quinta-feira, 17 de julho de 2008

EM FAVOR DO MAMULENGO

Existe em Olinda um espaço muito especial, o MUSEU DO MAMULENGO, onde estão bonecos que foram um dia manipulados por mãos habilidosas, as “mãos molengas” e, recolhidos por estudiosos dessa prática singular, foram elevados à categoria digna de “peça de museu”... Bonecos dos séculos XIX e XX hoje coexistem, lindamente dispostos entre paredes forradas de chitão colorido e arrumação temática, mostrando toda a beleza dessa tradição nordestina, que tem raízes no mundo inteiro.

Bonecos foram sempre uma enorme atração, para o homem... E esse gosto pelo boneco foi também a mais constante forma popular de brincadeiras no mundo, com manifestações e nomes variados para significar uma mesma e lúdica atividade: a arte da manipular figuras pequenas, criar histórias divertidas e até educativas, gerando uma fantasia enorme e grupos que se deixaram imortalizar, como guardiões dessa arte secular.

Olinda foi o berço dessa prática salutar, usada pelos franciscanos como instrumento de catequese, desde o século XVI. Depois, os bonecos ganharam a rua, “profanizaram-se”, dando origem ao mamulengo, que caiu no gosto popular pelo interior nordestino, propagando-se pela sabedoria e habilidade de tantos mestres do passado e do presente. Por isso, foi em Olinda que se fez realidade o primeiro MUSEU DO MAMULENGO (hoje multiplicado em experiências por muitos lugares). E por isso ela é considerada “a patria dos bonecos”, pequenos ou grandes (pois o mesmo gosto que fez surgir o mamulengo também se materializou em bonecos-gigantes, igualmente encantadores!). Chamados de “fantoches”, “títeres”, “boneco-de-luva” ou simplesmente “mamulengo”, foi assim que eles passaram à história dessa terra mágica e singular!

Dois estudiosos debruçaram-se sobre essa arte, escrevendo sobre ela: Hermilo Borba Filho (“Fisionomia e Espírito do Mamulengo”) e Fernando Augusto Gonçalves (“Mamulengo – um povo em forma de boneco”). Suas obras resgataram o valor e a tradição contida nessa veia artística do povo do Nordeste, desses mestres ricos em sabedoria, dando vida aos bonecos/mamulengos maravilhosos, cabeças-pensantes que os concebeu, mãos habilidosas que os esculpiu, vestiu e manipula, mestres carregados do saber do povo, dos instrumentistas populares que lhes acrescentam ritmo e melodia.

Sempre é preciso que a verdade seja evidenciada, no grito de valorização desse esquecido e importantíssimo folguedo, um saber imaterial, que se concretiza na alegria, na partilha e na fidelidade desses admiráveis mestres do sofrido nordeste brasileiro.

Um comentário:

Unknown disse...

gostaria de saber,como encontrar este livro de Fisionomia espirito do mamulengo,de Hermilio Borba Filho,preciso fazer um trabalho.obrigada