sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

OS NICHOS DE OLINDA


Existem em Olinda cinco NICHOS, fechados ao longo do ano inteiro e abertos apenas na Quaresma, para as reflexões da Procissão dos Passos, que percorre as ladeiras dos sítios históricos, na sexta-feira que antecede a Semana Santa.

São pequenas capelas em alvenaria que, no passado, eram 14 (compondo a Via Sacra), distribuídas entre o Recife e Olinda, levando os fiéis a pararem diante delas, para refletirem sobre os acontecimentos que culminaram com a morte e a ressurreição de Jesus. Depois, o abandono dos homens e dos tempos reduziu a cinco as “capelas” popularmente chamadas de NICHOS, afora uma sexta capela, de devoção mariana.

Quais são e onde estão esses PASSOS?

O 1º está localizado no alto da Sé, ao lado do Museu de Arte Sacra de Pernambuco (antigo Palácio dos Bispos), na Rua Bispo Coutinho. Nele está a imagem de “Jesus no monte das Oliveiras, em oração”, esculpida em madeira de cedro, em estilo barroco. Datado de 1809, é muito bem conservado, com porta almofadada e compõe, com o prédio que lhe é vizinho, um lindo ambiente religioso.

O 2º passo, está localizado no frontispício da Igreja do Amparo. Sua descoberta é recente e sua inclusão no percurso da procissão, também. Nele estão as imagens de “Jesus encontrando-se com sua Mãe, Maria” Data de 1773.

O 3º fica nos Quatro Cantos, quase desapercebido por quem passa, numa parede lateral do casario daquele espaço olindense. Representa o “Senhor Jesus atado, apresentado ao povo sentado na Pedra Fria”, também chamado, popularmente, de “Passo do Castelhano”. imagem do século XIX, e data de 1773.


O 4º - se ergue na Ribeira, na Rua Bernardo Vieira de Melo, diante de uma rica paisagem de Olinda e do Recife e representa “O Cristo carregando a Cruz” e data também de 1773. Sua porta é de madeira almofadada, em estilo colonial barroco, com volutas e arabescos. Possui um emblema alusivo à Paixão de Cristo.

O 5º se localiza na Rua 27 de Janeiro, próximo à Igreja de São Pedro Mártir e sua imagem é o “Senhor Jesus atado à Coluna do Suplício”. Diante dele acontecem as “três quedas” de Jesus, a caminho do Calvário.

Havia um 6º Nicho, próximo a este e que se arruinou e era nele que - no passado - a Procissão dos Passos se iniciava.

Além desses NICHOS com cenas da Paixão de Cristo, há um outro, anexo ao Mercado da Ribeira, dedicado à Virgem Maria, diante do qual é rezado o Terço todos os anos, durante o mês de Maio.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

BLOCO DA SAUDADE - 25 ANOS TRAZENDO DE VOLTA O PASSADO...


O Carnaval de 2009 trouxe razões para um grupo carnavalesco comemorar 25 anos de uma trajetória corajosa, iniciada em 1984, com o propósito maior de trazer de volta as marchas-de-blocos que fizeram a marca-registrada de carnavais antigos e foram sendo esquecidas ao longo dos tempos...

Muitas dessas canções falavam de blocos líricos, não mais existentes e de velhos compositores, permitindo o resgate também de nomes de pessoas e agremiações carnavalescas, citadas nas músicas resgatadas, muitas criadas por gente de saudosa memória. Foi assim que o povo, pelas ruas, descobriu a beleza e curiosidade de grupos antigos, embalados pelo encanto de cantar juntos – no Recife ou em Olinda – seguindo o BLOCO DA SAUDADE que, este ano, está em festa!

Até a escolha de uma “máscara” como estandarte tornou-se emblemática... Lá vinha, pelas ruas mais diversas, um grupo de foliões, vestidos com as cores azul e encarnado (tão simbólicas nos “Pastoris” natalinos de Pernambuco) e o seu estandarte já remetia o público para o passado, quando mascarados corriam soltos pela folia carnavalesca, tocando suas castanholas.

