quinta-feira, 26 de julho de 2012

NO DIA DEDICADO AOS AVÓS


Um dia vieram os filhos...

e a gente se enredou, se entregou,

em meio à algazarra de crianças que cresciam,

alegrias singelas, momentos especiais,

felicidade partilhada e vivida...


E o tempo foi passando.


Os filhos cresceram.

Os ruídos distantes despertavam lembranças.

Já não havia alaridos, brincadeiras,

colo de gente pequenina

para acalmar o choro e aquietar a alma...


E o tempo foi passando.


Um dia, no milagre da vida que se renova,

quase sem aviso, chegaram os NETOS....

Com eles, a lufada de vento novo,

a presença de gente miudinha

bracinhos que traziam ternura ao aconchego dos mais velhos...


Agora, parece que o tempo parou...

Suave milagre faz transbordar o coração.

Ver de novo. Ouvir de novo. Sorrir de novo.

Como um jardim, tudo floresce,

descortina-se um novo caminho,

e a vida passa a fazer sentido mais uma vez...


O tempo continuará a passar, sim.

Mas, na doce trajetória de amor de cada avó/ avó,

os NETOS significam um amanhecer sem fim,

porque, quando eles se acomodam em nossos braços,

o mundo para - e a vida fica cheia de sol!


ABENÇOADOS SEJAM OS NETOS


(Dia dos avós)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

20 de julho - DIA DO AMIGO E DA AMIZADE


RECEITA DE BEM QUERER

No começo,

apenas um olhar desconfiado

e o cumprimento formal,

sem calor, sem comprometimento...

Depois,

o crescente envolvimento,

a procura cada vez mais freqüente,

a descoberta de possibilidades.

o afeto, a emoção de estar junto...

Pronto.

Na suave teia da afeição verdadeira,

o homem se emaranha por completo,

deixando-se envolver no carinho amigo.

E, de repente,

já não há frieza no olhar ansioso,

nem reservas, no abraço acolhedor.

Mais uma vez, no mundo,

desfaz-se a capa da indiferença

dos apegos verdadeiros

e explode a deliciosa forma de querer bem,

única capaz de restaurar,

no coração do homem,

a amplitude dos espaços transcendentes

e levá-lo a sonhar, cheio de esperanças...

Mais uma vez

pode-se chamar de amigo

àquele que tocou o nosso coração,

e a gente descobre como é doce o bem querer!

(do livro meu "Em louvor de amigo" - inédito)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

16 DE JULHO – O DIA DA MÃE DOS CARMELITAS

Todas as lembranças infantis afloram neste dia...

16 de julho – o dia da Mãe dos Carmelitas!


Desde cedo, a soberba Basílica acolhia seus filhos,

sempre profundamente decorada,

sempre povoada dos sons fortes do “Coral de Frei Pio

(o CORAL DO CARMO DE RECIFE,

antes a “Schola Cantorum N. Sª do Carmo”),


O ritual se repetia: missas ao longo do dia,

nos altares laterais e no altar-mor;

a procissão no meio da tarde; a missa de encerramento...

Lá fora, brinquedos atraiam a menina devota,

Ávida por re-descobrir as alegrias dos “cavalinhos”, da “roda-gigante”

e re-experimentar o sabor do algodão-doce, das maçãs-do-amor,..

Festa vivida ano a ano, roupa nova, coração aos saltos,

músicas de sempre, do devocionário carmelitano...


A menina se fez mulher. O amor pela Virgem do Carmo perdurou...


Ali ela disse “sim”, um dia, ao eleito do seu coração:

naquele mesmo suntuoso altar, onde três frades carmelitas

abençoaram o seu momento de escolha...

Ali ela trouxe, um dia, sua pequenita,

para batizá-la no altar da Virgem Peregrina...

Ali ela acompanhou – por décadas – o som que a encantara um dia:

- do Coral do Carmo – onde fez amigos

e onde seu eleito também viria a cantar, para atende-la!


