Olhar Olinda, a qualquer hora do dia ou da noite, no coração do seu “Sítio Histórico”, é sempre um colírio para os olhos... Vê-la do Alto da Sé, é reafirmar a expressão de encanto atribuída ao seu donatário – Duarte Coelho – quando aqui chegou, em 1535 e, extasiado, teria poetizado diante do que via: “Oh! Linda situação para construir-se uma Vila!”.
Foi sempre essa a minha compreensão, contemplando aqueles monumentos, sabiamente dispostos pelas sete colinas que circundam e compõem o espaço urbano, marcado por descidas deliciosas, casario irregular, quintais explodindo de tanto verde, “rasgos” de um mar que a tudo margeia, céu azul, tingindo-se de luz e de sombras, quando o dia se vai...
De repente, um elemento novo se acrescenta a esse caleidoscópio de lindeza, dando a uma edificação importante – a Caixa d´Água do Largo da Sé - um elevador panorâmico. E as filas se sucedem, atraindo gente de todas as idades e procedências, para galgar aquele espaço físico e ser levada, aos poucos, para o alto, para a paisagem, para o choque inesquecível em perceber que aquele lugar já tão emblemático, está ainda mais bonito!!! E o prédio - pioneiro no uso do elemento vasado em sua construção - pareceu-me, àquele momento, “perdoado” por ter sido tantas vezes acusado de estar plantado em lugar inadmissível!
Não há como ficar indiferente... Chegar lá em cima, é quedar-se diante de cenas já conhecidas, agora vistas do topo possível de chegar-se pelo engenho humano e pelas realizações certeiras dos que decidem por escolher o que for melhor.
De repente, lá estava eu, olhos e coração abertos para o “Horto del Rey”, somente antes espreitado por rasgos de vegetação ou a partir da contemplação do terraço das Dorotéias, nem sempre permitido...
De repente, aquele verde secularmente protegido, desde as “Hortinhas” de Duarte Coelho, levava-me a um passado relativamente próximo, quando sonhou-se a união daquele espaço com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para nele abrirem-se meandros, permitindo visitações, caminhadas... Tudo isso “apalavrado” com o Dr Sérgio Bruni, representando-o na assinatura de um Protocolo de cooperação técnica...
De repente, Olinda estava aos meus pés, com seu Farol, suas Igrejas, seus caminhos tortuosos, espalhando-se para longe, até suas terras distantes, do antigo Termo da Vila, na contemplação do Porto, dos “Arrecifes dos Navios”, da cidade-irmã Recife, que cresceu tanto a ponto de suplantá-la.
Naquele terraço superior, do alto da Caixa d´Água, recordei Duarte Coelho, o visionário, que batizou essas terras, dando-lhe deu nome e uso pelo seu Foral... Recordei Germano Coelho, que sonhou uma Olinda construindo seu futuro com as lições do passado... E recordei Carlos Penna Filho, o poeta, ao descrevê-la como um lugar tecido de “limpeza e claridade”, iluminando nossos corações para sempre!
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