sábado, 28 de novembro de 2009

FINAL DE ANO REPLETO DE HOMENAGENS!


Em clima de homenagem o ano de 2009 termina com três diferentes momentos de reverência e carinho, na realização de eventos que marcam o centenário de nascimento de Dom Helder Camara, tão profundamente comemorado. Três momentos bastante significativos ocorrerão, em reverência ao profeta do século XX:

Na tarde do dia 1º de dezembro inicia-se, na Livraria Cultura, no Recife, o Seminário “HELDER – O HOMEM, O DOM, O REVOLUCIONÁRIO - VOZ, IDÉIAS E AÇÕES”.

Durante três dias (de 1º a 03/12) interessados e palestrantes rememorarão “O Homem, o Político, o Santo Revolucionário”; seus “Sonhos, desejos e realizações: seu legado”; sua palavra, a força do seu pensamento: a repercussão e efeitos das suas idéias." Filmes e documentários completarão esses momentos de aprendizado e de saudade,

O Seminário se inclui mas homenagens da Prefeitura de Cidade do Recife a Dom Helder, escolhido para ser reverenciado no NATAL DA PAZ de 2009. na capital pernambucana.

Também nesse dia 1º de dezembro, à noite, dois eventos muitos especiais acontecerão, um no Recife e outro em Olinda:

No Recife, no Museu do Estado de Pernambuco, às 19h, será o lançamento do livro ENTRELINHAS, reunindo poemas do grande poeta pernambucano Carlos Penna Filho, com anotações poéticas de Dom Helder, feitas de próprio punho, e primorosas lustrações de doze artistas pernambucanos renomados, num lançamento do Governo do Estado

Em Olinda, acontecerá a inauguração do Salão de Leitura, Cultura e Lazer “Dom Heder Camara”, da Biblioteca Pública de Olinda, com a abertura da Exposição “Dom Helder – Memória e Profecia do seu Centenário – 1909 / 2009”, que será feita pelo Arcebispo de Olinda e recife, Dom Fernando Saburido..

É, sem dúvida, um belo final do ano em que a memória de Dom Helder foi a tônica maior para o povo pernambucano, repercutindo e despertando outras tantas homenagens pelo Brasil e pelo mundo afora. Que bom!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

PERNAMBUCO FEZ BONITO...


Numa festa bonita e marcada pela emoção aconteceu a entrega da “ORDEM DO MÉRITO CULTURAL 2009”, a 50 personalidades que se destacaram em diversos campos da cultura, tanto no Brasil (a maioria) como em países de língua portuguesa, neste 25 de novembro passado.

A festa foi no Rio de Janeiro. Comitivas se deslocaram dos muitos recantos do Brasil e do mundo para viverem o inesquecível momento de serem agraciados, diante de uma platéia vibrante e diversificada e contando com as honrosas presenças do Presidente da República, dos Ministros da Cultura e dos Direitos Humanos e do Prefeito do Rio.

Pernambuco fez bonito... Diversos segmentos da cultura pernambucana mereceram destaque e fizeram por merecer a inclusão na seleta lista dos contemplados com essa honraria.

No palco e na platéia estavam representantes do BALÉ POPULAR DE PERNAMBUCO, do MAMULENGO SO-RISO (de Olinda), do MARACATU ESTRELA DE OURO (de Aliança), do MESTRE VITALINO (de Caruaru, in memoria) e dos artistas plástico PAULO BRUSKE e GILVAN SAMICO.

Nas imagens projetadas, cenas de cada um desses agraciados, mostrando o trabalho que fazem e que os tornou merecedores da homenagem. No palco, a arte e agilidade dos passistas do Balé Popular. No coração dos tantos pernambucanos ali presentes, o orgulho de saberem-se conterrâneos de tanta gente talentosa e criadora da beleza.

CULTURA é isso: a diversidade na criação, as muitas formas de expressar-se, a eternização no saber construído, a beleza na herança que fica para a posteridade. Pernambuco é CULTURA! Pernambuco é MÉRITO CULTURAL!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O ENCANTO QUE VEM PELO MAR...


