Numa tradição arraigada entre os portugueses existem,
espalhados pelo arquipélago de Fernando de Noronha, inúmeras identificações de
lugares e monumentos com nomes de santos. Mesmo para nomear a ilha o passado
nos aponta ter sido ela chamada de “Quaresma” (supondo ter sido ela
avistada no tempo da Quaresma); “São Lourenço” (na carta de Américo
Vespúcio, por tê-la abordado no dia dedicado a este santo, em 1503) e “São
João” (na Carta de Doação como Capitania Hereditária, em 1504).
Quando se deu a definitiva ocupação do espaço – no século
XVIII - e se ergueu o maior sistema de fortificação do Brasil naquele século,
cada um desses fortes foi dedicado a um santo diferente e até ao próprio Jesus
Cristo, chamados de Forte de São José do Morro; Forte de Santo Antônio;
Fortaleza dos Remédios; Parque de Sant´Ana; Forte de N. Srª da Conceição; Forte
de Santa Cruz do Pico; Forte de São Pedro do Boldró; Forte de São João Baptista
dos Dois Irmãos; Forte do Bom Jesus do Leão e Forte de São Joaquim do Sueste.
Naquele mesmo século N. Srª dos Remédios foi tomada como
“Padroeira” e sua linda igreja erguida no local onde se construiu a Vila que
teve seu nome: Vila dos Remédios. À Virgem dos Remédios consagrou-se a capela
dentro da Fortaleza do mesmo nome. E, ao se erguer o segundo núcleo residencial
e prisional da ilha – a Vila da Quixaba ou da Sambaquixaba – foi a N.Srª da
Conceição que se consagrou a capelinha erguida, como foi também assim chamada a
capela do Cemitério à Senhora da Conceição, do século XIX.
Àquele a quem foi confiado o rebanho cristão – o apóstolo
Pedro – dedicou-se a pequenina capela de São Pedro dos Pescadores, posta no
alto do Morro de Santo Antônio, próximo ao Porto de Santo Antônio. E há ainda -
na longa e bela história noronhense - o registro de uma outra igreja, próxima à
Vila dos Remédios, erguida por mãos de presos – a Igreja de N. Srª do Rosário
dos Sentenciados – hoje não mais existente.

De uma feliz idéia do atual condutor da comunidade católica
fernandina – Padre Glenio Guimarães – ao conhecer o espaço subaquático numa das
extremidade da ilha, surgiu a idéia de dedicá-la ao santo amante da natureza,
no seu dia – 04 de outubro de 2012 – intitulando-a CAVERNA SÃO
FRANCISCO DE ASSIS, com a aprovação dos órgãos ambientalistas locais.
Portanto, amplia-se a tradição católica insular e batiza-se
um espaço contido no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha –
PARNAMAR/FN, com o nome de mais um santo, homenageando aquele que amou a natureza
de maneira radical e apaixonada, chamando de “irmão” a tudo que o cercava...
O “Pobrezinho de Assis” merecia uma homenagem como essa, em
meio ao claríssimo mar noronhense, rodeado de pedras vulcânicas, de animais
marinhos diversificados e de pessoas surpresas e deslumbradas, pelo inusitado
da iniciativa, em boa hora ocorrida!
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Fotos: All Angle - Sandro Rodrigues - Divulgação
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