêmio Popular da Paz; Niwano Peace Prize. Doutor honoris (32) incluindo Harvard University, St. Louis University, Louvain, Florença, Fribourg, Amsterdan, Sorbonne. Recebeu trinta (30) títulos de Cidadão Honorário, no Brasil e Exterior. Foi saudado pelo Papa João Paulo II quando da visita de Sua Santidade ao Brasil em 1980 com o título de “Irmão dos Pobres meu Irmão”.

Fundou, em 1984 as “Obras de Frei Francisco” (OFF), cujo Conselho Curador presidiu até a data de seu falecimento. Hoje, numa homenagem ao seu idealizador e fundador, a instituição se chama INSTITUTO DOM HELDER CAMARA IDHeC. Pertencem a essa Instituição a “Casa de Frei Francisco” (Coelhos- Recife-Pe, fundada em 1986) e o “Centro de Documentação Helder Camara”- CEDOHC (inaugurado em 5 de fevereiro de 1999).

Afastou-se da Arquidiocese em 1985, por limite de idade, com o título de Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, mas, não abandonou a atividade pastoral, continuando a residir na modesta Igreja das Fronteiras, onde faleceu, em 1999.

Deixou - em testamento, datado de 20 de julho de 1984 - para Obras de Frei Francisco / Instituto Dom Helder Camara, todos os bens e direitos autorais de suas obras que terão continuidade pelos seus seguidores.

Em 2009 o centenário do seu nascimento será comemorado... Uma comissão formada pelo IDHeC, pela CNBB/Regional Nordeste 2, pela Universidade Católica de Pernambuco e à Arquidiocese de Olinda e Recife desenvolve - desde 07 de fevereiro de 2008 - a programação “Rumo ao Centenário de nascimento de Dom Helder Camara”, que pretende homenagear aquele que foi “o profeta do século XX” e merece todas as nossas reverências,

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

RECOLHIMENTO DAS DOROTÉAS / CONVENTO DA CONCEIÇÃO DE OLINDA



Quem chega ao alto da Misericórdia, desavisado, pode nem se aperceber de uma edificação recuada, próxima à Academia Sta. Gertrudes, discreta e quase sempre silenciosa.

Ali - no Recolhimento da Conceição de Olinda - vivem as Irmãs Dorotéas mais idosas, de vida contemplativa, num dos mais antigos conventos do Brasil colonial. Abandonado e entregue à própria sorte, durante a invasão holandesa, foi reconstruído por iniciativa do Mestre de Campo João Fernandes Vieira, um dos heróis da Insurreição Pernambucana.

Em princípio, o convento restaurado serviu como recolhimento para mulheres abandonadas. Depois chegaram as Irmãs Dorotéas e ele se tornou o Recolhimento da Ordem, acolhendo, sobretudo as freiras mais idosas. E é essa a ocupação dessa casa religiosa nos dias atuais.

Há um convento, que serve como residência das freiras e uma igreja, dedicada a N. Sª da Conceição, tendo um belo átrio na sua fachada e, no seu interior, a primorosa imagem barroca da Virgem da Conceição, com riquíssima pintura em ouro e policromia, peça do século XVIII. O teto do templo é primitivo, esculpido em madeira, com medalhões contando a vida da Virgem Maria. Destaca-se, entre elas, a célebre imagem de Nossa Senhora do Leite (Maria, amamentando Jesus).

No convento/recolhimento há um magnífico terraço, de onde se avista quase todo o espaço verde onde existiu o antigo “Jardim Botânico de Olinda”, leiloado em meados do século XIX e é hoje uma propriedade particular. São quilômetros de verdes diferenciados, tendo-se ao fundo a visão do Seminário de Olinda e do seu Farol, além do azul do mar, à distância.

Talvez seja essa uma das mais bonitas vistas de Olinda, local bastante reservado, inclusive não facilmente aberto ao Turismo, perdendo-se a chance de conhecer um lugar especial, repleto de história e de beleza!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

PARA UMA AMIGA QUE SE FOI...