A forte presença do bloco nas ruas era, principalmente, sentida através do repertório musical. Cabia-lhe “relembrar o passado” não tão distante, de outros blocos, outros tempos e, sobretudo, compositores de outros carnavais...

E foi por ele que jovens e velhos ficaram sabendo que, antes deles, blocos os mais diversos seguiam aqueles percursos, saboreando a mesma alegria e espalhando beleza: “Apois-Fum”, “Toureiro”, “Flor da Lira”, “Cartomantes”, “Corações Futuristas”, “Flor da Magnólia”, “Andaluzas”, “Bloco das Flores”, “Pavão Dourado” e outros, outros, outros...

Depois, no rastro desses 25 anos de permanência, de trazer de volta às ruas as orquestras de pau-e-corda, o BLOCO DA SAUDADE viu surgirem outros blocos semelhantes, com o mesmo gosto de tempos distantes e a mesma cadência dolente do caminhar pelas ruas, sempre a cantar a natureza, a beleza, o amor... E nenhuma rivalidade marcou esse novo tempo!

Isso é ser tradicional sem deixar a modernidade de lado. Gravar o passado no presente. Recordar o que se teve de bom e arrojar-se nos dias atuais, com tanta garra e tanto ardor que, esse bloco aniversariante mereceu ser admirado por todos, inclusive (e, talvez, principalmente) pelo profeta do século XX, Dom Helder Camara, a quem nunca deixou de saudar, em cada dia de aniversário, nem mesmo quando esse aniversário era também saudade, no seu centenário, comemorados neste fevereiro que se vai, com direito a das músicas especiais, do grande Getúlio Cavalcanti!

Tomara que essa “saudade” continua a inspirar gente de bem com a vida, contagiando os que hoje se iniciam na apreciação dessa forma de frevo tão especial, que é o frevo-de-bloco! Tomara que possamos seguir os blocos, com o coração em festa, porque um deles – pioneiramente e no tempo de agora – teve a coragem de ousar muito!

Ave, BLOCO DA SAUDADE! Que bom que você existe!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

CARNAVAL NA ILHA DE ITAMARACÁ


Para chegar na ilha, atravessa-se um caminho longo entre coqueirais e uma ponte sobre o Canal de Santa Cruz... Ali está a antiga Capitania Hereditária de Itamaracá (nome que significa “Pedra que canta”), hoje pertencente a Pernambuco. Aqui está a ilha para tantos correm, ávidos pelo sossego de suas praias, suas construções modernas ou históricas, onde irrompem - de vez em quando – barulhentos e irreverentes blocos que cantam e dançam, lembrando que este é o tempo do Carnaval.

Não fossem esses cortejos inesperados ou os shows noturnos oficiais programados pelos órgãos públicos e para uma multidão presente na ilha, Itamaracá seria apenas a praia, as piscinas surgidas junto aos arrecifes na maré baixa, os passeios no “trenzinho” para tantos pontos pitorescos, a obrigatória visita ao secular Forte Orange, a ida à Vila Velha (antiga capital), a travessia para a Coroa do Avião, os sabores vendidos à beira-mar (camarões, sururus, caranguejos, tapiocas, beijus, água-de-coco, cocada - de coco comum ou coco queimado – caldinhos, passas de caju, bebidas geladinhas) e tantas outras tentações gastronômicas...

Tudo isso é Itamaracá. Um lugar para quem quer agitação ou tranqüilidade. Um lugar para longas caminhadas à beira mar ou para deitar-se ao sol, dentro ou fora d´água. Um lugar para desfrutar a natureza ou acomodar-se numa rede sob sua doce brisa. Um lugar para orgulhar-se mais ainda desse estado especial chamado PERNAMBUCO, tão rico e tão diversificado na sua forma de ser e, por tabela, envaidecer-se por viver aqui um dos “Patrimônios Vivos” do Estado, a cirandeira Lia.

Tudo isso é Itamaracá, com seus segredos, suas lendas, suas mangas sem caroço, seus locais conduzidos por cientistas como base avançada da UFPE, sua magia e sua forte presença na história do Brasil!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O QUE É CARNAVAL?


