Um
homem contraditório. Capaz das mais belas expressões de ternura e de gestos
difíceis de serem entendidos. Que derramava carinho sobre os filhos nascidos no
Brasil e somente por carta mantinha contato com aquelas deixadas em Portugal.
Um
homem de bem, sem dúvida... Até ingênuo, em algumas ações. Autodidata, escrevia
como poucos, mesmo tendo parado os estudos ainda menino, pelas dificuldades
enfrentadas na vida.
Este
foi ALFREDO BORGES, o “Seu Borges”, o “português da camisa de
meia”, o introdutor do fabrico de placas no Norte e Nordeste do Brasil, fossem esmaltadas ou em metal, para carros, ruas, casas... Também o sonhador, cantador de fados muito antigos, que costumava receber
qualquer visita em casa com a mais suculenta bacalhoada que minha mãe viesse a
fazer, ensinada por ele, claro!
Lembro-me
hoje, de forma especial, porque foi num 19 de novembro que ele partiu,
depois de uma longa e nada tranqüila vida, marcada por momentos muito
especiais, dos quais todos nos lembramos com saudade!
Um
dia, ele tentou me definir, dizendo: “minha filha, você é toda coração...
Onde lhe baterem, machucam!”. Ninguém – nunca mais – disse coisa mais
sábia, mais parecida comigo...
Minhas lembranças vagueiam, recordando esse homem querido, que nos deixou...
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