terça-feira, 29 de junho de 2010

HOJE É DIA DE SÃO PEDRO



Hoje é DIA DE SÃO PEDRO, um pescador simplório, convocado pelo Cristo para segui-Lo como apóstolo, algumas vezes vacilante na sua fé, mas capaz de refazer o caminho que leva ao arrependimento e, por essa coragem, eleito como o primeiro chefe daquele grupo / primeiro Papa de uma igreja nascente.

Chamava-se Simão. Suas posições diante do Mestre fizeram com que o próprio Filho de Deus mudasse-lhe o nome para Pedro, a "pedra" (em aramaico: "Kephas", que significa pedra e Pedro). As palavras ditas foram contundentes: "Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos Céus: tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." (Mt 16, 18-19). E ele aceitou a missão, sendo o pastor das ovelhas do Senhor, martirizado por amor a Ele entre os anos 64 e 67 d.C.

Em seu louvor ergueram-se igrejas pelo mundo afora... Em Olinda não seria diferente. Uma Igreja e uma Bica homenageiam esse valoroso Apóstolo e Mártir, no coração dos sítios históricos.

Há, no entanto, em Olinda uma igreja também dedicada a um certo "Pedro Mártir", que foi primeiro uma capela e, depois, a Igreja de São Pedro Mártir, que não é dedicada ao apóstolo de que falamos, cuja festa acontece no dia de hoje. Esse é o religioso Dominicano, São Pedro Gonçalves ou São Pedro Mártir, contemporâneo de Santo Antônio, muito cultuado no mundo e que mereceu ser o titular da igreja erguida antes de 1590, num platõ próximo à Ribeira, em cuja construção foi utilizada a mão-de-obra indígena e que viria a se tornar a 2ª Paróquia de Olinda, sendo a 1ª a do Salvador do Mundo, na Igreja da Sé. A região era uma "sesmaria", mencionada no livro de Tombo do Mosteiro de São Bento.

O abandono dos homens fez com que esse templo fosse se deteriorando e completamente destruído no começo do século XX, por ordem do Arcebispo Dom Aloisio Raimundo da Silva Brito. Seus bens móveis foram partilhados com diversas outras igrejas do Olinda e do Recife (conforme inventário publicado em "Olinda e suas Igrejas", de Frei Bonifácio Müller, em 1945). E a Paróquia nela existente foi transferida para a a Igreja de São Pedro Apóstolo (chamada pelo povo de "São Pedro Novo").

A Igreja de São Pedro Apóstolo, que existe até os nossos dias, é, sim, aquela que reverencia o seguidor de Cristo, o primeiro Papa da Igreja. Sua construção, no bairro do Carmo, foi posterior à Restauração Pernambucana, inaugurada em 1752. Contudo, a instalação da sua Irmandade em Olinda é anterior à construção da Igreja, datando de 1711. Sua fachada é composta por uma porta que é alcançada por uma escadaria. Existem duas janelas, na parte superior, ladeando um brasão simbolizando São Pedro. Possui torre única, um interior muito simples e, na nave única, estão dois altares laterais com nicho e imagens de Nossa Senhora da Conceição e o Cristo Crucificado. No nicho do altar-mor está a imagem do Cristo, ladeado por dois altares onde estão, em cada um deles, São Pedro e São Paulo.

A outra homenagem ao santo de hoje está na Bica de São Pedro, a única bica de Olinda que até hoje possui água corrente e que se constitui uma atração a mais na cidade.

Saudemos São Pedro, o apóstolo de Cristo, o 1º Papa da Igreja, presente nos bens culturais que significam veneração!

sábado, 26 de junho de 2010

SÃO JOÃO - UM TEMPO PARA DESCOBERTAS...


A proposta era modesta: reunir a família em algum lugar simples, longe do borburinho da "cidade grande", experimentando os sabores da gastronomia junina, e apreciando a ingenuidade das brincadeiras, ao som de sons tradicionais do cancioneiro desse período de lirismo e beleza...

E a opção deste 2010 foi Carpina, na zona da Mata, em Pernambuco, abrigados todos numa tranquila casa de religiosas - o Juvenato Maria Auxiliadora - agora transformado em Pousada e casa de referência para treinamentos. Simples e acolhedora hospedagem, com comida caseira e umas poucas regalias de conforto e qualidade.

