segunda-feira, 29 de junho de 2009

SÃO PEDRO - O PADROEIRO DOS PESCADORES

Ele nem sempre foi fiel.
nem sempre agiu com prudência e mansidão,
como o Mestre que o chamara.

Rasgos de generosidade e completa entrega à missão.
fizeram dele um líder preferido,

a quem o Senhor teve a coragem
de entregar as “chaves do Reino”...

Ele, PEDRO.
O humilde pescador que atendeu, pressuroso,
Ao chamado daquele galileu de olhos marcantes
E disse SIM, ao convite que lhe fizera.

Ele é o homem que largou suas redes e sua vida
para seguir o homem que o convidada para ser
“pescador de homens”.

Ele é a “pedra”, a “rocha” onde vivia a ser implantada,
Eternamente, a Igreja constituída por Jesus,
Assumindo o papel que lhe coube,
No comando dos outros que o Mestre chamara...

Ele, o 1º Papa, o 1º líder, o 1º fiel seguidor,
Mostrando ao mundo que, mesmo errando algumas vezes,
O homem precisa se erguer, pedir perdão e recomeçar,]
Para a glória daquele que confia
E entrega – ao ser limitado que é o ser humano –
Um rebanho para ser conduzido,
Certo de ter acertado ao fazê-lo.

Salve, São Pedro, pescador de homens. Amém!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

ÍNDIOS EM FERNANDO DE NORONHA


Não há tradição da presença de ÍNDIOS em Fernando de Noronha. Desde o seu descobrimento, em 1503, ninguém ocupava o Arquipélago, como ocorria no continente, que foi sendo desbravado e, por todos os lugares da Mata Atlântica, tribos resistiam à chegada do colonizados português, como ocorreu também na América-espanhola.

Somente em 1755 há o registro de envio de 30 índios, em meio aos tantos presos mandados para o presídio lá instalado. A informação é dada por Dom Domingos de Loreto Couto. Alguns anos mais tarde, em 1768, Pereira da Costa afirma que a população da ilha era de 389 pessoas, inclusive um certo número de índios, cuidando da agricultura.

Oficialmente, 10 índios teriam sidos levados para a ilha em 1788, autorizados pelo governador da Capitania de Pernambuco, para realizarem trabalhos na lavoura, recebendo, inclusive, salário para isso.

No século seguinte, em 1819 – o governador em Pernambuco Luis do Rêgo Barreto, fez gestões para enviar a Noronha índios moços e de boa conduta, das aldeias de Cimbres e de Escada, prometendo-lhes “a dádiva de terras de propriedade exclusiva, que passariam a seus descendentes, sem ser considerada como propriedade comum”, sendo-lhes concedida passagens e ração por um ano para cada um e sua família”. A ida foi especificamente para trabalhos com a terra e, um ano depois, em 1820, sabe-se já havia ali 79 índios ocupados na ilha com a agricultura, certamente remanescentes daqueles indígenas voluntários de Cimbres e Escada, mandados no ano anterior. Em 1828 já eram 102 índios em Fernando de Noronha, sempre atuando sobretudo, nas atividades agrícolas.

O tempo levaria consigo o destino seguido pelos índios noronhenses... Não há mais registros de envio de outros, nos séculos que se seguiram. É até possível que eles se tenham multiplicado, constituído família com presos e correcionais ou abandonado o seu posto de ação, deixando o registro da sua presença nos escritos que trazem à luz essa tão importante informação,: não havia INDIOS nos primórdios da história insular brasileira e não há, nos nossos dias. Eles são lembrança e povoam o imaginário de gente dos dias atuais, inclusive de escritores que romanceram a existência de índios especiais, guardiões do tesouro presente no excepcional ambiente natural de Fernando de Noronha. Foi assim que imaginou o escritor pernambucano Abdias Moura, no seu belo livro “O segredo da ilha de pedra”. Fez muito bem!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

DIA DE SÃO JOÃO

A noite é muito fria.
Uma chuvinha miúda cai, fininha, fininha...
Fria noite de um junho esperado,
ardorosamente antecipado
nas bandeirinhas que se haviam multiplicado
e nas correntes de papel
que balançavam ao vento.

Seis horas.
Repete-se o ritual tão antigo e doce:
acendem-se as fogueiras!

Uma nuvem de odor forte domina os sentidos
e desperta gulosos paladares insaciados.

Lentamente,
o fogo doura carnes em espetos,
e tenros milhos, e batatas-doces...

Aos ruídos dos fogos
juntam-se vozes infantis que cantam
e vozes adultas que seguem essa alegria simples,
revivida, repetida, recriada, rememorada
no eterno São João brasileiro
com gosto de festa inesquecível!
(Publicado no meu livro "Cantando o amor o ano inteiro" - Paulinas, 1986)

domingo, 21 de junho de 2009

PALAVRAS DO PROFETA


"Basta que
um botão erre de casa
para que o desencontro
seja total
."
(Dom Helder Camara)

terça-feira, 16 de junho de 2009

O PATRIARCA NORONHENSE SE FOI...


