quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

IGREJA DOS REMÉDIOS EM FERNANDO DE NORONHA: 33 ANOS DE TOMBAMENTO


Principal templo católico de Fernando de Noronha, a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios teve sua construção provisória a partir de 1737, sendo autorizada a colocação do sacrário em 1748, e concluída toda a obra de estrutura definitiva em cantaria exposta em 1772. A partir daí, foram sendo acrescentados os ornamentos e demais bens culturais integrados ao edifício, como a talha, pintura e douramento dos altares, o mobiliário, as alfaias e demais elementos necessários ao seu funcionamento como templo religioso católico, ficando completamente pronto somente em 1784. 

Está edificada numa elevação e todos os relatos de viajantes que passaram pelo arquipélago falam dessa igreja, em frente a uma praça em declive, tendo à frente uma grande escadaria de 18 degraus.

Foi justamente essa devoção - à “Virgem dos Remédios” - que inspirou a denominação da principal fortificação, construída nos seus arredores, como também de toda a Vila. E N. Sra dos Remédios foi tomada como Padroeira do Presídio desde 1768.

Somente em 1981, a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, sendo o segundo monumento a receber esse tipo de proteção, no arquipélago: Processo 981-T-78, Inscrito sob o nº 481, folha 83 do Livro do Tombo Histórico, Volume 1, em 29 de janeiro de 1981. Hoje completam-se 33 anos desse tombamento.

Em 2007, foi encaminhado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional o Inventário provisório dos Bens Culturais da Igreja Católica em Fernando de Noronha, para registro do que existe na atualidade e daquilo que desapareceu, através dos tempos. A lista completa desse inventário está inserida no livro “Fernando de Noronha – Cinco Séculos de História”, recentemente relançado.

Quem for ao arquipélago, terá que conhecer esse monumento valioso, seu entorno e a visão que permite desvendar e imaginar que um bem cultural de tamanha valia somente teve o reconhecimento oficial em 1981. 
 

domingo, 26 de janeiro de 2014

UMA DATA HISTÓRICA NORONHENSE



26 de janeiro de 1938 

No artigo 1º do Decreto nº 47, daquela data dizia-se: Fica à disposição do Governo Federal, a titulo precário, a Ilha de Fernando de Noronha. Terminava o longo Presido Comum, que durara 201 anos e era Requisitada a Ilha de Fernando de Noronha pelo Governo Federal, para aí implantar o Presídio Político oficial, reunindo no arquipélago aliancistas, integralistas e comunistas.
A documentação existente dá conta ter havido uma sessão a título precário do arquipélago à União e, para isso, acertava-se uma indenização de dois mil contos de réis para a construção da Ponte Getúlio Vargas (unindo a ilha de Itamaracá ao continente) e da Colônia Agrícola de Itamaracá, onde seria desenvolvida a cultura de hortaliças, fructas e cereaes” para o abastecimento da capital (Recife).Meses mais tarde (em 23 de julho de 1938) a Ilha de Fernando de Noronha estava em condições de ser definitivamente entregue.

E a ilha deixou de ser pernambucana, para se transformar num local oficialmente destinado a abrigar presos políticos. Isso não significou que todos os presos comuns tenham sido transferidos. No Processo Pernambuco 25/1938, explicava-se que todas as providências para a entrega tinham sido tomadas e que tinham ficado na ilha apenas funcionários administrativos e 265 detentos necessários aos trabalhos de conservação dos prédios, estradas, lavouras e gado. O 1º Tenente Coronel Victorio Caneppa, Diretor da Casa de Correção do Distrito Federal, foi o escolhido para receber - do Governo de Pernambuco - o arquipélago com seus bens móveis e imóveis e semoventes

Três anos durou esse Presido Político Oficial. Lá foram confinados presos como Abel Chermont, Abguar Bastos, Ademar Conrado da Veiga, Agliberto Vieira de Azevedo, Agildo da Gama Barata Ribeiro, Álvaro de Souza, Antônio Bento Monteiro Tourinho, Antonio Maciel Bonfim, Antonio Soares de Oliveira, Ari Campista, Augusto Paz Barreto, Belmiro Valverde, Benedito de Carvalho, Braz Néri, Carlos Marighella, David Ribeiro, Diógenes Magalhães, Domingos Velasco, Epifânio Bezerra, Everaldo Waleste de Freitas, Glauco de Albuquerque Menezes, Gregório Bezerra, Guarati Ramos, Guttman, Hilca Leite, Himalaia Virgolino, Iguatemi Ramos, Ivan Ribeiro, Ivo Meireles, Jayme de Rezende Pacheco, João Antônio, Joaquim de Araújo Lima, João Mangabeira, José Alves de Lima, José Elpídio da Silva, José Francisco de Oliveira, José Gutman, José Medina, José Morales, Leivas Otero, Júlio de Morais, Luiz Veiga, Manoel Batista Cavalcante, Manoel Pedro Moura, Mário de Souza, Mário Pariva, Oswaldo Silva, Otávio Silveira, Pascácio Fonseca, Roberto Morena, Rodolfo Ghiolde, Rui Presser Belo, Sócrates Gonçalves, Soveral, Sylo Meireles, Waldemar Conrado da Veiga, dentre outros, num total de mais de seiscentos presos.