Mais uma vez Fernando de Noronha recebe turistas que chegam pelo mar, experimentando a viagem para o Arquipélado embarcados em um transatlântico... Desta feita, é o ORIENT QUEEN, navio de origem grega, que atravessa o oceano, para deliciar pessoas na re-descoberta do encanto que é navegar...

São quase vinte anos da prática dessa persistente forma de ir tão longe, oferecendo a aventura do lazer pelo mar e a abordagem da ilha como era feita no passado mais remoto de sua história. Cerca de 600 pessoas terão essa oportunidade.

Foram muitos os navios fretados, nessas duas décadas de navegação rumo ao paraíso. Funchal, Vasco da Gama, Renbrandt, Princess Danae, Pacific, Blue Dream... Navios que abriram os caminhos, desde dezembro de 1990. E agora a saga continua, nesse que cumprirá a temporada atual.

É uma delícia chegar em Fernando de Noronha em navio! Uma aproximação lenta, um "descobrimento" que vai acontecendo, nas primeiras horas da manhã, quando o sol ilumina as suaves elevações do espaço insular que se oferece e o mar - de intenso azul - desperta emoções poucas vezes experimentadas!

A temporada deste ano começou neste novembro. Prosseguirá até março de 2010. Muitos viverão a experiência inesquecível, feita dentro de um rígido e necesário controle ambiental, para que nada seja danificado e sim usufruido, nessa positiva "troca" entre o homem e a natureza que, certamente, deixará lembranças inesquecíveis, como aconteceu em temporadas passadas!

Bem-vindo, navio Orient Queen! Você chega para realizar sonhos e oferecer esperanças!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ORAÇÃO À BANDEIRA

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pela esperança que representas
em teu verde pano a tremular ao vento.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
porque me lembras as riquezas ocultas
no coração deste País imenso.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pela idéia de portares
um céu estrelado no teu centro.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pelas lembranças que trago no coração, desde menina,
nas muitas vezes em que te vi assim, tão perto.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pelos gestos heróicos de tantos soldados anônimos,
quando tremulavas em meio a batalhas dolorosas.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pela paz que simbolizas, quando te ergues, magnífica,
nos mastros espalhados por esse imenso Brasil.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
por todos os momentos em que precisaste cobrir a dor
e significar o luto por entes queridos, chamados por Deus.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pelas mãos infantis que te conduzem, frágeis e pequeninas,
em desfiles escolares de significação profunda
para o futuro de um grande País, como o nosso.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pelo carinho das mãos que teceram teu pano,
pelas mãos de todos os que trabalham
para que o Brasil seja mais rico, mais forte e mais feliz.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pela esplendorosa natureza que simbolizas,
desta terra tão plena dos favores de Deus.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
porque sou brasileira e creio no meu país,
com a mesma fé trazida do berço que tive
e igual amor no coração.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra,
pelo carinho antigo que trago adormecido no peito,
desde pequenina,
quando te conduzia sem compreender o quanto significavas,
no silêncio de pano desfraldado ao vento,
testemunha muda, sempre presente,
nas horas felizes ou amargas,
deste povo que caminha inspirado no dístico que portas,
como mensagem de ordem e de progresso para todos.

Eu te saúdo, Bandeira da minha terra!
Eu te saúdo, Bandeira do meu Brasil!

(Publicado no meu livro “Cantando o amor o ano inteiro” – Paulinas, 1986)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

ANIVERSÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE



Hoje é uma outra data especial para Olinda, embora muitos poucos se lembrem dela. Foi em 16 de novembro de 1676 que criou-se a DIOCESE DE OLINDA, muito tempo mais tarde transformada em ARQUIDIOCESE, tendo o Recife a ela unida. O instrumento de criação foi a Bula Papal "Ad sacram Beatri Petri", do Papa Inocêncio XI.