Fernando de Noronha acaba de perder um filho ilustre... Um homem que ali chegou em 1957, integrando um grupo de pescadores do Pina, no Recife, com a missão específica de “abastecer o Recife de peixes, na Semana Santa”.

Foi essa a motivação que levou SALVIANO DE SOUZA para o Arquipélago, como experiente pescador que era, membro da Colônia Z-1 do Recife. E, lá chegando, coube-lhe uma tarefa extra, ditada pelo coração de evangélico: reunir-se com seus irmãos cristãos, de diversas denominações, fazendo renascer a Igreja Evangélica na ilha, vencendo a barreira quase invisível da aceitação dos crentes para o exercício soberano de sua religiosidade.

E ele ali ficou. Veio inúmeras vezes ao continente e voltou sempre, cada vez mais integrado à comunidade ilhéu, mesmo nos difíceis tempo da longa presença militar na ilha. Ali acabou de criar a prole tão grande (28 filhos, ao todo). Ali liderou movimentos e foi escolhido para presidir associações. Ali envelheceu esse sábio e enternecedor homem, até a idade ir chegando, seus cabelos embranquecendo... Até sua vida terminar, neste junho que vivemos.

O Patriarca Salviano se foi. Seus 52 anos vividos em Fernando de Noronha ficam na saudade de todos que experimentaram, com ele, trocas afetivas. Sua experiência de vida também, na lembrança da forma sábia com que abordava quase todos os assuntos, nas argumentações costumeiras que até causavam espanto, pela forma coerente com que ele defendia seus pontos de vista.

Ficou a marca desse quase centenário homem, noronhensizado pela vida e pelo amor ao lugar que escolheu para viver e morrer.

Que ele descanse em paz. Amém.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

DIA DOS NAMORADOS


A chama do amor
brilha - como uma vela -,
iluminando os espaços por onde seguem
aqueles que se encontraram, um dia
e fizeram desse amor
a verdade maior de suas vidas!

Namorados:
alimentem essa “chama
pela vida afora...
E que Deus os ajude a serem LUZ
para todos aqueles
que partilharem de suas vidas!


quinta-feira, 11 de junho de 2009

TURISMO RELIGIOSO EM OLINDA


Começa a ser organizado, em Olinda, um movimento em prol do Turismo Religioso, com vistas a divulgar intensamente as datas e celebrações do calendário religioso, numa linha interreligiosa, que valoriza toda e qualquer manifestação dessa natureza.

Claro, muitas iniciativas foram tentadas num passado muito próximo. A maioria delas privilegiou os atos da Igreja Católica Romana, sobretudo destacando Procissões, Concelebrações Eucarísticas solenes em datas especiais, Vigílias, Novenas, entre tantos... Mas agora, o que se quer é organizar-se em definitivo um “Calendário Religioso”, partindo-se das muitas experiências vividas e dos muitos trabalhos de dedicados pesquisadores.

Na verdade, o Turismo Religioso é hoje um forte segmento dessa aventura deliciosa que conduz gente de um lado para o outro, em busca de conhecimento, espiritualidade, mergulho dentro de si mesmo. E isso traz divisas econômicas, no mundo inteiro.

Quantos se deslocam para Olinda para rezar diante do túmulo de Dom Helder, na Catedral da Sé? Quantos seguem, fervorosos, a Procissão dos Passos, antecedendo a Semana Santa, com a curiosidade de quem quer apenas admirar os Nichos seculares existentes pelo caminho? Quantos vão em busca das oferendas feitas no mar pelos Babalorixás, nas solenidades do Candomblé? Quantos sobem até o Morro do Peludo, para rezarem no Santuário da Mãe Rainha, em cada dia 18 do mês? E outras, outras, outras...

Em boa hora essa vertente turística é considerada. O 1ºC Fórum já aconteceu, recentemente. Pede-se que ele seja permanente, para troca de experiências e busca de novos parceiros.

Que ela venha fortalecer a fé daqueles que vivem e dos que visitam Olinda! Isso é o que ansiamos!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

FRANCESES EM FERNANDO DE NORONHA - outros dados

Falamos aqui da presença francesa em Fernando de Noronha, com a instalação de uma base de apoio à navegação comercial, que dava seus primeiros passos para a fixação de um roteiro fixo entre a Europa e o Brasil, com os serviços do Correio Sul.

Há uma outra presença, também de franceses, que se estabeleceria em 1914, com o Cabo Francês, depois de lhe ter sido sub-rogado a antiga “Compagnie des Cables Sud-Americais” que se havia instalado em 1893, (estação de cabos submarinhos ingleses “Índia Rubber”, outrora “South American Cables Limited”), para continuarem a prática da cabografia transoceânica.

Nessa nova
fase de comando, a base do Cabo Francês foi implantado num chalé localizado no centro histórico da Vila dos Remédios., ao lado da Aldeia dos Sentenciados/Presídio Feminino. No seu Interior, ficavam os instrumentos utilizados na telegrafia a cabo.

As primeiras equipes e os diretores do Cabo Francês eram franceses. Na década de trinta, aos poucos, brasileiros passaram a atuar no Arquipélago, alguns dos quais tornaram-se muito amigos dos que viviam ali, inclusive vendo crescer seus filhos na ilha.