Foi para isso que Dorinha viveu:
para fazer os outros felizes...

Desdobrava-se nos cuidados
com todos aqueles que lhe eram caros.
Acolhia no coração as expressões de amizade
e a elas retribuía,
como uma fada boa, feita de ternura...

Foi para amar que Dorinha viveu:
amando a vida e aos que dela se acercavam...

Muito mais que cuidar de si
ela cuidou de muitos,
nos mais simples afazeres de cada dia
e nos difíceis tempos que cada um
precisasse atravessar...

Foi para servir que Dorinha viveu:
sem reservas, sem desculpas...

Sempre repleta de carinho,
(um carinho que agora nos faz tanta falta)
ela nos impregnou de sua fortaleza,
como um exemplo de mulher verdadeira,
pronta para ajudar sem medidas....

Que Deus a receba em Sua glória
e nos console, nessa saudade tão grande
que nos resta!
Amém.

domingo, 19 de outubro de 2008

AOS MÉDICOS DE TODOS OS TEMPOS...


Eles existem, graças a Deus!
Jovens ou velhos,
homens ou mulheres,
sisudos ou extrovertidos,
carregam na alma uma marca especial
que lhes atribui uma força e um poder,
quase mágicos...

Na hora da dor, eles chegam.
A esperança chega também
e faz ressurgir a crença na vida;
a luz de um alívio
que costuma se instalar;
até um tolerar mais sereno,
mais confiante, mais forte e verdadeiro.

Às vezes parecem falhar,
quando o controle lhes foge das mãos,
as tentativas perdem o efeito
e a inesperada hora se avizinha...
Na maioria das vezes, porém,
as vitórias se sucedem,
desfraldando bandeiras de alegria!

Parecem seres solidários,
cheios de fardos nos ombros,
imbuídos de responsabilidades
aparentemente maiores do que
a sua humana capacidade
de suportá-las, de conviver com elas,
de assumi-las...

Para muitos, são dignos de pena,
pelos sacrifícios a que se obrigam,
pelas horas de expectativa e risco,
pelas madrugadas insones,
pela coragem com que são capazes
de dizer quem venceu:
se foi a vida ou a morte.

Assim são os médicos.
Gente indispensável.
Gente feita de luz.
Gente que a gente abraça,
reverencia, beija e agradece,
porque, graças a Deus,
eles existem!

(18 de outubro – DIA DO MÉDICO)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

CUIDADOS...


Para que a amizade sobreviva
são precisos cuidados pequenos e singelos...

Não basta gostar.
É preciso dizê-lo.
Não basta, apenas,
emocionar-se com o amigo de longe.
É preciso atingi-lo, expressando carinho.
Não basta julgar-se amado.
É preciso acercar-se dele
e encontrar respostas,
na especial forma de atenção.

Para que a amizade exista
são necessários cuidados,
constantes, verdadeiros,
cheios de cautela e de carinho,
como se faz com a planta,
para que ela floresça em paz!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A BIBLIOTECA PÚBLICA DE FERNANDO DE NORONHA



Uma Biblioteca é sempre um referencial, em qualquer lugar onde funcione. Não seria diferente em Fernando de Noronha, embora o gosto e o incentivo à leitura só começasse a ser praticado já no século XX,

Foi em setembro de 1932, que se criou a pioneira “Biblioteca 7 de Setembro”, com mais de mil livros no seu acervo, como uma Sociedade que, em 19 de dezembro de 1938, transformou-se no “Centro de Cultura e Diversões 7 de Setembro”. Esse setor cultural, que prestou grandes serviços a Fernando de Noronha, tinha outros bens, além do acervo valioso de livros, como bilhares e jogos de salão, realizando festas, competições, teatro infantil e adulto. Infelizmente tudo foi desbaratado em fins de 1949.