E haja brincadeiras ao redor da fogueira que queimou, noite a dentro... E haja a necessidade de tapar os ouvidos para as bombas que estouravam e iluminavam o céu, enfeitado também pela lua quase perfeita que emoldurava o cenário escolhido...

Crianças e idosos dançaram com alegria. Gulosos, comeram talvez além da conta. Combinaram-se passeios na manhã do "dia do santo", o querido São João, aquele do qual se celebra a data do nascimento e não da morte, por ter sido ele agraciado antes de nascer, no encontro entre sua mãe e a Virgem Maria.

No fim da noite, ainda se pode descobrir a participaçao do povo nas atrações trazidas aos palcos múltiplos, no Largo de Eventos da cidade. Ao amanhecer, foi a vez de rever (para alguns) e conhecer (para outros) a vizinha Tracunhaém, onde o barro vira arte e dignifica a pacata cidade, tornando-a conhecida pelo talento dos filhos-artistas que gerou.

E como coroamento, a torcida de todos pela seleção brasileira, em clima de Copa e de rivalidade entre Brasil e Portugal, momento de união de todos os que, naquele momento, optaram por estarem ali, deliciando-se com os mimos gastronômicos oferecidos e ansiedade nos 90 minutos de angustiante espera...

Valeu, sim, a escolha! Valeu ver as crianças, recebendo - para carregarem ao futuro - costumes que lhes foram mostrados!

E viva São João, é claro, porque ele é a razão disso tudo acontecer!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

HÁ UM PADRE-RESIDENTE EM FERNANDO DE NORONHA... ALELUIA!


A comunidade católica de Fernando de Noronha vive hoje o especial momento de contar, dentro os "residentes" na ilha, com um padre, depois de mais de 50 anos sem que isso fosse uma realidade. Não que os ilhéus estivessem completamente desassistidos de apoio religioso: isso, não! Mas as idas e vindas de sacerdotes eram constantes, na falta de alguém que se disponibilizasse para morar ali, interagindo com a comunidade e com as muitas denominações cristãs hoje existentes...

No período do Território Federal, eram os capelães militares que cumpriam essa tarefa. Padres-capelães do Exército e, depois, da Aeronáutica, prestavam assistência aos fiéis, sobretudo realizando as celebrações especiais ao longo do ano, como a "Festa da Padroeira", em agosto; a "Festa de São Pedro", com Procissão Marítima, em junho; a "Primeira Eucaristia" das crianças, no final do ano; as celebrações do tempo do Natal, etc, etc, etc...

Com a reintegração do Arquipélago a Pernambuco, em 1988, a tarefa de enviar padres voltou a ser exercida pela Arquidiocese de Olinda e Recife, à qual foi a ilha ligada ainda no século XVIII. Não havendo nenhum presbítero que quisesse residir por lá, foi mantido o envio esporádico de pastores católicos e, de vez em quando, algum desses assumia a função de "Delegado Eclesiástico" noronhense, velando pela orientação dos católicos, indo e vindo sempre, os designando companheiros de sacerdócio para isso.

Nos últmos anos,essa terefa tinha sido dada ao Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, Dom Edvaldo Amaral que, além de prestar serviços como dirigente, empenhou-se em captar recursos do exterior (Adveniat, da Alemanha) que permitissem restaurar-se uma ruína, para ter a ilha uma nova "Casa Paroquial", uma vez que a primitiva casa erguida para esse isso passou a ser usada para outros fins, desde o século XIX.

Essa iniciativa do zeloso Arcebispo garante agora um local definitivo para o padre-residente que chega, Glenio Guimarães Braga Costa, proveniente da Diocese da Paraíba, empossado solenemente no dia 18 de junho passado, pelo Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, osb. A cerimônia oficial se deu na Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, principal templo católico da ilha, tombada pelo IPHAN em 1981.

Padre Glenio é teólogo, filósifo e dentista. Atuou por 17 anos na Arquidiocese da Paraíba e foi ele próprio que solicitou sua trasnferência para trabalhar em Fernando de Noronha, pertencente à Arquidiocese de Olinda e Recife/ Pernambuco. Os entendimentos entre os dois Arcebispos (de Olinda e Recife e da Paraíba) consolidaram o desejo do padre de cumprir uma missão na ilha, para o qual ele se sentia chamado.