Nem todos gostam de Carnaval...
Nem todos brincam Carnaval...

Para muitos, é uma festa sem sentido,
de aparente liberdade
- nas muitas liberações permitidas -
mas de um terrível aprisionamento,
que leva o homem a enredar-se na teia de libertinagem,
perdendo até o bom senso,
às vezes, sem se aperceber disso.

Para outros, um tempo de alegria,
de retorno às tradições mais fortes e mais antigas,
tão caras ao coração daqueles
que são condutoresdas suas atitudes e das suas decisões...
Um tempo lírico, belo
– nas suas manifestações tão pernambucanas –
e, ao mesmo tempo, impregnado de dolência e saudade.

Carnaval - originalmente, a "festa da carne".
Carnaval - a festa pagã que antecedia a Quaresma.
Carnaval - a festa também dos puros de coração,
que nela procuram apenas o lúdico,
o divertimento, a felicidade.

Que Deus nos ajude a ver
- no Carnaval -
um tempo de crescimento interior,
mesmo em meio à maior comemoração,
extraindo dessa festa somente a beleza, a partilha, a alegria...

Que Deus nos ajude a chegar à Quaresma
com o coração preparado,
como deve ser para aquele que é fiel à sua fé!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O "GALO DA MADRUGADA", PARA MIM, É SAUDADE!



A manhã ensolarada convida ao frevo a multidão que segue o GALO DA MADRUGADA, pelo centro do Recife... Como sempre, alegorias enfeitam essa cidade de rios e de pontes. Gente fantasiada, irreverente e criativa por todos os lados. O frevo “rasga” os espaços lotados. Aqui e ali outros ritmos pernambucanos abrem lugar para mostrar a diversidade desse carnaval bonito e diferenciado de todos os outros estados do Brasil. Carros alegóricos e trios elétricos se sucedem, todos compromissados em executar apenas a música plena de riqueza desse Pernambuco de tantas nuances musicais...

De longe, olho a multidão e escuto seu “grito de guerra”: “Ei, pessoal! Vem, moçada! Carnaval começa no Galo da Madrugada”... E esse refrão aumenta a minha saudade de outros carnavais, quando um enorme palco fechava a Ponte da Boa Vista, para esperar que o Galo chegasse... Era ali, naquele espaço privilegiado, que pontificava o talento, a animação e o virtuosismo do Maestro FERNANDO BORGES, que por horas e horas mantinha aceso o ardor da multidão que o rodeava.

Era um deslumbramento! Todo aquele povo dançava e cantava junto com ele! Para a frente, toda a Avenida Guararapes... Para os lados, toda a Rua do Sol, beirando o Rio Capibaribe... Para trás, toda a Avenida Conde da Boa Vista e a Rua da Aurora, essa também cortejando o rio... Horas de frevo genuíno, de canções fora-de-época, adaptadas para o alucinante ritmo pernambucano.

Fernando Borges era soberano naquele palco! Sua alegria, sua resistência, sua capacidade de animar e fazer pular todo o enorme público que lotava o centro recifense, tornava a espera uma delícia, até que o cortejo chegasse e ele cedesse ao “Galo” o direito de conduzir o povão a partir da Praça Joaquim Nabuco.

Já se passaram dez anos desse carnaval, que esperava o “Galo da Madrugada” chegar ao centro do Recife, mantendo a chama de força e da animação, para continuar com os trios depois que o “Esperando o Galo” silenciava.

Até o dia que o Maestro calou-se para sempre! Até o dia em que o Carnaval perdeu o seu maestro, agora reconhecidamente patrono da Escola Municipal de Frevo, que leva o seu nome e cultua a sua memória.

Hoje, um galo de proporções gigantesca enfeita a mesma ponte que fez o delírio de tantos. O maestro de muitos carnavais foi substituído por outros artistas, cada um dando o melhor do seu talento para manter viva a tradição carnavalesca que tanto nos honra.