A Prelazia de Pernambuco
havia sido criada em 15 de julho de 1614 pela Bula Fasti novi orbis do Papa Paulo V. Em 06 de julho de 1624 o Papa Urbano VIII, com a Bula Romanus Pontifex, a constituiu sufragânea da então Diocese de São Salvador da Bahia. E em 1676 nascia a Diocese de Olinda, autônoma, tendo a Igreja da Sé como sua Catedral o o Santíssimo Salvador do Mundo.como seu Padroeiro (e Padroeiro de Olinda também).

Séculos mais tarde - em 5 de dezembro de 1910
- a Diocese foi elevada à Arquidiocese e Sede Metropolitana pelo Decreto da Sagrada Congregação Consistorial e, pela Bula Cum urbis Recife, do Papa Bento XV, de 26 de julho de 1918, passou a denominar-se Arquidiocese de Olinda e Recife - (Archidioecesis Olindensis et Recifensis) - título que tem até os dias atuais.

A Catedral da Arquidiocese continua a ser em Olinda, na Igreja da Se; a có-catedral está no Recife, na Igreja de São Pedro dos Clérigos. Nas duas igrejas são programadas as celebrações oficiais da AOR.

O primeiro Bispo foi Dom Estevão Brioso de Figueiredo, que esteve no cargo de 1677 a 1683. Dom Luis Raymundo da Silva Brito, estava à frente da Diocese desde 1901, quando tornou-se Arquidiocese. Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra foi o Arcebispo da época da anexação do Recife à Arquidiocese, em 1918.

Um Arcebispo destacou-se dos demais, no século XX: Dom Helder Camara, que assumiu em 1964 e tornou-se emérito em 1985. O atual Arcebispo Metropolitano é Dom Antônio Fernando Saburido.

A Arquidiocese de Olinda e Recife pertence ao Conselho Episcopal Regional Nordeste II, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB NE2.

Parabéns para nossa Arquidiocese!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

FERNANDO DE NORONHA MAIS UMA VEZ ÁREA DE DEFESA NACIONAL

Está em curso uma grande movimentação naval que implantará, no Brasil, um sistema grandioso. que funcionará como um grande centro de operações. Radares de longo alcance deverão ser instalados no litoral, em pontos diversos, como parte do planejamento estratégico pensado e um deles será implantado em Fernando de Noronha, como o serão também na área do “Cabo Calcanhar” (próximo a Natal/RN, na Bacia de Campos, na Bacia de Santos e na fronteira marítima sul.

Isto é anunciado na Imprensa como o megaempreendimento que integra o planejamento da Estratégia Nacional de Defesa do País e que vem sendo expandido pouco a pouco, iniciado com a montagem de esquadras da Marinha em pontos estratégicos, sendo a primeira dessas no Rio de Janeiro e a segunda prevista para ter como base às águas da Ponta da Espera, na Baía de São Marcos, em São Luís/MA.

Não é de hoje que o Arquipélago noronhense é incluído como ponto importante no rastreamento e defesa do litoral, tendo sido, inclusive, base de apoio na II Guerra Mundial (de 1942 a 1945), período em que contou com um efetivo de três mil brasileiros e cerca de trezentos americanos, esses instalados na ilha, na região entre a Baía Sueste e a Praia de Atalaia.

Anos mais tarde, a corrida espacial novamente fez de Fernando de Noronha um espaço de defesa, no rastreamento de mísseis teleguiados, com doze pontos de observação montados a partir do Cabo Canaveral (nos Estados Unidos) até a ilha de Ascensão, no Brasil, sendo o 11º ponto exatamente o “Posto de Observação” noronhense.
As duas iniciativas duraram pouco tempo, modificaram parte do espaço insular, receberam americanos para trabalhos específicos, nos quais pouquíssimos residentes tiveram a chance de participar e, quando o fizeram, foi sempre em atividades simples de apoio, sem nenhum envolvimento com quaisquer dos planos em curso, para os quais uma enormidade de equipamentos foram trazidos para lá.