Que Deus o ajude a ser o padre-residente que todos esperavam!


domingo, 20 de junho de 2010

AINDA A COPA DO MUNDO EM FERNANDO DE NORONHA

Em artigo anterior, registrei aqui as duras tentativas de fazer-se com que os que viviam em Fernando de Noronha, em 1974, pudessem assistir os jogos da Copa do Mundo. Baseada na narrativa de um dos protagonistas, o Cap. Segundo Ebling, descrevi a loucura que foi a subida ao Morro do Pico e, depois, ao Morro do Francês, para arriscar formas de recepção daqueles momentos tão especiais.
No rastro dessa narrativa, recebo uma outra valiosa contribuição, dessa vez feita por uma então jovem moradora da Ilha, a respeito de uma tentativa semelhante, na Copa do Mundo de 1970.
Era governador do então Território Federal o Cel. Jayne Augusto da Costa e Silva. Por iniciativa da RADIOBRÁS - que começava a tentar comunicar o Arquipélago com o mundo lá fora - uma antena foi colocada no Morro do Francês, para que os jogos do Brasil pudessem ser asssitidos, com imagens geradas de Guadalajara, no México, onde os brasileiros jogariam e esses jogos fossem assistidos pela população civil e militar ali residente.
Quase todos os moradores subiram aquele morro de 195m de altura, em cada jogo, colocando-se ali do jeito que lhes fosse possível, diante da "telinha" em preto-e-branco, cantando a célebre canção "90 milhões em ação, pra frente, Brasil, do meu coração..." O aparelho usado era da marca ABC, que tinha como slogam "A voz de ouro ABC". As aspas da antena tinham sido revestidas de palha-de-aço (Bom Bril), como uma forma de ajuda... E nada aconteceu. Só barulho, barulho, barulho... Muitos rádios foram ligados para que fosse possível, pelo menos, ouvirem-se as transmissões dos jogos.
E, de tentativa em tentativa, todos vibraram quando conseguiram "ouvir" e "ver", mesmo com todos os defeitos da transmissão, um único gol em toda a Copa, marcado por Jairzinho, no jogo Brasil X Inglaterra!
Nas reminiscências de Marilde Costa está o desabafo orgulhoso de uma brasileira, distante do continente, ávida por ver Pelé, Rivelino, Jarizinho, Tostão e tantos outros, que formavam o que ela chama até hoje de "A SELEÇÃO", considerando inesquecível o momento de ver a primeira imagem de televisão em sua vida!
São pedaços de um passado que hoje nos parecem tão distantes...
(Texto baseado na narrativa de Marilde Martins da Costa,
hoje Conselheira Distrital de Fernando de Noronha)

terça-feira, 15 de junho de 2010

FERNANDO DE NORONHA E A COPA DO MUNDO


O Brasil começa hoje a viver, mais uma vez. o clima de COPA DO MUNDO, todos ligados nos acontecimentos na África do Sul e podendo contar - nesse mundo globalizado - com os avanços tecnológicos que garantem um envolvimento cada vez maior dos torcedores brasileiros, através ds meios de comunicação social.

Certamente, na esperada estréia do Brasil na Copa de 2010, nessa terça-feira, em quase todos os longínquos recantos de um país continental, como o nosso, olhos ansiosos acompanharão a seleção diante da Coréia do Norte, pelo "quase" milagre das transmissões televisivas, radiofônicas e outras mais, diretas, descomplicadas, nítidas, permitindo que a emoção aflore e o grito de gol ecoe pelas terras brasileiras, de todos os cantos...

Mas, nem sempre foi assim. Num passado não tão distante, os que viviam em Fernando de Noronha sofriam um isolamento terrível, que não se limitava a saberem-se ilhados no oceano, a mais de 300Km do continente. Eram brasileiros também, queriam torcer também, mas nada ou muito pouco lhes chegava, em termos de Comunicação.

Naquele distante 1974, próximo à Copa do Mundo, esperançosos, muitos imaginavam ocupar o lugar mais alto do Arquipélago - o Morro do Pico, com 323m de altura - instalando lá uma antena que pudesse captar as imagens dos jogos. O monumento natural parecia ser o lugar ideal para isso. E a "caravana dos decididos" fez a escalada pelos caminhos abertos na rocha e pelos 13 lances de escadas fincadas em seu flanco, até atingir o alto, cada um carregando nas costas o material julgado necessário, para cumprir o intento.