Para mim, admiradora de todo esse passado, o “Galo da Madrugada” é também a lembrança do meu irmão, do meu ídolo, do meu Maestro FERNANDO BORGES, que deve – com certeza – “estar fazendo Carnaval no céu”, como cantou o compositor Getulio Cavalcanti...

Para mim, o Galo da Madrugada é, principalmente, saudade!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

DOM HELDER - UMA HOMENAGEM SONORA


Dentre as muitas formas de homenagear Dom Helder Camara, neste centenário de nascimento, foram pensados o registro em selo, feito pelos Correios; a inclusão de sua imagem no “circuito dos poetas do Recife”, em escultura posta pela Prefeitura do Recife diante da igreja onde ele viveu; sua eternização em um boneco-gigante (conforme a tradição olindense); afora louvores feitos em poesia, em PPSs para a Internet, em artigos publicados nos jornais do Brasil, em vinhetas televisivas e, evidentemente, em atos celebrativos carregados de emoção e de fé.

Uma, construiu-se modestamente e foi disponibilizada para tantos quantos a quisessem possuir: a homenagem sonora no CD O PASTOR DA PAZ”. O disco, reunindo canções de diversas procedências, cantou o amor ao Profeta em ritmos e textos diferenciados, apregoando suas virtudes e externando a saudade que ficou, de sua iluminada passagem pela terra!

Coordenado pelo Padre Rubens Almeida, de Vitória de Santo Antão, Pernambuco (ele próprio presente no CD com algumas canções), trouxe o canto e a poesia de vários compositores/cantores, eternizando um modo novo de saudar-se esse inesquecível Arcebispo, bem ao gosto de tantos que costumam louvar os santos de suas preferências através da Música.

Doze faixas formam o CD. Em duas delas é a voz do homenageado que se escuta, uma com a meditação "DIÁLOGO" e outra com o poema MARIAMA, escrito e declamado por ele, inicialmente, no LP "Missa dos Quilombos", de Milton Nascimento.

Tem também 10 canções, dos inspirados cantores/compositores/maestros que são:
* o Padre Campos (de Natal/RN) que criou o Hino do centenário - "O PASTOR DA PAZ";
* o Padre Antônio Maria (de São Paulo/;SP, com a música "DOM", em parceria com o maestro Jânio Santone;
* o Padre José Eduardo (de São Paulo/;SP), em parceria com o músico Carlos Lara, com a música "ACENDO UMA VELA",;
* o compositor e cantor Getúlio Cavalcanti (de Pernambuco), em parceria com o Padre Rubens Almeida, com o frevo "DOM DO CÉU";
* o Bispo Dom Manoel Edmilson, em parceria com a Irmã Maria de Fátima Santos (ambos do Ceará), com o forró "IRMÃO DOS POBRES";
* o compositor Nilton Santos (de Pernambuco), com a música "ENCONTRO DE IRMÃOS";
* e o Padre Rubens Almeida (de Vitória de Sto.Antão/PE), que criou uma composição nova ("VAMOS CELEBRAR"), regravou outra ("DOM DA PAZ") que está no seu 1º CD. gravado pela Paulus), musicou dois poemas de Dom Helder ("NÃO HÁ ACASO" e "UM OLHAR SOBRE A CIDADE") e coordenou a gravação do disco.

Feito com a ajuda do Governo de Pernambuco, através da FUNDARPE, o CD foi vendido, inicialmente (no dia do lançamento, em 07 de fevereiro), ao preço de R$ 5,00 (cinco reais). Hoje, disponibilizado na sede da CNBB Nordeste 2 (fone 81-3421.6075) e no Instituto Dom Helder Camara (81-3231.5341) e em livrarias católicas, custa R$ 10,00 (dez reais) e pode ser pedido também pela Internet, através dos endereços imprensa@cnbbne2.org.br e cedohc.org@hotmail.com.

É uma bela lembrança a ser guardada por todos, deste ANO DO CENTENÁRIO, que começou dia 07 de fevereiro de 2009 e só terminará dia 07 de fevereiro de 2010.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA DOS MILITARES - OLINDA


Localizada na Rua da Saudade – a que vai dar no cemitério de Olinda – a singela Igreja de São joão Batista dos Militares foi erguida na segunda metade do Século XVI, numa colina suave, sendo avistada de alguns lugares como se fosse um cartão-postal.