Da Base Americana de Guerra resta muito pouco da enorme estrutura construída, composta de barracões para moradia, serviços e lazer. Parte da área veio a ser usada para a vila da Aeronáutica, com o seu Departamento de Proteção ao Vôo. E resta o aeroporto, construído pelos americanos – o 2º que o Arquipélago mereceu receber – hoje ampliado e modernizado.

Do Posto de Observação de Mísseis Teleguiados resta a área do Boldró, com alguns dos seus barracões (chamados de “iglus” pelos noronhenses, pela sua estrutura arredondada), onde já se implantou o Hotel Esmerada (desativados nos nossos dias) e os serviços de geração de energia – Usina Tubarão - e controle do abastecimento d´água.- a Estação de Tratamento Piraúna.

É natural que, pensando-se mais uma vez na Defesa Nacional, aquele pedaço avançado de Brasil no oceano não seja esquecido, embora seja ele hoje lembrado muito mais como um lugar paradisíaco, onde convivem residentes, oriundos das muitas destinações dadas ao espaço insular, com visitantes que chegam de todas as partes, formando um contingente humano grande, diversificado, que exige a manutenção. Vejamos o que o futuro nos reserva...
Fotos: "Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O "1º GRITO DE REPÚBLICA NO BRASIL E NAS AMÉRICAS


Hoje é feriado em Olinda. Nesta data celebramos o “1º Grito de República” do Brasil e das Américas, dado pelo Sargento-Mor Bernardo Vieira de Melo, no dia 10 de novembro de 1710, no Senado da Câmara de Olinda.

Diz a história que aquele que fora governador do Rio Grande do Norte e vitorioso nas batalhas contra os Quilombos dos Palmares pretendia, com o seu brado, propor a independência de Pernambuco e foi o ato concreto e pioneiro de um movimento revolucionário e agitador contra o rei de Portugal. Com isso, ele se tornou o precursor dos movimentos libertários no Brasil, quase um século antes da Inconfidência Mineira.

O Senado da Câmara era um imponente casarão do século XVII, hoje em ruínas, localizado no sítio histórico olindense, na rua que hoje leva o nome do herói do “10 de novembro”: Rua Bernardo Vieira de Melo. Pela espessura incomum das paredes as “Ruínas do Senado” deixam perceber a importância que tinham, no espaço urbano de então, infelizmente deixado ao abandono pelos homens daquele tempo. E o heróico fato está gravado na “estrela” que lhe serve de indicadora do fato, com os dizeres:

“Aqui, em 10 de novembro de 1710,
Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito
em favor da fundação da República entre nós”.


E é hoje o dia em que se iniciam as comemorações dos 300 anos do legendário momento histórico, a ser celebrados em 2010. Uma festa cívica reunindo a Câmara de Vereadores, escolas municipais, estaduais e particulares, Escola de Aprendizes Marinheiros, Exército (representado pelo 7º GAC e pelo 14º Batalhão de Artilharia), Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Agremiações Carnavalescas, num grande desfile pelas ruas do Sítio Histórico capitaneado pela Prefeitura de Olinda e pelo Instituto Histórico de Olinda, guardião desta data, tendo promovido reverências há anos, sempre no singelo monumento em ruínas que identifica o feito.
O 1º Grito de República do País aconteceu em Olinda cerca de 70 anos antes da Revolução Francesa e 60 anos antes da independência dos Estados Unidos.

Quem foi Bernardo Vieira de Melo?

Nascido em Jaboatão, em Pernambuco, na segunda metade do século XVII, foi rico proprietário rural, senhor de engenho, cavaleiro da Casa Real, Sargento-Mor da Capitania de Pernambuco, portador do hábito de Cristo e Governador do R. G. do Norte. Casou-se duas vezes, a 1ª com D. Maria de Barros, com quem não teve filhos e a 2ª com Catarina Leitão, com quem teve quatro filhos, um dos quais - André Vieira de Melo – estaria ligado à sua vida atribulada, sendo preso com ele e morrer, pela causa que abraçara.