A subida foi dura e arriscada. Saíram às 14h. Chegaram lá em cima, percebendo logo a dificuldade primeira que era o espaço total onde poderiam ficar, pela existência de um farol rotativo de bom tamanho e por serem três pessoas, para executarem o trabalho.

A antena foi montada. Quantos riscos enfrentados... Numa praça de diâmetro reduzido, os três aventureiros viveram o receio de desabarem no abismo. O vento fortíssimo trabalhava contra. A noite caía. O aparelho de TV, levado às costas, foi ligado... As tentativas de sintonizarem os canais do Recife e de Natal foram intrutíferas... E eles tentaram, tentaram, tentaram...

Lá de baixo vinham sinais de luz, de lanternas ou de faróis de carros, lembrando-os das dificuldades da descida no escuro. Até que o sonho de assistir à Copa se esvaísse e a volta ao chão começasse, quando já passava das 22h... Só chegaram ao solo pela madrugada. Foram recebidos como heróis, apesar do fracasso da tentativa. Tinha valido muito como experiência de coragem e determinação do Capitão Segundo Ebling, do Capitão-Paraquedista Carvalho e do Soldado Herculano de Freitas, este considerado "pau=pra-toda-obra" por todos. Mas assistir a Copa, ainda não daquela vez!

Dias depois, esses mesmos corajosos militares conseguiram instalar uma antena rômbica no Morro do Francês (com 195m), obtendo uma imagem péssima mas que permitiu aos residentes - ilhéus e militares do Território Federal então existente - sentirem-se privilegiados por estarem unidos ao resto do País, torcendo como qualquer outro brasileiro, ainda que, muitas vezes, o que viam se assemelhasse mais a "fantasmas" do que ao que hoje conhecemos como imagens de TV

E pensar que, nos dias atuais, isso é tão fácil!!!!

(aventura narrada por um dos protagonistas, o Capital Segundo Ebling, em carta, e publicada como um "caso pitoresco" no meu livro "Fernando de Noronha - Lendas e Fatos Pitorescos", Editora Inojosa, Recife).

domingo, 13 de junho de 2010

SANTO ANTÔNIO - UM SANTO DO POV0


Chamava-se Fernando de Bulhões. Nasceu em Lisboa, em 1195, numa família rica. Entrou para o Convento dos Agostianinos aos 15 anos. Ordenou-se padre em Coimbra. Em 1220 ingressou na Ordem Franciscana Menor, abraçando a pobreza. Trocou seu nome para Antônio. Foi missionário no Marrocos e, doente, foi mandado para a Itália, onde lecionou Teologia em várias Universidades, indicado pelo próprio São Francisco de Assis, que o admirava muito. Era um orador sacro prodigioso, de forte apelo popular. Fazia milagres espantosos. Possuía o dom da "bi-locação" (estar em dois lugares ao mesmo tempo). Sua fama de santidade era muito grande.

Com saúde precária, recolheu-se ao Convento Franciscano de Arcélia, localidade próxima a Pádua, na Itália, onde viria a morrer, em 13 de junho de 1231, com apenas 36 anos. Foi canonizado 11 meses após a sua morte, pelo Papa Gregório IX, em 13 de maio de 1232.

Foi reconhecido como "Doutor da Igreja", pela sua sabedoria. Sua veneração espalhou-se pelo mundo, principalmente em Portugal e no Brasil, como herança da colonização portuguesa. É considerado o "padroeiro dos pobres e dos casamenteiros" e invocado também para "encontrar objetos perdidos". Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada, que guarda, como um tesouro especial, sua língua incorruptível, com a qual tanto pregou em vida.

O encantamento do povo simples por Santo Antônio é comovente! Não é o "Doutor da Igreja" que veneram... É o "Antonino" (uma forma tão carinhosa de chamá-lo em nosso idioma); é o "santo casamenteiro" que ajuda moças desencantadas a encontrar o seu par; é o protetor dos pobres, que dava aos famintos o pão do convento em que vivia e que, por isso, fez nascer o costume da distribuição do "pão de Santo Antônio" em cada 13 de junho.