Nas reminiscências do Major Campos Aragão, primeiro comandante do 2º Regimento de Artilharia Anti-Aérea do Destacamento Misto de Fernando de Noronha da II Guerra Mundial, publicadas na obra “Guardando Céu nos Trópicos”, está o relato feito por ele ao Centro de Cultura e, em especial, à Biblioteca instalada no mesmo espaço, em uma divisão pequena, das obras ali encontradas. Em “três armários apinhados de livros” estavam obras de Shakespeare, Goethe, Voltaire, Dante, Renan, Prevost, Victor Hugo, Stefan Zweig, Zola, Huxley, Edgar Poe, Coelho Neto, Humberto de Campos, Machado de Assis, Ribeiro Couto, Érico Veríssimo, Edgard Wallace, Jack London, Monteiro Lobato, Lins do Rego e muitos outros... Muitas dessas em francês, inglês, espanhol e italiano. Aquilo era tudo o que restava das iniciativas do passado...

Por Decreto Distrital de 1º de outubro de 1970, no Governo do Major Jayme Augusto da Costa e Silva, criou-se em Fernando de Noronha uma Sala de Leitura, posta em funcionamento em uma das salas do Palácio São Miguel, sede do Governo militar.

No ano de 1972, essa Sala de Leitura passou a funcionar na única escola existente (então chamada “Unidade Integrada de Ensino de Fernando de Noronha”), para o que foi firmado um convênio com o Instituto Nacional do Livro / órgão do MEC, para a realização do "Programa do Livro Didático do Ensino Fundamental", coordenado no arquipélago pela Técnica em Educação Maria José Ferreira Sobral, a partir de 1º de agosto de 1972 e que exercia, à época, as funções de Diretora do Departamento de Educação e Cultura do Território e de Diretora do Ginásio que fora criado em 1964, pela Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - CENEC.

Por esse convênio, foram enviados muitos livros para o Arquipélago, melhorando o uso da sala criada para esse fim. Esses dados aparecem nos Relatório do Território Federal de Fernando de Noronha, apresentado ao Presidente da República, relativo ao período de 03;08/1971 a 31/12/ 1972, pelo Governador Ruperto Clodoaldo Pinto. O Relatório seguinte, no ano de 1973, aponta o recebimento de 1.610 volumes, que permitiram o funcionamento do Banco do Livro e que fez surgir a proposta do Governo Territorial de transformar a Sala de Leitura em uma Biblioteca Pública Territorial, proposta essa aceita pelo INL / MEC.

Em 30 de outubro de 1973, pelo Decreto Territorial nº 54, a Sala de Leitura do Território foi transformada em Biblioteca Pública, instalada em terreno anexo à escola. E, em abril de 1974, uma bibliotecária da Escola Técnica Federal de Pernambuco, fez a primeira organização dessa biblioteca, preparando-a para atender à comunidade noronhense.

Em 1998, tendo falecido o primeiro diretor do PARNAMAR / FN. Heleno Armando da Silva, filho da ilha, pretendeu-se implantar a Biblioteca Pública na casa onde ele havia residido, na década de oitenta. Chamou-se Biblioteca Pública Heleno Armando, nome escolhido entre 29 participantes do concurso então estabelecido para a titulação do novo espaço cultural.

O interesse do Conselho Distrital em fazer da mesma residência – de grande visibilidade – a sede do órgão, determinou as gestões que fizeram com que a Biblioteca Pública voltasse a ocupar espaço junto à Escola Arquipélago e fosse mantido o nome do seu patrono: Engº de Pesca Heleno Armando da Silva..

Hoje a Biblioteca noronhense serve aos jovens da Escola Arquipélago e à comunidade, continuando a ser o lugar onde estão depositados os livros que trazem o mundo ao espaço insular isolado no Atlântico.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

HOMENAGEM AO "DIA DO PROFESSOR"


Cobram de ti, a cada dia,
a chama de um entusiasmo permanente
que as dificuldades da vida
e a aspereza do mundo
teimam em pretender apagar...

E tu resistes.

