Um livro escrito em maio de 1964 (Os
Idos de Março e a Queda em Abril), foi a primeira obra feita sobre o
golpe militar ocorrido naquele ano. Muitas discussões foram feitas em relação à
validade dele como subsídio para a História do Brasil, por tudo aquilo que
deixou de ser nele registrado. Um outro, publicado em outubro do mesmo ano, por
Aderbal Jurema, já exilado no Peru (Sexta-feira, 13 - Os Últimos Dias do
Governo João Goulart), contém também relatos dos acontecimentos
daqueles dias dramáticos.
O golpe militar-civil de 1964 voltaria a ser
tema de muitas outras obras, escritas por diversos entendidos do assunto,
inclusive por alguns dos 34 prisioneiros
confinados em Fernando de Noronha, entre 1964 e 1967, cada um
relatando as dificuldades enfrentadas e os poucos gestos de solidariedade
recebidos de alguns dos militares que serviam no Território Federal.
A leitura dessas vivências é comovedora. Aqueles
homens - na sua maioria jovens - em plena vivência de sua vida profissional (ou
preparando-se para ela como estudantes) registraram o dia a dia de um
confinamento não entendido nem aceito, sonhando com o momento da liberdade ou
do exílio que, para eles, haveria de chegar.
Alguns desses presos políticos, segregados em
Fernando de Noronha, externaram suas impressões do tempo ali vivido.
Prisioneiros políticos, militares, familiares e amigos desses, também
publicaram reminiscências - suas ou absorvidas daqueles com quem conviveram -
deixando um legado importantíssimo desse tempo prisional fernandino. Foi o caso
de:
1967 - Hélio Fernandes - Recordações de um
desterrado na ilha de Fernando de Noronha; Ed. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro. s/d
1980 - João Seixas Dória - Eu, réu sem crime.
Editora Codecri. 1980.
1991 - Jório Machado - 1964: a Opressão dos
Quartéis. Ed. O Combate, 1991.
1996 -
Francisco de Assis Lemos: Nordeste: o Vietnã que não houve - Ligas
Camponesas e o golpe de 64. Editora da Universidade Estadual de Londrina, 1996.
1999 - Maria da Conceição Pinto de Góes - A
aposta de Luiz Ignácio Maranhão Filho. Cristãos e Comunista na Construção da
Utopia. Co-edição
UFRJ/Revan. 1970.
1999 -
Moacyr de Góes. (Org.) - Dois livros de Djalma Maranhão no Exílio.
Editora Prefeitura Municipal do Natal – Edição comemorativa dos 400 anos
da Cidade.
2000 - Bento da Gama Batista - 1964: Agonia em
Fernando de Noronha. Depoimento sobre o cárcere da ditadura militar.
Ed. Universitária,
UFPB. 2000.
2002 - Luiz Hugo Guimarães: - Recordações da ilha
maldita: 1964. Ed. Grafset. 1988.
2006 – Fernando Coelho: Direita,
volver: o golpe de 1964 em Pernambuco. Recife: Bagaço,
2004.
2007 - Agassiz de Almeida: A Ditadura dos
Generais: estado militar na América Latina: o calvário na prisão.
Rio de Janeiro. Janeiro, Bertrand Brasil. 2007
2007 - Ayberê Ferreira: Das Ligas Camponesas à
Anistia: memórias de um militante trotskista, Prefeitura do Recife,
Secretaria de Cultura, Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2007
2007 - Heloneida Studart: Luiz, o santo ateu.
Natal/RN, Ed. Da UFRN. 2006.
Tomar conhecimento dessas histórias de vida, pelos
escritos ou pelo contato com os que ainda estão (ou estavam) vivos quando isso
foi possível, fez com que essas informações enriquecessem o Capítulo 5 do
nosso livro: Fernando de Noronha - Cinco Séculos de História, oferecendo
ao Brasil e, em especial, aos que vivem no Arquipélago, o conhecimento de uma
história verdadeira, triste em sofrimentos de tantos homens e heróica, por tudo
o que significou!