É ele o santo invocado nas "simpatias" feitas em seu nome, nas festas juninas, nascidas do imaginário da gente simples e que fazem parte das superstiçoes características do povo brasileiro, quase uma "brincadeira", nascida da necessidade de ter-se fórmula para tudo, até para buscar o impossível.

O que justificaria uma pessoa "enterrar uma faca, à meia-noite, numa bananeira", na esperança de que o líquido que escorresse da planta viesse a formar a letra do nome do futuro companheiro? Os escrever os nomes dos pretendentes a marido em vários papéis, sendo um deles deixado em branco (para o caso de ficar a jovem vitalina) e colocá-los à meia-noite do dia 12 de junho em um prato com água, deixando-o por toda a madrugada no "sereno", para encontrar, no dia seguinte (dia de Santo Antônio) um dos papíes abertos, indicando qual seria o escolhido?

Como entender que, cheio de fé e de esperança, uma moça adquira uma imagem do santo, faça a ele o pedido de arranjar marido e, para "comprometê-lo", roube-lhe o Menino Jesus, dizendo que só o devolve quando conseguir namorado? Ou ainda virar o santo "de cabeça para baixo", até o pedido ser atendido? E "amarrar uma aliança num fio e segurá-la sobre um copo com água", para saber quantos anos faltam para se casar, perguntando isso ao santo à meia-noite, na véspera do seu dia, crendo que o número das batidas da aliança no copo seria essa resposta?

São costumes repetidos ao longo dos tempos. São rituais, simpatias, que fazem a delícia da crendice popular, sabendo-se que, nesses casos, o que importa não é o que se faz mas a fé de cada um, naquilo que almeça. É o patrimônio imaterial que se continua...

Santo Antônio é representado sempre com seu hábito de frade franciscano, com símbolos especiais, que sinalizam sua fé e sua vida. Há uma Bíblia na sua mão esquerda simbolizando sua fé nos Evangelhos) e, sobre ela, está o Menino Jesus. Na mão direita ele sustenta a Cruz e um Lírio (símbolo da sua pureza).

O jeito é relembrar, nesse 13 de junho, o querido santinho português/ italiano, repetindo os versos antigos, com os quais sua glória foi sempre lembrada: "Glorioso Santo Antônio, grande amigo do Senhor/ escutai nosso pedido/ sede nosso intercessor!" Ou as palavras do"Responsório de Santo Antônio": "Se milagres tu procuras pede logo a Santo Antônio/ fogem dele as desventuras, o erro, os males e o demônio..."


sábado, 12 de junho de 2010

SANTO ANTONIO - O SANTO MAIS POPULAR DO BRASL

O SANTO

Chamavam-no "Fernando".
Era belo, rico, meigo e bom.
O mundo não o seduzia...
Sonhava com a paz dos claustros, com o infinito,
com a doação integral de sua vida de homem.

Chamaram-no "Fernando".
Lisboa o viu crescer em sabedoria,
sentindo nele o apelo maior
que haveria de afastá-lo
dos apegos terrenos
............................................

Chamaram-no "Antônio".
Quedaram-se todos ante sua extraordinária voz;
amaram-no na singeleza do que fazia
e na luminosa verdade dos seus olhos de frade,
espalhando o bem que não se acaba.

Chamaram-no "o santo".
Outras cidades o viram passar.
Multidões foram por ele atraídas.
Pádua o viu florescer e eternizar-se,
guardando seu corpo como se seu filho fora.
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Chamam-no, até hoje, "de Lisboa", "de Pádua",
o Antonino da herança portuguesa,
o santo tão querido de tantos italianos,
aquele que o mundo todo venera e ama
como um filho sem pátria exclusiva,
mas pertencente à humanidade toda!
......................

(Publicado no meu livro "Cantando o amor o ano inteiro" - Paulinas, 1986)

sábado, 5 de junho de 2010

FALANDO DE CIGANOS EM FERNANDO DE NORONHA

O Jornal do Commercio publicou, no dia 26/05/2010, o Caderno Especial "NO RASTRO DOS CIGANOS", resultado de uma interessante pesquisa sobre esse povo nômade, tão perseguido através dos tempos e que conserva tradições milenares, numa evidente transmissão, de pais para filhos, de uma Cultura fascinante e incompreendida por muitos. De parabéns estão as jornalistas Verônica Falcão e Cleide Alves, pela riqueza nos dados abordados e a fotógrafa Hélia Scheppa, pelas imagens reveladoras!

