sábado, 24 de abril de 2010

LEMBRANDO O MAESTRO FERNANDO BORGES


Foi num dia 24 de abril que ele nasceu... Aos seis anos, pediria ao padrinho que lhe trouxesse um VIOLINO como presente, em resposta à pergunta: "- O que você quer que lhe traga da viagem a São Paulo???"

E o aprendizado começou pouco tempo depois. Aos 10 anos já dominava também outros instrumentos de corda e de percussão, além de cantar muito bem e arriscar-se em harmonias para canto em conjunto, com suas irmãs, que o idolatravam...

Adolescente, iniciou-se na noite, escondendo a pouca idade mas revelando o enorme talento, que o levaria a tornar-se o mais conhecido dos maestros de Pernambuco, a seu tempo, levando a sua "Banda Tropical" por esse mundo afora, em inesquecíveis excursões, sempre vitoriosas...

No palco, ele era soberano! Conduzia como ninguém as noitadas de festas, fossem elas simples bailes de formatura ou solenidades oficiais. O músico de gestos fidalgos e um humor insuperável tratava cada compromisso como se fosse o primeiro e o mais importante de sua careira de artista. E todos o veneravam também por isso.

Certamente muitos se recordam dos muitos "Dançando na Rua" que experimentaram, no Recife Antigo, com o maestro sacudindo e emocionando o público que acorria, encantado... Ou fizeram parte da multidão diante do gigantesco palco armado na Ponte Duarte Coelho, no "Esperando o Galo" que antecedia e entretia o povo, enquanto o Galo da Madrugada não chegava à Av, Guararapes, no coração da cidade... Ou ainda entregou-se freneticamente aos ritmos de muitos povos, acompanhando as "Viagens Musicais" sempre pedidas, em todas as festas, com imortais canções de tantos e tantos países...

Ah!, FERNANDO BORGES, como você foi importante para Pernambuco! Como sua criatividade e talento imprimiram uma marca que fez tantos seguidores, entre Orquestras e Bandas que foram surgindo, no rastro por você iniciado!

Uma homenagem merecida foi-lhe concedida pela Prefeitura do Recife, em 1999, dando à Escola Municipal de Frevo o seu nome, para eternizá-lo na titulação: "ESCOLA MUNICIPAL DE FREVO MAESTRO FERNANDO BORGES', diante da enorme contribuição dada por você ao Carnaval do seu Estado. E lá está ela, na Avenida Norte, formando passistas, que traduzem com o corpo a reverência ao seu Patrono, indo buscar - lá longe, nos Estados Unidos, um reconhecimento merecido, na classificação em 2º lugar, em um concurso de Dança Popular.

MAESTRO FERNANDO BORGES, você foi luz, para a Arte no lugar onde nasceu. E hoje, quando você completaria 72 anos, reverenciamos sua memária, com os olhos molhados de emoção e o coração cheio de saudade!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM FERNANDO DE NORONHA