Teu rosto feliz,
espelho das verdades que apregoas,
transparece a certeza
dos que chegaram longe,
bem lá onde pretendiam...

E enquanto arrastas pelo exemplo,
ocultas no coração toda a mágoa porventura existente,
sem jamais deixá-la aflorar,
em respeito àqueles a quem ensinas.

Não foi o acaso que te fez professor...

Desde sempre, desde muito,
essa vontade de servir impelia teu coração ansioso
e te arrastava, como um impetuoso e imbatível vento,
por caminhos difíceis de percorrer,
mas infinitamente doces para serem descobertos,
nesse vagabundear de almas talhadas
para missões tão especiais
que as limitações terrenas não ousam conter...

Deus te guarde, professor,
na fidelidade da tua predestinação,
para a coragem de recomeçar sempre,
sem jamais se de
ixar abater.



Deus te guarde, PROFESSOR!

(Publicado no meu livro "Cantando o amor o ano inteiro", Paulinas, 1986)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

CÍRIO DE NAZARÉ - DEVOÇÃO ETERNIZADA


O “CÍRIO DE NAZARÉ” é a mais importante procissão brasileira. É uma manifestação religiosa característica do povo amazônico, que se materializa num cortejo surpreendente, tendo ao centro a BERLINDA, e nela a pequenina imagem de NOSSA SENHORA DE NAZARÉ, rodeada por uma longa CORDA,. Agarrados a ela, vão os devotos, com impressionantes atitudes de sacrifício e de fé. Na Corda seguram-se pessoas de qualquer classe e todos expressam com o corpo o seu sentimento religioso.

Uma tradição paraense fala do aparecimento de uma milagrosa imagem de N. Sª de Nazaré, encontrada em 1700, pelo caboclo Plácido José de Souza, filho de um português e uma índia, que possuía um sítio na estrada que ia para o Maranhão (hoje Bairro de Nazaré). Caçando na região do Igarapé Murutucu (onde hoje é a Basílica), o caboclo parou para se refrescar nas águas e, ao erguer os olhos, viu a imagem de Nossa Senhora entre as pedras cheias de lodo. Levou-a para o barraco onde morava e ali, em um pequeno altar, passou a venerá-la. A casa encheu-se de gente para rezar... Milagres começaram a acontecer e as promessas se sucediam...

Uma fato inexplicável é que, no dia seguinte àquele em que foi encontrada, a imagem não amanheceu na casa de Plácido e ele foi vê-la novamente entre as pedras do igarapé Murutucu. Diz a história que a imagem sumiu outras vezes, sempre que era retirada dali. O governador da época chegou a ordenar que a isantinha fosse para o Palácio do Governo e ficasse sob intensa vigilância.Pela manhã, o altar estava vazio. A imagem estava novamente no Igarapé Murutucu. Impressionados com o milagre, os devotos concluíram que Nossa Senhora queria ficar às margens do igarapé. E ali foi construída uma capelinha, ao lado da qual o caboclo ergueu sua casa.

O governador Francisco Coutinho pensou em fazer uma PROCISSÃO pela cidade. Dias antes ele ficou doente. Prometeu que, caso se recuperasse, ele mesmo levaria a imagem até a capela do Palácio. Restabelecido, cumpriu sua promessa e na madrugada de 8 de setembro de 1790, a Virgem chegou ao Palácio.Portanto, ao amanhecer daquele dia, a população de Belém viveu o seu primeiro Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

“A imagem foi transportada na véspera d’aquele dia à noite da ermida para o palácio do governo. Pela iluminação de azeite da cidade, escoou-se a multidão que cercava o carro da santa até desembocar no largo da Campina... No dia seguinte, à tarde, com todo o esplendor possível a uma estréia, desfilou do palácio a romaria; na frente e no couce marchava toda a tropa da cidade” (Arthur Vianna, 19i04).

O processo de reconhecimento dos milagres da Virgem de Nazaré foi longo... Somente em setembro de 1790 a igreja o efetivou.