Sabe-se que foi este o único templo a ser inteiramente preservado do incêndio ateado pelos holandeses, em 1631. É possível que isso decorra do fato de ter ela pertencido à milícia (daí seu nome completo seja “São João Batista dos Militares”) e ela tenha servido como quartel-general para os invasores.

O interior é simples. No altar-mor da capela está o padroeiro – São João Batista – tão conhecido e venerado pelo Brasil afora mas tão pouco homenageado em igrejas com seu nome. Essa é, inclusive, a primeira a ter recebido essa denominação.

Na face exterior vê-se uma só torre e um interessante brasão, acima da porta central. Integra o belo conjunto de igrejas de uma Olinda que nasceu católica e, na Procissão dos Passos, é dela que parte a imagem da Virgem Maria, descendo a ladeira, para o encontro com seu Filho carregando a cruz, solene momento em que se dá o “sermão do encontro”, que avalia o papel de Maria no caminho do calvário.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

AVES DE FERNANDO DE NORONHA


As aves de Fernando de Noronha aparecem na literatura e na história desde 1503. Foi o navegador Américo Vespúcio que aportou no arquipélago pioneiramente, após o naufrágio nas proximidades da ilha, que falou das “aves mansas que vinham comer às mãos” e diz ainda como carregou para sua embarcação “um batel delas

Anos mais tarde, em 1556, Frei André Thevet repete essa afirmativa, falando também nas “aves mansas”, referindo-se aos náufragos de 1503 que “alimentavam-se das numerosíssimas aves que ali vivem.”

Frei Claude d´Abeville, frade francês navegador a caminho do Maranhão, passa 15 duas ali, em 1612 e fala também nas “aves mansas que vinham comer às mãos”, na obra “História da Conquista do Maranhão e terras circunvizinhas".

Essas referências comprovam a densidade da presença das aves no arquipélago, sendo um fator de referência histórica e uma atração para conquistadores, que incluíam essas aves na sua alimentação.

Cientistas e historiadores que visitaram o Arquipélago, para realizar estudos, sempre mencionaram as muitas aves que avistavam, deixando registros em obras publicadas nos séculos XIX e XX. A memória oral dos meados do século XX assinala costumes cruéis, como o uso da pele de algumas aves, como o mumbebo ou o rabo-de-junco, como ornamento, em golas, punhos, sandálias... Essa prática de abater-se aves (aqui usado como ornamento) já é mencionada e criticada por Rohan, no século anterior..

Na atualidade, ornitólogos dedicam-se ao estudo das aves noronhenses e registram esse saber em publicações importantes, prestando um importante serviço ao Arquipélago, com a identificação correta desse conhecimento, como Albano Schulz Neto (em 1995) e, mais recentemente, Robson Silva e Silva (em 2007), no excelente “Aves de Fernando de Noronha”, um trabalho completo e lindamente ilustrado, que coloca o tema no topo do conhecimento específico sobre Fernando de Noronha.

Vale a pena saber isso, claro!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

DOM HELDER EM FERNANDO DE NORONHA


Poucos sabem mas a capelania católica de Fernando de Noronha esteve sob a dependência de Pernambuco desde 1789, quando a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios foi, eclesiasticamente, ligada à Paróquia de São Frei Pedro Gonçalves, no Distrito do Recife, incluída na jurisdição da Diocese de Olinda (hoje, Arquidiocese de Olinda e Recife).

Depois, destruída a igreja recifense, a Paróquia da Madre de Deus absorveu a antiga paróquia extinta e foi a ela que a igreja noronhense foi ligada, situação que mantém até os dias atuais.

Ao longo dos tempos, existindo ali um presídio comum (até 1938), político (até 1942) e sendo após esse tempo um território federal militar, somente capelães militares passaram a assistir, esporadicamente, à comunidade católica insular, praticamente desligada da Arquidiocese à qual pertencia efetivamente.