Para que se possa compreender a história da Educação em Fernando de Noronha, é preciso considerar as características diferenciais daquele local, em relação ao que acontece no continente. Isolado no Atlântico, o Arquipélago está a 545Km do Recife/PE e a 375Km de Natal/RN e é formado por ilhas, ilhotas e rochedos, sendo que a maior ilha, com 17Km de área, é a única ocupada em 30% do seu território. Nesse espaço diminuto estão situados a área histórica, os núcleos habitacionais, os serviços minstalados na ilha e o sistema viário, formado pela BR 363 (que hoje se chama "BR 363 Miguel Arraes de Alencar") e por estradas secundárias, algumas bastante antigas, que dão acesso a todos os locais, inclusive às praias.
É nesse cenário tão diferenciado que moram aproximadamente 3.000 pessoas, dos quais cerca de 900 utilizam os serviços educacionais, frequentando a Escola Bem-me-Quer, de Educação Infantil, e a Escola Arquipélago, de Ensino Fundamental e Médio. Um outro grupo, de adultos, desenvolve estudos superiores, buscando graduação pela modalidade de Ensino à Distância, em convênios com instituições diversas, tendo ocorrido a conclusão da 1ª turma de Pedagogia em janeiro de 2010. Logo, mais de um terço da população noronhense é parte integrante da única rede de ensino disponível no Arquipélago: a rede Pública Estadual e/ou conveniada (apenas par estudos universitários).
A primeira evidência de um estabelecimento voltado exclusivamente para o ensino se deu em 1841, com a Escola Noturna, identificada numa aquarela do pintor Spetz, denominada "Praça de commando do presídio de Fernando de Noronha", situada no espaço hoje ocupado pela Quadra Esportiva da Vila dos Remedios. E, conforme o "registro de matrícula" da Escola Pública Mista do Presídio de Fernando de Noronha é possível que fosse essa mesma a escola em atividade constante até 1916, visitada neste ano pelo governador de Pernambuco, Manoel Borba que, considerando a precariedade dela, enviaria equipamentos, livros e mobiliário para melhorar o seu funcionamento.
Já no século XX uma outra edificação seria construída para ser escola, no local onde hoje funciona o Banco Real, que recebeu o nome daquele governador que investira na Educação insular: Grupo Escolar Manoel Borba. Em 1953 o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - INEP, ergueria mais um prédio para esse fim, onde hoje se encontra o Bosque de Flamboyants, instalando aí o Grupo Escolar Major Costa, inaugurado em 1957, oferecendo inicialmente apenas o Curso Primário e, mais tarde, o Ginário, fundado em 29 de fevereiro de 1964, pela Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Essa bela construção seria, lamentavelmente, demolida na década de 1980. Também em 1964 a SUDENE começaria a erguer a escola atual, no bairro da Floresta Velha, inaugurada em março de 1972, para onde seriam transferidos os Cursos Primário e o Ginasial, sendo a escola chamada inicialmente de Unidade Integrada de Ensino - UIE e, mais tarde, de Escola Arquipélago. Convênos e dotações orçamentárias geraram tentativas de implantação de modalidades de ensino, sobretudo em nível Profissional e Médio, sem que se desse uma solução definitiva, pela dificuldade grande de pessoal habilitado para o magistério. A Educação era mantida pelo MEC, através do Depto de Educação e Cultura do então Território Federal conduzido por militares, absorvendo, inclusive, crianças de 3 a 6 anos, nos Jardins da Infância.
Por estar localizada, geograficamente, no meio do Oceano Atlântico, muito tempo se perdeu até que se encontrassem caminhos para estruturar a Educação e, ainda assim, de forma improvisada, sem a facilidade da mão-de-obra especializada, existente no continente. E o problema era antigo... Desde a época do presídio, cabia aos padres-capelães e a familiares de presos e, depois, de militares, o trabalho de ministrar aulas. Até leigos da comunidade eram convocados e, uma vez alfabetizados, transformavam-se em "professores", sobretudo das chamadas "primeiras letras".
Em 1974, através de convênio firmado com a Universidade Católica de Pernambuco e o apoio da Secretaria Estadual de Educação, implantou-se o Curso de Magistério em Regime de Suplência Profissionalizante, que capacitou em serviço todos os que atuavam na escola tendo apenas o Ginásio como limite de estudos, formando 17 professores, que continuaram a trabalhar na escola, agora apoiados nos estudos feitos em módulos, nos períodos de recesso escolar.
Na década de 1980, foram firmados outros convênios, com diversos estabelecimentos de ensino de Pernambuco e R.G. do Norie, para propiciar estudos de 2º grau fora da ilha, nas modalidades de alunos-internos e alunos-externos. Foram conveniados: Colégio Diocesano de Garanhuns/PE; Colégio Santa Dorotéa de Pesqueira/PE; Colégio Sta. Águeda, de Ceará-Mirim/RN; Colégio de São Bento, de Olinda/PE; Colégio Maria Tereza, do Recife/PE; Escola Técnica de Natal/RN; CEPREVE e Colégio Elo do Recife/PE.
De 1984 a 1988, a UIE foi apoiada e seu Corpo Docente capacitado pela UFPE, através do "Projeto Esmeralda - de apoio educacional ao Território Federal de Fernando de Noronha", melhorando o rendimento escolar com capacitações permanentes e a elaboração de uma Proposta Curricular a dequada à realidade da Ilha.
Em agosto de 1985 implantou-se o Ensino Supletivo de 2º Grau, que funcionaria no horário noturno nas dependências da UIE, sendo os seus professores - na sua maioria - recrutados entre os militares com curso superior. Esse projeto experimental foi chamado de Centro de Estudos Supletivos de Fernando de Noronha - CES/FN. As dificuldades eram muitas e as deficiências facilmente percebidas pelos envolvidos com a Educação noronhense de então...
Em 1988 o Arquipélago foi reanexado a Pernambuco e a escola passou a ser administrada pela Secretaria de Educação do Estado, situação que perdura até os nossos dias. E só então ocorreu a regularização do envio de professores habilitados nas diversas Licenciaturas, garantia de um Corpo Docente capaz de dar ao ensino insular a excelência merecida. De lá para cá, muitos melhoramentos e inúmeras inovações foram sendo acrescentadas à escola, desde a estrutura física à atualização pedagógica, atendendo às necessidades que se apresentam, inclusive com investimentos em Tecnologia e, a partir de 2010, vivendo a experiência de Regime Integral de Ensino.
Vale constatar-se que, apesar de todas os impecilhos que precisaram ser enfrentados, a Educação em Fernando de Noronha segue o seu caminho em busca da qualidade necessária, cumprindo o seu papel de preparar as gerações para o futuro, como uma esperança concretizada!
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Foto 01 - Grupo Escolar Manoel Borba
Foto 02 - Grupo Escolar Major Costa
Foto 03 - Escola Arquipélago

terça-feira, 20 de abril de 2010

VAI EM PAZ, IRMÃ FORTUNATA!