Não há como mensurar esse tempo que vai passando...

Ele é fervor, saudade, compromisso, esperança...

Já não há brinquedos dos tempos de menina...

Tantos que viveram esse tempo e já se foram

estão guardados no coração e reaparecem nas lembranças de hoje.

16 de julho – o dia da Mãe dos Carmelitas!

O dia da minha Mãe, da mãe de todos os cristãos!”

Aleluia!!! Aleluia!!! Aleluia!!!



sábado, 14 de julho de 2012

EU “ADOTEI” UMA AVÓ

Quando minha mãe sugeriu que eu recebesse em casa aquela senhora, fiquei muito preocupada. “Só por uns dias”, insistia ela. “Coitada, está tão doente! Os médicos não lhe dão mais que seis meses de vida...”

Eu conhecia a Sra. T. apenas superficialmente, da igreja do nosso bairro. Era uma mulher bonita, de posses e muito querida por todos. Estava numa situação desesperadora, após ter sofrido um rude golpe: seu enteado morrera tragicamente e, em conseqüência, também seu marido, pai do rapaz que, ao saber da noticiam fora fulminado por um infarto. Tamanha dor a derrubara. Com onze perfurações de úlceras, submetera-se a uma delicada cirurgia. Agora os médicos a desenganavam. Machucada e com uma depressão terrível, fraca e dependente, a Sra. T. autorizara a venda da casa onde tinha sido tão feliz e não tinha para onde ir, pois seus poucos parentes distantes viviam no Sul.

Eu estava casada havia menos de um ano e grávida de oito meses. Como receber alguém como hóspede nessa situação, ainda mais sabendo-a acostumada a confortos que meu marido e eu, ambos professores, não poderíamos lhe proporcionar? Mas fui vencida pelos argumentos de minha mão. Cedi.

Ela chegou num domingo. Alquebrada, magrinha, humilde em sua dor, repetia que “não queria das trabalho” e que ficaria “só por uns tempos”, até resolver o que faria de sua vida, agora sem objetivos.

Uma semana mais tarde era seu aniversário. Faria 61 anos e, por isso, resolvemos fazer-lhe um almoço especial. Eu estava na cozinha com o marido, preparando o peixe, quando entrei em trabalho de parto. Às 12h35 nascia minha primeira filha, Maria Luiza. O almoço acabou não acontecendo. Voltando da maternidade para buscar nossa hóspede, meu marido profetizou: “Sra. T., seu presente de aniversário chegou!”

Curvada sobre o berço, ela olhava encantada minha pequenina. Tinha até receio de pegá-la, tão fraca se sentia. Viemos para casa. E ela fez o primeiro pedido: queria ir ao Banco, buscar suas jóias e dar “um banho de ouro” na menininha, que ela fosse rica quando crescesse, segundo uma tradicional crendice do Sul do Brasil. Cordões, medalhas, anéis e brincos, dentro da banheira, solenizaram aquele momento mágico. Depois dele a Sra. T. passou a alimentar-se cada vez melhor, para ter forças para carregar sua “netinha postiça”, acarinhá-la, levá-la para o banho de sol.

O que se seguiu, a partir daí, foi como um milagre. A mulher fraca foi se fortalecendo. Seu amor materno, latente, jamais experimentado em filhos que não gerou, extravasou-se por inteiro naquele bebê que lhe havia sido “presenteado” numa hora de aparente derrota.

Um ano depois, numa praia de Pernambuco, ela corria pelo coqueiral, levando Maria Luiza pela mão, quando homem parou ao seu lado, incrédulo... Era o cirurgião que a operara e lhe dera seis meses de vida. “Que milagre foi esse, mulher?” O que aconteceu?” Ele lhe perguntou. “Olha aqui o meu remédio”, explicou ela , orgulhosa, apontando para a menina, cheia de amor.