Chegando Dom Helder Câmara à sua Arquidiocese em abril de 1964, 12 dias do golpe militar ocorrido, jamais teve ele permissão para visitar o espaço contido dentro de seus domínios eclesiásticos, só vindo a fazê-lo em 1988, quando era já Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, e o fez com a honrosa incumbência de inaugurar as obras de restauração da Igreja dos Remédios, concluídas em agosto daquele ano, ao findar-se o período de território federal civil. O encantamento do Dom pelo Arquipélago foi visível! No barco, contemplando o azul turquesa que o rodeava e nele vendo os adoráveis golfinhos, abençoou-os lentamente, de forma inesquecível!

Foram momentos surpreendentes, naquele agosto de 1988! E a visita se repetiria em 1992, quando ele viveu a alegria de lançar, para os noronhenses, a campanha na qual tanto se empenhou: “ANO 2000 SEM MISÉRIA” e, na Igreja, abençoar a réplica da imagem da Virgem dos Remédios, doada pelo santeiro Ellias Sultanum, sabedor do desaparecimento da imagem primitiva ainda na década de 1930.

A comunidade católica de fez presente na festa na quadra de esportes da Vila. Aplausos e orações foram a tônica daquela noite abençoada, quando o Profeta do século XX chegou ao espaço insular sobre o qual tinha direito e que lhe fora negado por tanto tempo...

Vale lembrar esses momentos no centenário de nascimento que estamos comemorando! Vale recordar Dom Helder em Fernando de Noronha, envolvido pela beleza e despertando corações para o amor a Deus e ao próximo!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

"EU TAMBÉM ME CHAMO "HELDER".


Uma das formas de comemoração do ANO DO CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE DOM HELDER CAMARA, que estamos vivendo, é uma busca para identificar pessoas que, pelo Brasil afora e até fora do País, tenham recebido esse nome abençoado, a partir do primeiro HELDER assim batizado, em 1909.

A iniciativa merece divulgação, para que a maior parte dos "Helders" existentes por aí sejam identificados, possam ser catalogados e incluídos no CADASTRO que está sendo organizado.

Envie seus dados para o Instituto Dom Helder Camara, no Recife, pelo e-mail
cedohc.org@hotmail.com, ou pelo fax 81 - 3231.5341. Informe:

1. Seu Nome
2. Data e lugar do seu nascimento
3. Endereço completo
4. Telefone(s)
5. E-mail
6. Diga ainda QUEM escolheu o seu nome e PORQUE o fez.

Assim resgataremos a importância de Dom Helder também pela expressão de tantas famílias, que quiseram assim batizar seus filhos, num tributo de amor ao inesquecível Profeta do século XX, que completaria um centenário de nascimento neste ano de 2009-02-09.

Se preferir, a ficha de identificação está publicada nos sites:
www.cnbbne2.org.br
www.catolicanet.com.br
e informada no blog de jamildo - jc.uol.com.br/blogs/blogdejamildo

Vamos descobrir quantos Helders existem por aí???

domingo, 8 de fevereiro de 2009

DEUS TE GUARDE, "HELDER" DE LUZ!



Quando foi, Helder, que o teu coração deu sinais de um chamado especial??? Eras uma criança, ainda... Nenhum dos teus irmãos sentiu a mesma inclinação que tu... Teu pai, preocupado, bem que tentou questionar-te e mudar o rumo que parecias querer dar à tua vida, padrezinho... Mas tu insististe, argumentaste, convenceste.

A partir dali, de asas camufladas, teu corpo franzino seguiu, escondendo o anjo que guardavas dentro de ti (era José, não era?) e os passos necessários foram sendo dados, nos estudos, nas reflexões, nos poemas que escrevias envergonhado, na sabedoria que demonstravas, mesmo sendo tão jovem.

A partir dali, a tua liderança foi ficando evidente e as lutas para que os direitos de teus companheiros de vocação fossem respeitados, tornaram-se constantes... Eras, desde então, o profeta que se abria para o mundo, ainda que o fosse nos limites do teu Seminário da Prainha, onde te fizeste padre, aos 22 anos e meio.