Até 1853, o Círio era realizado à tarde, prolongando-se pela noite. Neste ano, ao chegar no Largo da Pólvora (atual Praça da República), a romaria foi atingida por uma violenta chuva. A imagem foi levada às pressas, até a ermida. Para evitar isso, o Círio passou a ser realizado durante a manhã, horário em que raras vezes chove em Belém.

Em 1855, a baía transbordou na vésperas do Círio. O carro puxado por bois, que conduzia a BERLINDA, não conseguia passar. Alguém teve a idéia de desatrelar os bois, passar uma CORDA em volta da BERLINDA e puxar até desatolar. Assim a berlinda saiu do atoleiro no alagado próximo ao Mercado do Ver-o-Peso, e chegou ao Largo das Mercês. Desse modo foi levada até a ermida.

Esta prática foi incorporada com o passar dos anos. Os romeiros continuaram a usar cordas e a força dos braços para vencer os obstáculos do caminho, até que em 1868, a diretoria da festa decidiu oficializar a CORDA no Círio. Na época, vieram protestos... Com o tempo, tornou-se a maior tradição da romaria.

O Círio de Nazaré saía sempre da capela do Palácio do Governo, para onde a imagem era levada na véspera, durante a TRANSLADAÇÃO. Em 1882, o bispo e o governador da Província, resolveram fazer a saída da procissão da Catedral da Sé. Em 1901, o bispo fixou o segundo domingo como data oficial do Círio.

O Hino a Nossa Senhora de Nazaré - "Vós sois o lírio mimoso" - é de autoria do poeta maranhense Euclides Farias, que vivia em Belém, e foi composto em 1909, no mesmo ano do lançamento da pedra fundamental da nova igreja e se transformou no Hino Oficial do Círio. Já vai fazer cem anos e continua a ser atual...

São muitos os eventos do Círio de Nazaré... Missas, Procissões por terra, Barqueatas, Arraial para diversão e entretenimento, o Círio das crianças e até o Almoço do Círio, tradicionalmente seguido., São rituais, que mobilizam toda a cidade de Belém e que duram quinze dias,

Na primeira quinzena de outubro tudo em Belém e arredores gira em torno do CÍRIO. Lojas e casas se enfeitam para essa festa de fé e de cuidados. Cada dia, um diferente evento serve de chamariz... Romeiros, devotos em turistas se misturam,... Quase todos querem segurar na Corda, Naquele espaço abençoado os homens e mulheres reconhecem sua fraqueza e reafirmam sua fé, muitos carregando ex-votos, para pagarem promessas.

Sem duvida, essa é uma festa de todos, eternizada pela fidelidade de um povo de força e de fé, que é o povo paraense!

sábado, 11 de outubro de 2008

SOBRADOS MOURISCOS DE OLINDA



Dois lindos sobrados mouriscos, de arquitetura de influência árabe, resistem, em Olinda, com seus balcões de madeira. com losangos e treliças com seu muxarabi, apoiados em suportes em pedra-sabão.

O primeiro situa-se na singular Rua do Amparo, em meio a casas/ateliers de artistas e abrigou, na década de 1980, por algum tempo, a primeira sede do Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda.

Sua construção original mereceu destaque na obra “2ª Guia Prático, Histórico e Sentimental de Cidade Brasileira – Olinda”, de Gilberto Freyre, que o define como um especial aproveitamento topográfico da ladeira onde foi implantado, tendo dois pavimentos na parte voltada para a Rua do Amparo e um só pavimento voltado para a Ladeira da Misericórdia.

O segundo, localizado na Praça Conselheiro João Alfredo (popularmente conhecida como “Praça de São Pedro”, por estar no entorno da Matriz de São Pedro Mártir), tem seu traçado também original, muito semelhante ao outro e guarda, na sua história, o registro de quando abrigou figuras importantes como o Imperador Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina, em 1839.