Vieram novas dores para ela. Um outro enteado morto num desastre de avião. Uma outra filha minha, como conforto. Um jovem, filho da antiga empregada, que ela ajudara a criar, foi assassinado. A terceira “netinha” em minha casa. “Para cada dos que Deus me deu você me trouxe o consolo de mais uma neta”, dizia.

Vivemos juntas catorze anos e meio. O ritual de amor diário era sempre comovedor. Preparar os uniformes das meninas, acondicionar o lanche, supervisionar as tarefas escolares, inventar brincadeiras, preparar refeições... Todas as crianças da rua a adoravam e a chamavam de “Vo”. Os jovens e adultos, igualmente. Os amigos, sem exceção, adoraram também aquela amiga linda, culta, serena, que aconselhava cada um e ria das piadas de todos.

No dia do aniversário dela, a cada ano, a dupla festa era formidável! Um bolo com motivos infantis e outro para a avozinha. Cantorias para as duas. Serenata para ela, depois do cansaço dos menores. E os festejos populares, então? Como criavam “alma” nas mãos dela! Milho assado nas fogueiras de São João, noite adentro. Presépios iluminados no Natal. Surpresas escondidas pela casa, na Páscoa. Ambrósia na compota para a noite de Ano Novo. Havaianas, ciganas, baianas para pular no Carnaval. Uma alegria em dar, organizar, envolver-se nos rituais tradicionais do nosso povo...

Nesses anos de convivência, vi adoecer e morrer minha mãe e minha sogra. Para ambas, nenhuma enfermeira teria sido mais amorosa. Em seus ombros abri muitas vezes o coração, desabando problemas pessoais ou profissionais. O mesmo fizeram parentes e amigos. Nossa afinidade se construiu assim, repleta dos risos infantis que nos cercavam. Jamais senti ciúmes. Jamais imaginei que ela quisesse o meu lugar, no coração das meninas ou em minha casa. Eu era a mãe. Havia o pai, os tios e havia a avozinha, doce como um favo de mel, contando histórias, embalando o sono, ajudando cada um.

Milhares de fotos testemunham essa “adoção” que, certamente, foi traçada num outro plano. Instantes aprisionados de um coridiano extremamente rico, gosto, inesquecível.

Quase quinze anos mais tarde ela se foi. Uma meningite hemorrágica a levou. E eu velei, por dez dias, junto ao seu leito de hospital, sentindo a imensa dor daquela perda irreparável. Doei suas roupas para os pobres que viviam por ali, esperando a esmola certa, sempre acompanhada de muito carinho. Encaminhei, por meio dos advogados, seus bens para os parentes herdeiros, distantes. Para minha família ficou o bem imaterial, guardado no coração. Ficaram os exemplos, o riso, a ternura compartilhada – a vida, enfim, plena e maravilhosamente vivida!

Já lá se vão muitos anos... Se decidi partilhar com vocês essa história é porque acredito que o coração “escolhe” os parentes que quer. E mais: quando a gente se dispõe a enfrentar uma situação nova, intrigante, talvez nem se dê conta daquilo que nos espera, nessa estrada que muitos chamam de “destino” mas que eu creio ser parte de um plano Superior, traçado para apontar os rumos de cada vida.

Era uma vez uma avozinha sem netos e sem razão para viver”... Bobagem. Os milagres acontecem, sim. Na minha vida, pelo menos, eles aconteceram porque ela, a “voinha” foi a luz que a iluminou!

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OBS:

Esse texto foi publicado na Revista Cláudia, seção “Minha história”, em julho de 1995. Republicá-lo aqui é uma homenagem aos 30 anos da partida dessa mulher excepcional, que mudou a minha vida e que se chamava Tosca Celli Barbieri, aqui fotografada em diversos momentos...

sexta-feira, 6 de julho de 2012

JULHO - O MÊS DA VIRGEM DO CARMO

Dentre os seres humanos criados por Deus Maria está em 1º lugar... Nós, cristãos católicos, a veneramos porque Deus a escolheu para ser a mulher que traria o Salvador ao mundo. “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. disse Isabel, ao recebê-la em sua casa...