Ela era muito jovem quando tornou-se professora de Português, de Latim e de Música. Também assumiu desde cedo a tarefa de cantar e fazer cantar jovens discípulas e freiras companheiras de congregação, beneditinas missionárias como ela, fazendo isso por anos a fio...

Sua doçura era um oásis num tempo de muito rigor escolar. Não se alterava, não combatia ninguém, embora o seu jeito suave de ser e a delicadeza dos gestos encontrassem o termômetro certo para que a disciplina acontecesse entre as alunas adolescentes, mesmo sendo ela tão nova ainda.

Atuou no Colégio Nossa Senhora do Carmo (no Recife) e na Academia Santa Gertrudes (em Olinda). Nos dois esbelecimentos de ensino fez-se querida por todos, sendo a mestra inesquecível para muitos.

Essa era a IRMÃ FORTUNATA TAVARES DE MIRANDA, herdeira do talento do pai, famoso professor de Português de Pernambuco, André Tavares de Miranda e tão aplicada nos estudos como a única irmã que tinha, a filósofa e escritora Maria do Carmo Tavares de Miranda, membro da Academia Pernambucana de Letras.

Neste 20 de abril ela se foi, serenamente, depois de uma vida longa, tendo chegado aos 92 anos fazendo o bem e fiel à vocação abraçada, como religiosa.

Uma característica que tinha era a de identificar talentos para a escrita e a poesia, estimulando a produção de textos entre as alunas, mesmo advertindo-as de que deveriam "escrever menos para errar menos também", animando-as a continuar nesse caminho, quando percebia que estava surgindo mais um poeta, mais um escritor, E, para isso, fazia o elogio certo e as sugestões de melhoria, como sua forma de consolidar aquela esperança que surgia... Quantos talentos nasceram do seu estímulo e da sua compreensão!

Irmã Fortunata marcou a sua época, formou gerações, descobriu dotes especiais de muita gente, acompanhou os passos dos que se fizeram queridos do seu coração e se foi agora, deixando um rastro de doçura e de luz, que não se apagarão através dos anos!

Como foi bom tê-la tido um dia como professora e sabê-la amiga afetuosa, pelo resto da vida!
Vai em paz, IRMÃ FORTUNATA!!!

sábado, 17 de abril de 2010

HOMENAGEM DE UMA AVÓ APAIXONADA!

PEDRINHO,

A vida é marcada
por etapas que a gente vai vencendo...

Não faz muito tempo e você era um "pirralhinhozinho",
encanto de nossos corações e certeza da nossa perpetuação...

Veio o tempo de "saber ler", de crescer bom e dócil,
de receber nosso carinho sempre com muita ternura...

Veio o tempo da "conclusão de etapas escolares",
da inevitável saudade por sabê-lo fora do País,
em busca do aprofundamento em idiomas...

E o fecundo tempo da aprovação em dois vestibulares, já em 2010,
quando tinha ainda apenas 17 anos...

Chega agora o tempo de fazer 18 anos, no dia de hoje...
De assumir - mais do que nunca - o seu compromisso de vida,
perseguindo e realizando seus sonhos...

Tenha a certeza, querido, que sua presença em nossas vidas
é razão de uma enorme felicidade,
tão grande como aquela que sua chegada ao mundo nos causou!

domingo, 11 de abril de 2010

O RIO DE JANEIRO NA EMOÇÃO DE UMA CRIANÇA...

Menininha esperta,
que ganhou uma viagem ao Rio de Janeiro
como presente de aniversário pelos seus seis aninhos
e viveu dias de deslumbramento
descobrindo as "maravilhas" da Cidade Maravilhosa...

Ah! Laurinha,
como foi bom ver o Rio pelos olhos da sua emoção de criança...
Como foi bom vê-la desenhando aquilo que tocava o seu coraçãozinho,
com traços ingênuos que registravam tudo...
Como foi delicioso vê-la "descobrir"
múmias, sarcófagos, girafas e outras particularidades do Rio
e acompanhar o momento das fotos
que "aprisionavam" os "principes", as "fadas", o "mar", as "montanhas",
as "aves", a enorme "ponte", e TUDO que surgia
(até mesmo um "helicóptero", não foi?),
nesses passeios descompromissados
com tudo o que não fosse a sua ânsia de ver e de saber...