Hoje, no seu andar térreo, funciona uma galeria de arte e artesanato, oferecendo o que há de mais significativo em Pernambuco e, no andar superior, um requintado restaurante, havendo ainda, na parte posterior de toda a edificação, o espaço “Jardins do Mourisco, equipamento turístico da gastronomia nordestina, entre árvores centenárias e sagüins irrequietos...

São dois significativos exemplos da arquitetura eclética dessa Olinda original e encantadora!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

AH! CRIANÇAS, CRIANÇAS...


Elas chegam.
Trazem gorjeios nas vozes que se misturam;
lufadas de vento na pressa com que se agitam;
doçura no olhar desarmado
com que enfrentam nosso enorme muro
de descrença e solidão.

Não pedem nada
que não lhes seja vital,
como água, ar, afeto...

Seguram-se em nossas mãos
– como a buscar força –
e, na aparente vulnerabilidade,
carregam o esquecido mundo

que já foi nosso e sabemos ser tão forte,
que jamais pode ser superado.

Ah! Crianças, crianças...
Não cresçam logo! Não tenham pressa!
Deixem-nos a árdua tarefa
de abrir veredas

por onde vocês tagarelarão, contentes e soltas,
enquanto podem sentir asas nos pés
e, nas mãos, alados cavalos de sonho...

O mundo, esse “nosso mundo”,
grande e sério,
só se lembra do riso fácil
e de como é simples ser saciado,
quando se olha
– como num espelho -
no reflexo, na medida, na verdade maravilhosa
contida no amor de um menino.

Ah! Crianças... Ah! Crianças!...

(Publicado no meu livro “Cantando o amor o ano inteiro”, Paulinas/SP, 1986)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Hino do centenário de nascimento de Dom Hélder

07 de fevereiro de 1909: nascia em Fortaleza o menino Helder Pessoa Camara. Predestinado, tornou-se padre aos 22 anos e ganhou asas, sendo a figura mais forte e carismática do Ceará, do Rio de Janeiro, da Olinda e Recife (locais onde viveu), do mundo...

Essa trajetória foi lindamente cantada em uma canção, relembrando sua vida, suas realizações, seu carisma, seus ideais... Coube ao padre potiguar José Freitas Campos compor esse HINO – “DOM HELDER, O PASTOR DA PAZ”, revivendo os grandes acontecimentos da vida deste profeta, tão amado e tão perseguido em vida.

Ouça, aqui, a homenagem do Padre Campos, compositor de Natal/RN e veja que momento lindo de evocar-se uma das maiores figuras da história.




segunda-feira, 6 de outubro de 2008

CURIOSIDADES DE FERNANDO DE NORONHA


VOCÊ SABIA?

Que é a Estação de Tratamento d´ Água Piraúna – ETA, que abastece toda a ilha usando para isso tanto a água dos açudes existentes na ilha como aquela que resulta do dessalinização da água do mar?

Que existe na ilha um Conselho Distrital, eleito por voto direto e que atua como se fosse uma Câmara de Vereadores?

Que todos os turistas pagam a Taxa de Preservação Ambiental para visitar o Arquipélago, sendo esse um recurso investido no próprio Arquipélago?

Que, por medida de segurança, é proibido acampar e fazer fogo em todos os lugares do Arquipélago?

Que o Ministério do Exército administrou o Arquipélago de 1942 a 1961, ocorrendo, nesse período, a implantação de um Destacamento Misto da II Guerra Mundial (entre 1942 e 1945) e um Presídio Político especial, acolhendo os presos da revolução de 31 de março de 1964?

Que Fernando de Noronha não é um Município e sim um Distrito Estadual, subordinado a Pernambuco e é o único lugar do Brasil a ser administrativamente definido assim?

Que na base americana da II Guerra Mundial, instalada entre a Baía Sueste e a Praia de Atalaia, havia motores que bombeavam a água do mar, para piscinas improvisadas?

Que no século XVIII implantou-se no Arquipélago “o maior sistema defensivo daquele século”, constituído de dez fortificações, implantadas acima de todas as praias onde fosse possível o desembarque?