Serviu a Pernambuco por mais de 25 anos, como Capitão de Infantaria das Ordenanças, Capitão de Cavalaria. Sargento Mor e Tenente Coronal, sempre ligado aos mais marcantes acontecimentos das províncias brasileiras. Foi Vereador da Vila d´Olinda e Juiz e Capitão-Mor da Vila de Igaraçu. Foi nomeado por El-Rei, Dom João V o comandante do Terço dos Palmares.

Após os feitos de 10 de agosto de 1710, Bernardo Vieira de Melo foi preso e enquadrado nos crimes de inconfidência, por querer um Brasil livre. Juntamente com seu filho, André, foi recolhido ao Forte do Brum, no Recife e daí embarcado para Lisboa, em 28 de julho de 1712. Lá, foram os dois recolhidos na Torre de São Julião e, mais tarde, transferidos para a prisão de Limoeiro, onde morreu, em 1713. Seus restos mortais estão depositados no Mosteiro do Carmo, em Lisboa.

Em 1981, o Prefeito Germano Coelho, por Decreto da Prefeitura de Olinda, concedeu a Bernardo Vieira de Melo o título de “Precursor da República no Brasil e nas Américas", título que corresponde àquele dado a Tiradentes, com relação à Inconfidência.

O Hino de Pernambuco, no seu verso de nº 04, registra o fato histórico, no poema que diz:

A República é filha de Olinda
Alva estrela que fulge e não finda
De esplender com seus raios de luz.
“Liberdade”, um teu filho proclama:
Dos escravos, o peito se inflama
Ante o sol dessa terra da Cruz!”

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

UMA GRANDE PERDA BENEDITINA


A Ordem das Beneditina Missionárias perdeu, mês passado, uma das suas mais importantes mestras: a Irmã Visitatio Lemos Gibson, que educou gerações na sua longa e tão proveitosa vida.

Desde jovem, ela escolheu o difícil caminho de ajuda aos necessitados de pão e da palavra, mobilizando legiões de alunas adolescentes, para caminharem por alagados e por áreas degradadas, levando às crianças e adultos o conforto da mensagem do Evangelho e a ajuda material, deflagrando campanhas que dessem forma aos seus sonhos de missionária. Por onde passava, com seu séquito de meninas de classe média e alta, era o exemplo maior da dedicação a esse trabalho de evangelização e fortalecimento da fé.

Professora, mestra de classe, catequista, orientadora pedagógica, Irmã Visitatio foi sempre uma pessoa engajada, acima do seu tempo, que abraçava causas verdadeiras, como o fez com a Juventude Estudantil Católica (JEC), apoiando aquelas que descobriam a fortaleza do espírito ao se engajarem no Movimento, mesmo que tivessem de viver uma relação marginal dentro das escolas, a maioria ainda distantes da compreensão do verdadeiro significado daquela profunda e nova forma de ser Igreja.

Depois, longe das salas de aula, saiu por aí dividindo sua rica experiência com muitos, como palestrante, como ajudadora de comunidades e de grupos, promovendo encontros e sessões de estudo, como o fez, de forma abrangente, na Associação Missionária Amanhecer (AMA), no Recife. Até a Fernando de Noronha ela levou seu entusiasmo e conhecimento, sendo elaboradora - em conjunto com um ministro evangélico – da Proposta Curricular de Religião para a Escola, em 1986, a convite do Projeto Esmeralda - de apoio educacional àquele território federal, mantido na UFPE. Sem dúvida, um avanço nas relações ecumênicas entre cristãos...

Ultimamente, era difícil crer que ela já passara dos oitenta anos e continuava a ser a mesma religiosa devotada e fiel, partilhando seu saber e sua vivência.Trabalhou enquanto lhe restaram forças. Só se afastou das atividades a que se obrigava quando o peso dos anos impediu-a de continuar lutando... E preparou-se para a grande viagem, serena e forte como sempre, sem nem mais se aperceber do quanto foi importante a vida que escolheu viver, pelas estradas da dedicação e ajuda aos excluídos.

Agora, a Irmã Visitatio (a “Madre Visitatio” como a chamávamos) se foi, neste sete de setembro passado... E é hoje, certamente, um anjo de luz, velando por aqueles a quem tanto quis ajudar, na longa trajetória de vida que viveu.
Sua bênção, madre!
......................................................................................................