Em 1942, esses presos políticos foram transferidos para a Ilha Grande. Agora seria a vez da ilha ser transformada num Destacamento Misto da II Guerra Mundial. 

Mais isso é outra história... 

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Fotos: 
Presos políticos em momento de lazer 
Prisioneiro Agido Ribeiro e o Teatro que criou, durante a prisão.  
OBS: (acervo original: Agildo Ribeiro Filho)




terça-feira, 21 de janeiro de 2014

105 ANOS DO NASCIMENTO DE DOM HELDER


 
Começa a ser organizada a celebração dos 105 anos de nascimento de Dom Helder Camara, o inesquecível arcebispo de Olinda e Recife, que nos deixou em 1999, aos 90 anos.

Uma vida iluminada, de realizações extraordinárias, que deixou-se ficar eternizada depois de sua partida. Um profeta do nosso tempo, portador da Boa Nova que chegava aos corações pela verdade com que era propagada. Um anjo de asas camufladas, pronto para lutar por causas verdadeiras e   entregar-se à doçura de ser simples, fácil de ser tocado pelas pessoas, fossem elas do jeito ou origem que fossem... 

A celebração será no dia 07 de fevereiro vindouro, às 19h. Mais uma vez será na Igreja de Nossa Senhora da Assunção das Fronteiras, local onde os helderólogos se encontrarão. Monsenhor Lino Rodrigues Duarte, Vigário Episcopal da Arquidiocese, presidirá a Missa, que receberá padres-amigos para concelebrarem.

Lá, onde está hoje o MEMORIAL DOM HELDER CAMARA, juntos, mais uma vez agradeceremos o enorme privilégio que recebemos todos, por ter experimentado essa presença e essa força tão de perto.Quem sabe não será Francisco, esse doce Papa com jeito de Helder disfarçado, não certifica uma certeza que temos de que ele está no céu e o eleva à honra dos altares???

domingo, 12 de janeiro de 2014

47 ANOS SE PASSARAM... QUE SAUDADE!


 
Éramos jovens. Estávamos apaixonados e, mesmo rodeados de muitas dificuldades, sonhamos um casamento na Igreja que fora nosso porto seguro: a Basílica do Carmo.



Ele, integrante do Coral do Carmo do Recife, orgulhava-se de ser membro daquele coro tão antigo e tão belo e queria a ele confiar as músicas que seriam cantadas, cada uma delas mais significativa do que a outra para nós dois.    



Eu, que crescera entre musicistas, que tinha na Música uma referência de felicidade e de encanto, tinha como ídolo maior o único irmão homem: o Maestro Fernando Borges. Também queria muito que o seu violino encantado igualmente se fizesse ouvir.



Dois frades daquele Convento do Carmo haviam acompanhado nossa trajetória como amigos, namorados, noivos e agora prontos pela a vida em comum: Frei Pio Moreira (o fundador do Coral do Carmo) e Frei Tito Figueroa de Medeiros, colega dos tempos de escola, de Cruzada Eucarística e dos Pastoris... A eles entregamos, com muito carinho, a condução da celebração que se fez, tocante, fervorosa, repleta de vozes queridas e sons de muitos instrumentos...     



12 de janeiro de 1967. Lá estávamos nós dois, firmando para sempre um compromisso nascido no coração e confirmado diante do altar da Padroeira do Recife, devoção mais querida nossa, que nos fez escolher seu belo hino como a “marcha nupcial” ao findar-se a cerimônia. E pela nave da igreja cantamos juntos, baixinho, sob a forte emoção daquele momento:

“Sublime Estrela do Carmelo,

dos dons celestes, medianeira,

protege, ampara com desvelo,

Recife – e nossa vida inteira!!!”



47 anos se passaram. Fernando está lá, na Pátria celeste, depois de 37 anos de vida em comum, deixando-se ficar na memória dos tantos amigos que fizemos e da família que constituímos, nas filhas que merecemos receber; nas mães – dele e minha – que acolhemos como um compromisso de amor, e da vozinha Tosca, doce como um favo de mel, que Deus nos deu de presente num dia qualquer dessa caminhada e que foi farol, luz, proteção e amor!



Hoje tudo é lembrança boa! Inclusive a luta pela qualificação profissional, tão difícil de buscar, que enfrentamos, sem que a qualidade de vida não se fizesse ausente do nosso tempo.



Com certeza, “Carminha” (a querida N. Sra. do Carmo, por nós dois assim re-batizada) ouviu mesmo aquele apelo cantado no belo hino feito pelo saudoso M. Bezerra e, com seu manto, protegeu e amparou com desvelo, Recife – e nossa vida inteira!!!