
Foi do norte que ele partiu. Trazia nas mãos a marca real de uma doação valiosa: a Capitania de Pernambuco em terras brasileiras. Na bagagem - de sonho e destemor - o eco de campanhas enfrentadas, a defender a coragem portuguesa que se atirava à conquistas e descobertas, confirmando a vocação do seu povo para o mar.
De pés fincados no chão encontrado, Duarte Coelho se fez senhor e dono, administrador e desbravador, coragem e lenda, força e lirismo, plantando a sua NOVA LUSITÂNIA com sementes que haveriam de ficar, quando ele partisse.
E nasceu OLINDA! Da “linda situação para se construir um vila” à ação. Do primeiro aglomerado de povo e de esperança, a verdade historicamente reconhecida. Nascia, no nordeste do Brasil, a mais sólida e bonita das cidades brasileiras, matriz e mãe de uma civilização que se firmava, germinando frutos de pioneirismo que haveriam de torna-la “semelhante à Coimbra” ou a denominá-la “escola de heróis”, ou ainda escolhendo-a para experimentos oportunos e imorredouros, dando-lhe razões para ser, 448 anos mais tarde, inscrita na lista da UNESCO como “PATRIMÔNIO MUNDIAL”!
Em 1535, depois de brilhantes serviços prestados ao seu País, no Oriente e na África, Duarte Coelho – nobre guerreiro português – recebeu do rei de Portugal a Capitania de Pernambuco, para onde veio com toda a sua família. Aqui, após haver fundado a vila de Igarassu, procurou um local onde pudesse estabelecer uma cidade senhorial e imponente, à beira-mar.
Descobrir as colinas ao norte de sua capitania foi surpresa e revelação! Ali construiu ele seu castelo fortificado. Dali fez progredir a cultura da cana-de-açúcar. Ali viu crescer uma vila de luxo e beleza, atraindo o interesse de ordens religiosas – jesuítas, carmelitas, franciscanos, beneditinos...). Dois anos mais tarde daquele em que chegara, confere à Câmara da Villa d´Olinda a Carta de Foral. Não demora muito e ele é chamado de volta à sua pátria. Seus filhos e sua mulher assumem o comando da Capitania.
À bela cidade, tão lusitanamente nascida, chamou de “muy nobre e sempre leal Villa d´Olinda”, único título que ela haveria de possuir ao longo dos séculos que se seguiram, até os dias atuais, quando a ousadia dos seus governantes e o mergulho nas valiosas fontes históricas fizeram-na receber três outros títulos: "Cidade Monumento Nacional", em 26/11/1980; "Cidade Ecológica", em 29/06/1982; "Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade", em 14/12/1982.
A dominação holandesa foi nefasta para Olinda. Incendiada e arrasada em 1631, só a muito custo ela se reergueu, reconstruindo grande parte dos seus monumentos, deixando registrada, mais uma vez, a marca de um povo forte que, em 1710, tentou tornar-se independente de Portugal. Outros episódios históricos nasceram em Olinda. A bravura foi sempre uma constante, em atitudes que registrariam a destinação do seu povo, de sua gente.
Hoje, os séculos permanecem vivos, ecos de uma civilização que, passando, deixou-se ficar naquilo que semeou de bom e de belo, na força como se construiu, tão longe da Pátria-Mãe, a cidade-irmã de tantas vilas portuguesas, nas suas características mais autênticas, nos seus azulejos genuínos, nas torres de suas 22 igrejas e 11 capelas, nas imagens trazidas através do oceano, nesse lirismo autêntico que se constitui na mais bonita herança recebida.
OLINDA: um sonho lusitano plantado tão distante...
OLINDA: próspera capitania do passado, sentinela avançada para um futuro que começa no reconhecimento mundial do comitê da UNESCO...
OLINDA: alegre e aberta aos que buscam a contagiante euforia que vem do povo e que tem registros tão fortes: Carnaval, Natal, São João, Violeiros, Serenatas...
OLINDA: misteriosa e religiosa, das procissões que repetem gestos e crenças de todos os tempos...
OLINDA: do nome de mulher – Amadis de Gaula, do romance português – ou da simbologia poética: “Oh! Linda situação para uma vila”...
Sempre e sempre a OLINDA portuguesa, a Nova Lusitânia, a cidade sonhada por um bravo, berço dos heróis que se seguiram, exemplo para o Brasil e para o mundo!
(publicada no jornal “O Mundo Português”, em setembro de 1983).
Hoje, os séculos permanecem vivos, ecos de uma civilização que, passando, deixou-se ficar naquilo que semeou de bom e de belo, na força como se construiu, tão longe da Pátria-Mãe, a cidade-irmã de tantas vilas portuguesas, nas suas características mais autênticas, nos seus azulejos genuínos, nas torres de suas 22 igrejas e 11 capelas, nas imagens trazidas através do oceano, nesse lirismo autêntico que se constitui na mais bonita herança recebida.
OLINDA: um sonho lusitano plantado tão distante...
OLINDA: próspera capitania do passado, sentinela avançada para um futuro que começa no reconhecimento mundial do comitê da UNESCO...
OLINDA: alegre e aberta aos que buscam a contagiante euforia que vem do povo e que tem registros tão fortes: Carnaval, Natal, São João, Violeiros, Serenatas...
OLINDA: misteriosa e religiosa, das procissões que repetem gestos e crenças de todos os tempos...
OLINDA: do nome de mulher – Amadis de Gaula, do romance português – ou da simbologia poética: “Oh! Linda situação para uma vila”...
Sempre e sempre a OLINDA portuguesa, a Nova Lusitânia, a cidade sonhada por um bravo, berço dos heróis que se seguiram, exemplo para o Brasil e para o mundo!
(publicada no jornal “O Mundo Português”, em setembro de 1983).
Ilustração: Cartão e selo "série Patrimônio Mundial da Humanidade" - EBCT
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