A lamentar apenas, que tenha ficado fora dessa retrospectiva, a histórica presença dos ciganos do Brasil em Fernando de Noronha, a partir de 1739, assinalada por diversos historiadores, embora as comprovações desse envio sejam quase inexistentes. O que se sabe é que cronistas mencionaram o fato, como Pereira da Costa, sem explicitar detalhes e outros tantos também o repetiram, acreditando-se que a deportação dos ciganos para a Ilha, naquele momento, seria uma tentativa preconceituosa de "limpar-se a raça" , isolando-se esses homens e mulheres por suas atitudes consideradas clandestinas e marginais.

No imaginário popular, esse momento histórico talvez tenha sido a razão do surgimento da lenda "O cajueiro da cigana", mencionada poor vários historiadores e poetizada no final do século XIX pelo poeta paraense, ex-seminarista, revolucionário e ardente apologista do protestantismo, Gustavo Adolpho Cardoso Pinto, que foi cumprir pena em Fernando de Noronha, aos 19 anos de idade, por assassinato e roubo e, lá estando, criou un lindo poema (entre tantos) com essa lenda, publicado num livro de versos seus intitulado "Risos e Lágrimas".

Suas rimas têm sabor agreste e resgatam essa e outras velhas histórias, perpetuadas pela oralidade e criam uma aura de verdade naquilo que tanto incomodou os estudiosos do tema "Noronha", em todos os tempos. Os versos são mencionados por Gaston Penalva, Pereira da Costa, Mario Melo e Beatriz Imbiriba, todos autores de obras sobre a Ilha.

Diz ele:"Conservaram as tradições/ Que esbelta e linda Cigana/ Tinha, aqui, pobre cabana/ Nestas ermas solidões;/ Certo a buena dicha lia/ Porem disto não vivia. Mas certos amores vendeu.../ Era bela o mais quem sabe?/ Dizer a mim não me cabe,/ Depois dizem que morreu,/ E por memória deixou/ Esta árvore que plantou/ Desde então, nesta paragem/ Junto deste cajueiro,/ Aparece ao caminheiro/ Um eqüestre personagem;/ Fronte altiva e marcial,/ Vestido de general./ Quantas vezes, diz a gente/ Que um vulto - rara beleza,/ Pelas formas - com certeza,/ Mulher - alma padecente,/ Se vê perdida na estrfada,/ Como quem vai de jornada./ Não se sabe o que julgar/ Dessa estranha aparição..."

O poema segue, contando as agruras daquela vida degredada, no dizer de um poeta sem liberdade, que fez das histórais do lugar onde vivia o "mote" daquilo que escrevia. E essa é uma informação preciosa, quando se está resgatando o saber e as vivências do povo cigano.

Também a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, em 1995, ao levar Fernando de Noronha para a Sapucaý, fez de "O Cajueireo da Cigana" um belo carro alegórico, carnavalizando a lenda, seguido de todo uma ala de ciganos, homens e mulheres, que mostravam ao mundo - naquele momento - a histórica presença cigana na Ilha, informação que muitos poucos sabiam (e não sabem, até hoje). Pena que o Caderno Especial de agora deixou de fora dados tão curiosos...

Mas isso vem a calhar, no momento em que o Ministério da Cultura - MinC, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID), instituiu o Prêmio Culturas Ciganas 2010, que teve suas inscrições abertas no dia 16 de abril e que serão encerradas no dia 12 de julho próximo. A competição quer premiar 30 iniciativas que envolvam trabalhos individuais ou coletivos, que fortaleçam as expressões culturais ciganas e contribuam para a continuidade e a manutenção das identidades dos diferentes clãs e povos presentes no Brasil, que somam mais de meio milhões de pessoas.

Bela iniciativa federal! Tão oportuna quanto essa, do Jornal do Commercio, de fazer a publicação desse admirável "NO RASTRO DOS CIGANOS", com que fomos todos nós - os leitores - premiados nesse final de maio, mesmo que a saga noronhense tenha ficado de fora.
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Ilustração: protótipo de um dos carros alegóricos da Mangueira, em 1995, criação do carnavalesco Ilvamar Magalhães.