Helio Fernandes,volta do confinamento em Fernando de Noronha
Foi em 21
de julho de 1967 que o jornalista HÉLIO
FERNANDES – punido pelo AI-5, por haver atacado a Revolução de 312 de março
em artigo jornalístico – foi mandado para Fernando de Noronha, sendo o último
preso político levado para ilha, que fora sempre vista como espaço prisional
para todas as penas.
Dizia ele que “A História dos povos e das nações, não se escreve com a omissão dos que
se entregam, e sim com a bravura e a intrepidez dos que resistem”. E sua vida foi marcada por essa coragem, enfrentando – a partir de
1964 - três confinamentos (Campo Grande, Pirassununga e Fernando de
Noronha), afora todas as outras censuras recebidas.
Preso na ilha, enfrentando a solidão e a saudade, viu-se
diante de uma visão diferente dos homens e das coisas do país. E sentiu-se grato
àquele lugar isolado oferecia lhe ofereceu um especial “posto de observação” inesperado e fecundo, que até despertou sua gratidão
ao governo que o desterrou.
Ali leu tudo que lhe chegava às mãos (até jornais
velhos). Perdido nos seus próprios pensamentos discutia consigo mesmo,
sentindo-se responsável por traduzir em palavras o que sentia e a experiência
que vivia... Chegou a concluir que “todo
homem público devia passar 30 dias em Fernando de Noronha: políticos, generais,
padres, trabalhadores, estudantes, donas de casa... Todos desterrados dentro de
si mesmo...”
Hélio
Fernandes, ainda adolescente, trabalhou na revista O Cruzeiro. Foi chefe da seção de esportes
do Diário Carioca e diretor da revista Manchete. Em 1945 cobriu a Assembléia
Constituinte, onde conheceu o jornalista Carlos Lacerda, de quem ficou amigo. Foi jornalista no recém-lançado jornal Tribuna da Imprensa. Foi assessor de imprensa
de Juscelino Kubitschek na campanha dele à
presidência da república em 1955. Após a campanha, polêmico como sempre, volta ao
jornalismo de oposição ao governo que ajudara a eleger. Trabalhou também na
televisão, como comentarista política, com muito sucesso. Em 1960 adquiriu o
jornal Tribuna da Imprensa.
Como Jornalista
“de esquerda”, foi perseguido antes do Golpe Militar de 1964. Teve seus direitos
políticos cassados em 1966.
Com a censura à imprensa imposta foi preso e obrigado ao exílio em Fernando de Noronha.
Aqui
lembramos - no dia de hoje - esse “prisioneiro” que nos deixou uma narrativa
preciosa do seu tempo de confinamento, reveladora do que foram aqueles dias
vividos no meio do oceano, sabendo-se injustiçado e perseguido por causa dos
seus ideais.
.....................................................
Foto da chegada de Hélio Fernando ao Rio de Janeiro depois de ser libertado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário