
e tudo parecer treva, escuridão, fantasma,
antes de clamar contra a maldade dos tempos e dos homens
examina se estás sendo a luz que deves ser.
(Dom Helder Camara)
Se em todo o Brasil o Carnaval é um tempo de festas, em Pernambuco ele tem um significado excepcional... A folia cresce em importância pela diversidade cultural que marca o reinado de Momo, levando para as ruas o povo da capital, da região metropolitana e do interior, cada um desses espaços guardião da beleza e da diversidade de ritmos e de danças próprias e únicas, na singularidade como surgiram e se fizeram tradição.
a Madrugada e seguindo adiante, tanto no Recife-antigo como em uma infinidades de espaços carnavalescos, onde a irreverência também faz morada, nas inúmeras agremiações, reunindo adultos e, de forma especial, trazendo os pequenos para a festa desde a mais tenra idade... E o frevo “rasgado”, dançado como ninguém imagina, concorrendo com o batuque forte dos maracatus, nos cortejos de realeza africana... E o lirismo dos blocos fazendo história...
Uma igreja lotada. Cânticos lindamente entoados pelo Grupo Celebrai (da Catedral da Sé de Olinda). Um pregador emocionado e comunicativo. Um clima de alegria e de saudade. Assim foi a celebração pelos 103 anos de nascimento de Dom Helder Camara, no dia 07 de fevereiro, na singela Igreja de N. Sª da Assunção das Fronteiras, onde ele viveu por muitos anos e onde morreu, em 2009.
Frei Joaquim Ferreira, oc, Vigário Episcopal Norte da Arquidiocese de Olinda e Recife - presidiu a concelebração, representando o Arcebispo, atualmente em férias e confessou-se profundo admirador de Dom Helder desde os tempos de seminarista, na convivência com o "helderólogo" Frei Pio Moreira, oc (o fundador do Coral do Carmo do Recife que, ao longo da vida reuniu, em 27 volumes, textos e reportagens sobre o Dom e poemas e meditações dele próprio, publicados na Imprensa e/ou lidos por ele em programas radiofônicos que manteve por anos e anos, à frente da AOR.)
Ao findar-se a Missa, o Presidente da FUNDARPE, chamado ao altar, anunciou que o Governo do Estado comprometia-se e concluir as obras de instalação do MEMORIAL DOM HELDER CAMARA, novidade recebida com demorados aplausos... Tudo muito simples e, ao mesmo tempo, profundamente reverencial, na lembrança de todos, nas peças espalhadas por aquele lugar de culto, como o genuflexório no altar-mor, onde o Profeta rezava, em todas as madrugadas, acordado que era pelo despertador para a vigília, momento do encontro com Deus e fecundos momentos em que produzia sua extraordinária obra.
Esse ritual continua a se repetir, a cada fevereiro, pela fidelidade de muitos, que afluem à “igrejinha de Dom Helder” – como é identificada até hoje aquele templo.
Foi importante saber-se ali do interesse do Governo em somar forças nas fileiras dos que lutam para guardar os sinais da sua vida terrena... Esse Memorial ocupará parte do andar térreo da Igreja das Fronteiras e todo o primeiro andar da edificação, reunindo o acervo construído nos seus 90 anos de vida, contendo diplomas, honrarias, títulos, fotos, livros (editados em diversos idiomas), etc. O conjunto "casa de Dom Helder" fará parte de tudo, sendo mantida a distribuição original, como era usada pelo Profeta, com o seu quarto singelo, por trás do altar-mor da igreja, sua sala de trabalho, sua rede de cearense, a mesa onde recebia todas as pessoas, o pequeno jardim de entrada...
Na frente do templo, a escultura que celebra o Dom Helder-Poeta, continuará como quê acenando para quem chega, como parte do circuito dos Poetas Recifenses, espalhado por locais diversos da capital pernambucana, homenageando ali não o padre, o bispo, o escritor, o teólogo, o religioso mas o poeta maravilhoso que ele foi sempre, desde os tempos de jovem seminarista.
Vai valer sempre a pena reunirem-se pessoas que amam o Dom, para rezarem juntos e proclamarem – juntos também – a sua devoção!
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Fotos: Deo Barbosa

Deus te guarde, Helder de luz!!!
ada, em nenhum momento o ex-governador sergipano relata a prática de tortura física, como acontecia nas cadeias do continente, onde pessoas perderam suas vidas batendo de frente com o regime imposto pelos militares. Contribuía para isso o reto proceder do então Governador noronhense, Cel. Jayme Augusto da Costa e Silva.
Gama Batista, outro preso político na ilha, na obra “1964- agonia em Fernando de Noronha: depoimentos sobre o cárcere da ditadura militar”, editado pela Ed. Universitária da UFPB, em 2000.