Que a descida banho nos lajedos da para a Ponta da Caieira foi proibida desde 1997, pelo perigo que poderia causar?
Que em 2007 registraram-se cinco novas ocorrências de aves migratórias na ilha?

Que Gregório Bezerra e Carlos Marighella deram aulas aos outros presos políticos e presos comuns, no período em que ficaram detidos na ilha, entre 1938 e 1942?

sábado, 4 de outubro de 2008

PRECE A SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Hoje é dia de São Francisco de Assis, que viveu na Itália há quase oitocentos anos e é, até hoje, venerado em todo o mundo.

Nascido em berço de ouro mas desapegado dos bens materiais, renunciou à riqueza e passou a viver na mais absoluta pobreza.

Fundou duas das maiores congregações religiosas da Igreja: os FRANCISCANOS e as CLARISSAS e ainda reuniu pessoas comuns, leigas, que viviam no mundo mas queriam seguir seus ideais, criando as “Ordens Terceiras”, dando-lhe o direito de partilhar a espiritualidade franciscana,

São Francisco amava a natureza... Chamava às aves, às árvores, à água, ao sol e a tudo que tivesse vida de “irmãos”. Por isso, foi proclamado PATRONO DA ECOLOGIA.

Por isso, neste dia 04 de outubro, saudemos o “pobrezinho de Assis” fazendo nossa PRECE A SÃO FRANCISCO
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Para lembrá-lo, basta pensar em pássaros, árvores,
águas que correm, montanhas que se erguem,
céus de azul intenso, ondas que se formam nas praias,
e tantas outras maravilhas

que a natureza – zelosamente - guarda,
temendo que o homem venha e a tudo modifique...

Francisco, o santo dos espaços grandiosos,
Sereno e docemente dirigindo-se a tudo o que o rodeava,
tudo elevando à honra de “irmão”,
por acreditar-se – humildemente –
um entre tantos, dentre os nascidos
do coração bondoso do Pai.

Francisco, o santo da partilha e da afeição,
da doçura e da mansidão,
dos gestos de acolhida e das profundas reflexões,
em todos deixando uma marca única,
capaz de atravessar os séculos,
como o mais querido dentre os queridos de Deus...

Francisco, exemplo da perfeição e da plenitude,
na vida consagrada, modelo para outras vidas,
inspirador do bem-querer aos que estão entre nós,
sejam eles capazes de raciocínios inteligentes
ou, tão somente, seres irracionais,
dotados de candura e graça...

Francisco – o santo da natureza e do coração,
da verdade e da coragem, dos gestos inesperados
e dos combates por causas justas...
Francisco, o pobrezinho de Assis,
inspirador de vidas, formador de seguidores,
para sempre amado.
Amém.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

DE VOLTA Á CASA-MÃE DO CARMELO...


Dia 12 de outubro de 2008 - para os carmelitas de toda a América Latina –um dia muito especial... É o dia de voltar para casa, de celebrar novamente na colina do Carmo, de retomar, oficialmente, o berço da ordem, em OLINDA.

A espera foi longa... Mais de um século se passou, desde a perda do imóvel para União. Dezesseis anos de resistência alimentaram o sonho de um grupo fiel, de alma carmelitana, amparado na Lei, no pedido encaminhado a todas as instâncias, até que o resultado positivo viesse.

Agora, é tempo de voltar, de assumir o belo templo iniciaiado em 1580, ainda que mutilado ao longo dos tempos, e reabri-lo aos poucos, como local de celebração, de moradia de frades, de acolhida dos católicos olindenses. E isso se dará neste dia, com a Missa das 11h, no domingo, celebrada, provisioriamente, no corredor lateral do imóvel, enquanto se concluem os trabalhos em cantaria que estão em curso.