Quando o Ceará te recebeu como sacerdote, naquele distante 1931, não sabia que estava entre eles um padre iluminado, que haveria de marcar o seu tempo, a sua terra, a sua geração... Que se eternizaria pela vida afora e depois dela, permanecendo entre nós por tudo o que construiu, nessa estrada de amor e dedicação ao Pai.

Quem sabe se o teu Ceará nem se deu conta do quanto valias??? Quem sabe se, com a tua ida para o Rio de Janeiro, não carregaste contigo o teu profetismo, sendo até pouco lembrado pelos teus próprio conterrâneos? Mas é claro que milhares de cearenses amam e veneram tua memória, compensando a esquecida falta de lembrança de uns poucos, que nem chegaram a compreender-te!

Quando foi, Helder, que decidiste envolver, num abraço de ajuda e salvação, os excluídos que encontraste na “cidade maravilhosa”? Quando te sentiste inclinado a buscar gabinetes oficiais em busca de ajuda solidária, muito antes que outros a tivessem imaginado? Que inspiração sublime te levou a criar a Cruzada São Sebastião, a imaginaar um banco para pobres no Banco da Providência, a batalhar para que se fizesse o aterro do Flamengo e, no espaço criado, acontecesse o Congresso Eucarístico, absolutamente vitorioso?

Em que vigília da madrugada te veio a inspiração para que os Bispos do Brasil fossem unidos através de um instituição - a CNBB – crescendo e se fortalecendo pelas trocas entre espaços regionais de um país continental?

Que força impulsionou tua fala, no histórico momento daquele 12 de abril de 1964, recém-chegado à Arquidiocese de Olinda e Recife, para abrir o coração em meio à praça e disponibilizar-se para todos – absolutamente para todos – desassombradamente, instigando a muitos e encantando a outros, com a partilha que propunhas, entre irmãos que te acolhiam fascinados, mesmo na turbulência política que se fizera?

Em que tempo decidiste o fortalecimento da tua fé e dos teus sonhos pela oração e pela vigília, fazendo disso um costume rigidamente seguido, inspirador de poemas e meditações profundíssimas, tão sérias e tão tocantes, que ouvindo-te hoje dizer qualquer dos textos feitos e gravados, fica-nos a impressão que foi ontem que as escrevestes?

Deixa-me divagar, meu profeta pequenino, nesse centenário que chega, perguntando a ti, de coração contrito, as razões do meu amor tão grande, da minha saudade tão visível, do meu engajamento absoluto nas causas pelas quais lutaste tanto... Deixa-me expressar esse carinho, essa vontade de ver-te elevado à honra do altar, como um santo – onde já deverias estar, por merecimento – ouvindo e socorrendo teu povo sofrido, órfão do seu “bom pastor” , intermediador de causas possíveis e impossíveis junto ao Pai...

Deixa-me sonhar – como sonhaste tanto – que a PAZ é algo que se pode alcançar: basta querê-la e merecê-la! Deixa-me crer sempre – como ensinaste – que o homem é bom e pode fazer desse jeito de ser gente, a sua forma de contribuir para que exista um mundo mais justo e fraterno, espelhado no exemplo que deixaste e na esperança da qual foste o arauto solitário e forte!

Deus te guarde, “helder” de luz! Deus te guarde, “São” Helder!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

IDHeC e CNBB EM CAMPANHA PARA CATALOGAR BATIZADOS COMO "HELDER"


A comissão organizadora das comemorações do ano do Centenário de Dom Helder Camara (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB-NE2, Instituto Dom Helder Camara - IDHeC, Arquidiocese de Olinda e Recife - AOR e Universidade Católica de Pernambuco - por iniciativa do IDHeC, está lançando a campanha, "Eu também me chamo Helder", para identificar, no Brasil e no exterior, quantas pessoas receberam o nome "Helder" em homenagem ao Dom da paz.