Essa mulher especial, de mais de mil títulos, é celebrada - no dia 16 de julho - como N. Sª. do Carmo, um nome que vem do século XIII, quando, no Monte Carmelo (que significa Jardim), na Palestina, juntou-se um grupo de eremitas, que queria seguir o exemplo do profeta Elias, num jeito novo de viver que, mais tarde, se estenderia ao mundo. Daí nasceu a comunidade dos "Carmelitas".

Diz a tradição que esses eremitas ergueram uma capela dedicada à Maria que, mais tarde, seria chamada "N. Sª do Carmo" ou "N. Sª do Monte Carmelo". Essa devoção se espalhou pela Europa e, daí, foi levada para todo o continente americano, instalando-se primeiramente em Olinda, onde está a mais antiga casa carmelita das Américas. E a Virgem foi assim louvada em igrejas, lugarejos, capelas, oratórios, como uma prova de como esta devoção saiu dos âmbitos dos conventos carmelitanos e se tornou propriedade do povo, enraizada no coração de todos.

A festa da Padroeira dos Carmelitas foi fortalecida entre 1376 e 1386, comemorando a aprovação da sua regra pelo Papa Honório III. A data foi fixada para o dia 16 de julho, porque é também a data em que - segundo a tradição -, Nossa Senhora apareceu a São Simão Stock e lhe entregou o escapulário, um sinal efetivo de devoção carmelitana.

A ordem carmelita é uma das mais antigas na história da Igreja, Considera o profeta Elias como o seu patriarca. Elias e Maria estão unidos numa narração que se assemelha a uma lenda. Fala de uma visão que mostrou ao profeta a vinda da Virgem sob a figura de uma pequena nuvem que saia da terra e se dirigia para o Monte Carmelo. Perseguidos pelos sarracenos no século XII, os frades se dividiram em dois grupos: os que ficaram ali foram massacrados e o convento incendiado; os que se refugiaram em outros lugares partiram depois para a Europa, onde fundaram conventos. A um desses frades, Simão Stock, a Mãe de Deus apareceu acompanhada de anjos, segurando nas mãos o escapulário e disse a ele: "Recebe, meu filho, este Escapulário da tua Ordem, como sinal distintivo da minha confraria e selo do privilégio que obtive para ti e para todos os Carmelitas. O que com ele morrer, não padecerá o fogo eterno. Este é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos e prenda de paz e de aliança eternas". Vem daí a devoção do Escapulário (cujo nome significa “armadura”, “proteção”). O uso do escapulário é um sinal de confiança em Nossa Senhora, para que ela cubra de graças aquele que o usa e o proteja de todos os perigos espirituais e corporais.

Para os recifenses, julho é um mês especial. O novenário começa hoje... Milhares de fiéis acorrem à bela Basílica do Carmo do Recife, para lembrar a “videira florescente” que é Maria! Flores, tapetes, cortinas e tantos outros ornamentos, tornam ainda mais bonito o templo da Padroeira! No ar, o precioso som do CORAL DO CARMO DE RECIFE, com mais de 60 anos de existência, dedicados à Virgem do Carmo, entoando seus louvores, extraindo do Cancioneiro Carmelita as belas e imorredouras canções, a elas somando a privilegiada obra composta pelo saudoso Maestro M. Bezerra, para louvar sua e nossa Mãezinha.

Ó Rainha do céu, flor do Carmelo”, cantou ele na inesquecível “Prece”. E, comovidos nós todos repetimos, essa que é a mais bela prece de toda a criação de Bezerra: “Ó Rainha do céu, flor do Carmelo”,!

Vamos saudar a Virgem do Carmo?