Publicado no Jornal do Commercio, no Recife, em 25.10.2009,
por Marieta Borges Lins e Silva, ex-aluna beneditina

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

IGREJA DA SÉ - CATEDRAL DO ARCEBISPADO DE OLINDA E RECIFE


Segundo uma lendária referência, “numa disputa entre colonizadores e gentios, um risco foi feito no chão e dado o aviso que todo o índio que passasse daquela marca haveria de morrer. E os que passaram caíram mortos. E neste lugar se edificou o suntuoso templo do Salvador, matriz das demais igrejas de Olinda”.

Sabe-se que muito antes que o donatário da Capitania de Pernambuco – Duarte Coelho – chegasse às suas terras, criava-se em Portugal, por alvará régio, a PARÓQUIA DO SALVADOR DO MUNDO, em 05/10/1534, além da designação do seu 1º vigário: Padre Pedro de Figueira.

A construção primitiva iniciou-se em 1540 e foi feita de “taipa de mão e madeira”. Em 1578 um visitador dos Jesuítas descrevia a Sé como “formosa matriz, com três naves, muitas capelas ao redor...” Toda a obra foi concluída em 1621, às expensas do Senado da Câmara. Inclusive sua torre única e capelas. O incêndio ateado pelos holandeses, em 1631, danificariam causariam grande parte do templo, que aparece em telas pintadas por Franz Post, com andaimes, indicando já estar ele sendo recuperado...

Criada a Diocese de Olinda, em 16/11/1676, foi a elevada a Catedral desse Bispado e organizado o seu Corpo Capitular. Dois séculos se passariam para que uma grande restauração fosse autorizada, infelizmente alterando completamente suas linhas arquitetônicas, acrescentando-lhe mais uma torre e dando-lhe uma aparência gótica. Essa imagem perduraria até 1974, quando sua reconstrução aconteceu, voltando às linhas antigas mas deixando ficar a volumetria que surgira com o acréscimo de uma outra torre. Infelizmente, todo o acervo móvel anterior não mais voltou à Sé. Obras de arte em pinturas, azulejos, mosaicos, talhas e móveis do passado fora transferido para outros locais e por lá ficaram.

Em 1983, inaugurava-se a Sé, com o seu aspecto atual, com fachada em estilo renascentista-maneirista, portas ladeadas por colunas jônicas. São três naves no seu interior, separadas por arcos que apresentam colunas toscanas, ambos de cantaria. A Capela-mor é tipicamente Renascentista. Nela estão as cadeiras do Cabido Metropolitano. Ao centro, sob o Cristo Crucificado, a Cadeira Episcopal, ricamente entalhada. Duas capelas colaterais profundas, uma para o Santíssimo Sacramento e outra do Santo Cristo, possuem retábulo em talha dourada e barra de azulejos antigos. Quatro outras capelas laterais possuem passagens inter-comunicantes entre si e estão hoje desprovidas de ornamentos. À direita da nave, suspenso junto a uma coluna está a imagem do Salvador do Mundo, em tamanho natural, vinda da França.

A belíssima Sacristia tem móveis em jacarandá que guardam um tesouro em vestes litúrgicas, No 1º andar, está a Sala do Cabido Metropolitano, com móveis valiosos, balcão em muxarabi e a cama onde dormiu o Papa João Paulo II, em sua visita a Pernambuco. Um alpendre abre a vista para o esplêndido terraço, de onde se descortina uma privilegiada visão do casario, monumentos e do mar de Olinda.

Na parte posterior da edificação está a sala que guarda os restos mortais da maioria dos Bispos e Arcebispos de Olinda e Recife, exceto Dom Vital, sepultado na Basílica da Penha e Dom Helder Camara, cuja tumba, singela, está junto ao altar-mor da Catedral, visitada constantemente por todos que entram na Sé.

A Sé Catedral é um dos maiores patrimônios culturais do Brasil!