Se você se chama HELDER, ou conhece alguem com este nome, preencha a ficha-modelo à disposição no site www.cnbbne2.org.br e remeta para o Instituto Dom Helder Camara, no Recife - cedohc.org@hotmail.com / fax 81-3231.5341, para fazer parte do cadastro do enorme número de pessoas que receberam este nome em homenagem ao saudoso Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, nascido em Forteleza/CE, em 1909 e falecido no Recife, em 1999, aos 90 anos de idade.

Assim resgataremos a importância de Dom Helder pela expressão de tantas famílias, que quiseram assim batizar seus filhos, num tributo de amor ao inesquecível Profeta do século XX, que completaria hoje um centenário de nascimento.

Vamos descobrir os HELDERs desde mundo?

FELIZ ANIVERSÁRIO, "SÃO" HELDER!




“Saudamos o grande dia
que tu hoje comemoras!
Seja a casa onde moras
a morada da alegria,
o refúgio da ventura!
Feliz aniversário!”
(Canção de aniversário,
de Villa-Lobos)




Feliz aniversário, meu Profeta! Feliz centenário, meu Trovador das madrugadas, meu Guerreiro da paz!

Recebe todas as homenagens que teus filhos - herdeiros do teu carisma e da tua força interior descomunal - querem prestar-te, neste 07 de fevereiro que chega e que foi preparado com todo o carinho e saudade, pelo mundo afora e aqui, pertinho, na terra onde viveste!

Feliz aniversário, meu Poeta, que versejou de forma tão própria e deixou-nos o legado desse dom, entre tantos outros dons!

Feliz centenário, meu Padrezinho encantado, merecendo hoje o especial abraço do Pai que, certamente, já te terá acolhido entre os braços, para agradecer a tua fidelidade de tantos anos de vida reta e a ousadia de iniciativas incomuns, ditadas pela tua fé e pela tua predestinada vocação guerreira!

Feliz centenário, meu "Irmãos dos pobres" inesquecível!

Feliz aniversário, “São” Helder!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE DOM HELDER



Chegamos à primeira semana de fevereiro, às vésperas de vivermos as emoções do centenário de nascimento de Dom Helder Câmara. Para homenageá-lo, muitas comemorações estão programadas e serão realizadas em Pernambuco, em outros lugares do Brasil e também fora do País.

Até agora, o Instituto Dom Helder Câmara já recebeu comunicações de ações que serão desenvolvidas ao longo deste ano, no exterior: Vejamos:

PROGRAMAÇÃO NA ALEMANHA - Sob a coordenação da Adveniat alemã:

· Um Seminário em parceria com a Miserior e a Universidade de Munster;
· Duas noites de leitura, meditação e música destinada à população, em parceria com a Faculdade Popular de Essen e a Casa de Formação;
· Exposição sobre Dom Helder, em parceria com a Associação Dom Helder - Memória e Atualidade, da França;
· Uma noite de programa de rádio sobre Dom Helder, em parceria com a Rádio da Diocese de Colônia;
· Publicação de Artigos sobre Dom Helder na revista trimestral Blickpunkt (“Ponto de vista”);
· Inclusão de textos de Dom Helder no site da Adveniat.

PROGRAMAÇÃO NA FRANÇA

Diversos atos estão sendo organizados pela “Associação Dom Helder - Memória e Atualidade”, sediada em Paris, sob a coordenação da José de Broucker,
Hoje, dia 1º de fevereiro, está sendo colocado no ar, o Web Site
www.heldercamara-actualites.org,

PROGRAMAÇÃO NO CANADÁ
Em Quebec, estão sendo organizadas, pelo clero local, homenagens canadenses para o Centenário de Dom Helder.

São realizações pelo mundo que evidenciam a importância do profeta que marcou o seu tempo!

PALAVRAS DO PROFETA


O RUÍDO


O que impede de ouvir

a voz de Deus

não é, do modo algum,

o vozerio dos homens,

o trepidar das cidades

e, ainda menos,

o agitar dos ventos

ou o mar alto das águas...

O ruído

que abafa de todo

a voz divina,

é o tumulto interior

do amor próprio que estremece,

das desconfianças que se agitam,

da ambição que não dorme...


(Helder Camara / 1970)