Também na década de trinta os problemas estruturais com a casa que ocupavam, na Vila, levou os franceses a entenderem-se com os italianos que, à essa altura, também viviam na ilha, com trabalhos semelhantes. Daí – já na década de quarenta - os dois grupos passaram a ocupar o mesmo casarão na praia da Italcable.

Foram os técnicos do Cabo Francês e da Rádio-telegráfica de Fernando de Noronha que ficaram em contato permanente quando da travessia do Atlântico pelos pilotos italianos Arturo Ferrarin e Carlo del Prete, no avião Savoia Machetti, em 06/08/1928, ajudando-os na travessia, um feito notável, para a época

O que se sabe, com absoluta certeza, é que foram os franceses os mais presentes na ilha, em todos os tempos, tanto nos períodos em que sonharam fazer dela o seu ponto avançado no Atlântico (como sua “Ile Delphine”), invadindo-o e tomando posse dela, como nos tempos mais próximos, quando vieram para ajudar, para serem cooperadores técnicos, por anos a fio...

Essa história ainda precisa ser conhecida...
Fotos:
1 - Telégrapho Submarino Franceses, 1929 - doação: Genaro Pinheiro
2 - Demóstenes Aguiar, diretor em 1934, no Interior do Cabo Francês - doação: Délia Aguiar.
3 - Monsieur Violet, diretor no começo da década de 1930 - doação: Cristiane Violet

domingo, 7 de junho de 2009

PALAVRAS DO PROFETA


"Existem pessoas que são como a cana:
mesmo postas na moenda, reduzidas a bagaço,
só sabem dar doçura."
(Dom Helder Camara)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

EPOPÉIA FRANCESA EM FERNANDO DE NORONHA


Um avião da Air France desapareceu, recentemente, a certa distância de Fernando de Noronha. O mundo se uniu para procurar causas, evidências do que parecia – e veio a se confirmar – uma tragédia.

O curioso desse acidente foi ter ele ocorrido tão próximo do lugar onde – em 1927 – os aviadores franceses vieram se instalar, para prestar socorro técnico aos hidroaviões que amerrissavam naquelas águas.

Foi a Compagnie Genèrale Aeropostale - uma das precursoras da Air France - que se instalou na extremidade da ilha principal, na região que até hoje é chamada exatamente assim: “Air France”. Era o ano em que a antiga Lateocoère (1ª empresa comercial francesa de aviação, criada em 1918) tinha sido reformulada, para expandir sua ação e prestar apoio ao Correio Sul que se iniciava. E a decisão foi instalar-se em meio ao oceano Atlântico, na ilha de Fernando de Noronha.

Na região escolhida, três edificações foram erguidas, com todo o conforto possível, inclusive com geração própria de energia de ventos, farto armazenamento d´água, excelentes banheiros e uso de “frigidaire” (geladeira) quando, no arquipélago, - quando somente os italianos, também instalados ali para serviços de cabografia transoceânica -, tinham essas regalias. Havia ainda uma Rádio Emissora que garantia a orientação necessária.

Esse espaço acolheu famosos aviadores franceses, como Jean Mermoz, Saint-Exupèry, Debry, Jean Gerard Fleury, este último responsável pelo resgate histórico de toda a epopéia da aviação francesa e a divulgação desse trabalho em diversas obras publicadas pelo companhia aérea Air France.

O 1º avião terrestre com escala transoceânica foi o “l´Arc-en-ciel”, em 14 de junho de 1934. O terreno se revelando impraticável como escala, trouxe o “l´Arc-en-ciel” no mesmo dia para Natal. Alguns vôos aconteceram durante algumas semanas em “Fokker”, para melhorar a rapidez do correio entre Noronha e Natal: trajeto Dakar – Noronha. A Estação de Rádio funcionou até 1940 e também durante a 2ª Guerra, com viagens dos aparelhos entre as Américas e a África.

A base da Aeropostal / Air France de Fernando de Noronha prestou auxílio aos hidroaviões e aviões que procuraram o arquipélago para apoio e solução dos problemas técnicos com seus aparelhos de vôo. Ela existiu para que - no mar próximo a ela -amenisassem os seus aeroplanos e se fizesse o transporte postal entre o continente europeu e o americano, com o apoio dos “navios de avisos”, fundeados nas proximidades da ilha, equipados com estações raioganiométricas, fornecendo rotas seguras mesmo à noite. Depois, essa atividade continuou a ser desenvolvida com aeronaves que aterrisavam na pista de pouso feita, a pedido da Companhia, pelo Departamento de Aeronáutica Civil.

Hoje grande parte do patrimônio construído não existe mais. Na única casa que resta – chamado “Espaço Cultural Air France” – funciona a Associação de Artistas e Artesãos Noronhenses. Uma requalificação que transformou em Cultura o que foi epopéia e história.

Fotos: acervo do "Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha". Doação: Oswaldo Lacoste
  • amerissagem de hidroavião francês
  • região da Air France
  • o diretor operando instrumentos.