Ah! Laurinha,
como foi bom rever o Rio de Janeiro pelos seus olhinhos!!!














UM TÍTULO ACADÊMICO MERECIDO!


Um sonho: ser Doutora em Ecologia...
Os passos: firmes e difíceis, até consegui-lo...
Uma certeza: centrar os estudos
em experiências que estavam dando certo, em Pernambuco,
e se constituiam o universo do seu saber acadêmico...
Uma concretização: a apresentação da Tese proposta
e a avaliação abalizada de outros Doutores,
da Banca convocada pela UFRJ,
numa tarde chuvosa do Rio de Janeiro.

Agora, o "A" de Ana se converte em merecido conceito!
Agora, a menina estudiosa de sempre
é - por mérito e por direito -
a Dra. Ana Carolina Borges Llins e Silva,
para orgulho de todos nós, seus famíliares e amigos,
que a amamos tanto!

Palmas para ela que ela merece!!!
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Foto: Banca examinadora. Ana Carolina à esquerda.

sábado, 10 de abril de 2010

IMAGENS DE UMA ILHA ENCANTADA...


A exuberante natureza atrai e fascina o visitante. Talvez por causa dela - desavisados - nem todos vivem a expectativa de descobrir o passado nas pedras dos caminhos que contam histórias, nas paredes seculares que escondem emoções, solidão e desespero de encarcerados, nas fortalezas que se projetam sobre o mar claríssimo, como sentinelas e guardiãs desse patrimônio. Talvez por isso mesmo, descobrir as evidências arquitetônicas de Fernando de Noronha seja uma surpresa, uma revelação, um mergulho num tempo distante, quando tudo jazia intocado e o homem chegou, modificando, construindo, transformando o espaço para nele poder viver.

Foi o homem que inventou vilas para se abrigar. Foi o homem que ergueu monumentos para proclamar a sua fé ou guardar seus comandados, submetidos aos rigores do cárcere. Foi o homem que desbravou o verde original, permeando-o de casas, de capelas, de mirantes, de terríveis solitárias, de espaços de comando, de prédios para estocagem de produtos... Esse rico patrimônio cultural, ampliado pela transmissão oral de bens imateriais, tem mais de cinco séculos de história... Vale a pena descobri-lo, conhecê-lo!

São praias de águas límpidas, pedras escuras que as emolduram, elevações a serem ultrapassadas. São mais de quarenta espécies de aves que povoam os espaços. São corais e animais deversificados, escondidos no fantástico mundo submarino, profundamente azul. São núcleos urbanos , como a Vila dos Remédios e a Vila da Sambaquixaba (ou da Quixaba), remanescentes da definitiva ocupação da ilha por Pernambuco, em 1737, e outras áreas de habitação e serviços que se foram erguendo nos diversos períodos de presença militar. São evidências arquitetônicas que sinalizam para a monumentalidade que existiu no passado, alvo, nos nossos dias, de um processo de revitalização e valorização pelo Turismo. São embarcações naufragadas em muitos pontos ao redor do Arquipélago. São os verdes da cobertura vegetal que se derama e se ergue por todos os espaços. São pontes do século XVIII, por sobre riachos que secam no tempo de estiagem e correm livres quando chegam as chuvas. São registros iconográficos no Memorial Noronhense/Espaço Cultural Américo Vespúcio, reunindo e apresentando um circuito histórico cronológico, que abrange todas as fases vividas, do descobrimento, abandono e ocupação temporária (com abordagens estrangeiras que também deixaram rastros) e ocupação definitiva, da qual restam documentos originários da Colônia Correcional (1737/ 1938); dos dois Presídios Políticos (o primeiro entre 1938 e 1942 e o segundo entre 1964 e 1965); do Território Federal militar (1942/ 1987) e Civil (1986/ 1987) e da reintegração a Pernambuco, em 1988, pela Constituinte. Essa docmentação, do Arquivo Histórico Noronhense, é alvo de organização, para a ele ser anexada toda a documentação decorrente do "Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha", em curso desde 1974.

Tudo isso encanta, seduz e entusiasma! Tudo isso é FERNANDO DE NORONHA, o paraíso insular em meio ao Atlântico, Distrito Estadual de Pernambuco, sonho de todos os brasileiros, herança singular para um Brasil inteiro!

(texto meu, atualizado, da Abertura de uma Exposição feita no Shopping Center Recife, em agosto de 1999)