Antes, ali existia um convento, erguido no século XVI, na ermida de Santo Antônio, cedida aos frades pioneiros, que “por acaso” (e há acaso nos planos de Deus???) desembarcaram em Olinda, quando vinham destinados a seguir para a Paraíba. Acolhidos de forma fraterna, implantaram em Pernambuco seu núcleo inicial no continente americano e daí partiram para cristianizar todas as Américas.

O incêndio holandês do século XVII quase arrasou aquele espaço marcante, reerguido aos poucos nos séculos seguintes, adquirindo uma magnífica fachada colonial-renascentista, com colunasm portas e janelas trabalhadas, belo frontispício, com o nicho da Mãe do Carmelo no alto, como se estivesse a atrair os fiéis.

O convento foi demolido no início do século XX, para que fossem executadas obras públicas no seu entorno. Pela mesma razão, provavelmente, destruiu-se a Capela da Ordem Terceira, originalmente existente.

Agora, a igreja volta aos seus legítimos donos, com seu lindo altar-mor e cadeiral restaurados, embora não sejam entregues agora à comunidade que chega, mas somente quando forem concluídos os demais trabalhos de restauração, bastante adiantados. No espaço onde esteve abrigado o escritório da 5ª Superintendência Regional do IPHAN ficarão os frades residentes. Por em quanto, as celebrações ocorrerão no corredor lateral.

Esse retorno tem sabor de luta, de persistência, de fé e de esperança!
Enfim, ele acontece!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

NAUFRÁGIOS EM FERNANDO DE NORONHA


Fascinante mar... Para enfrentá-lo, criaram-se formas de partir de ancoradouros seguros em penosas travessias, indo cada vez mais longe. O mar aproximou o mundo, estabeleceu contatos comerciais e dominações seculares. Seus traiçoeiros obstáculos afundaram sonhos, levaram pertences preciosos e irrecuperáveis.

Naufrágios ocorreram, por imperícia, fragilidade das embarcações, obstáculos no percurso... Na história noronhense, eles se sucederam, registrados em correspondência oficial ou até sem qualquer evidência.

1. O 1º naufrágio (também, o 1ª do Brasil): a nau capitoa da 2ª Expedição Exploradora, comandada por Gonçalo Coelho, em 10 / 08 / 1503, chocou-se com um escolho (“pedras secas” ou “Espigões”). Coube a Américo Vespúcio abrigar-se na “ilha maravilhosa” que avistava e nela recolher a gente desgarrada.
2. Em 1629,foram dois afundamentos propositais de barcos holandeses que se haviam apoderado da ilha, um no porto de Sto. Antônio e um na praia do Boldró, ambos feitos pela expedição enviada para tentar expulsá-los.
3. Em 1838, próximo aos Dois Irmãos, foi a vez do brigue francês Bougaiville. Toda a tripulação foi salva e retirada do mar por presidiários.
4. Em 1909, nos Espigões (as mesmas “Pedras Secas” do naufrágio de 1503)), o navio brasileiro Álvaro.
5. E depois o vapor inglês Aylestone, em 1926, na Praia do Leão.
6. E três navios gregos, de uma mesma companhia:
a. O 1º encalhado em 1929 (o Eleani Sathatatos) submergiu em 1946.
b. O 2º, Maria Sathatatos, em 1937, com seu pessoal salvo pelo porta-aviões Westfalem, que estava por perto.
c. O 3º, Themone Sthatatos, carregado de louça, afundou próximo a Praia de Atalaia, também em 1937.
7. Depois, foi um submarino alemão, em 1943 (na II Guerra Mundial)
8. e o último deles, em 1983: a Corveta B-17, da Marinha Brasileira, que bateu no “cabeço” da Ponta da Sapata e foi rebocada até o porto, onde afundou.

Outros acidentes não foram fatais, ou não foram registrados, por falta de documentação oficial, para saber-se, hoje, todos os segredos o mar noronhense guarda...

Essas embarcações jazem no segredo do oceano, fazendo as delícias dos mergulhadores que ali se aventuram ou sepultados para sempre, sob sedimentos seculares.