Meu
irmão, o Maestro Fernando Borges,
quis aprender violino aos seis anos. Pediu, na época, ao padrinho de Batismo,
um violino de presente. Seu primeiro professor foi o Maestro Vicente Fitipaldi,
da Orquestra Sinfônica. Quando não lhe foi mais possível assistir o jovem
aluno, ele mesmo indicou um músico da sua orquestra, talentoso e gente do bem: o violinista MILTON RODRIGUES, que “se encantou” por esses dias, depois de
uma vida plena de realização no meio musical.
Era
uma festa, na minha casa, cada vez que ele chegava. Seu jeito descontraído, seu
amor pela música, desde a erudita ao popular, seu jeito muito especial de tocar
violino, passaram a fazer parte do imaginário daquele pivete talentoso que o tinha
como professor e de todos nós, suas irmãs...
E
Fernando Borges, mesmo integrando o Trio Uirapuru, apresentando-se em concertos
desde os tenros 13 anos (juntamente com um
outro violinista - Luiz Marques - e com a nossa irmã mais velha, Adelina
Borges), cada dia mais era atraído para a execução de peças que fossem populares
ou tivessem se popularizado, como as célebres Czardas, na qual ele se entregava por inteiro, de olhos fechados e
emoção nas mãos.
Milton
Rodrigues foi um dos violinistas que executou Czardas pela vida afora,
sobretudo como componente do TRIO CIGANO
(violino, violão e percussão), muitas vezes fazendo isso em programas de
auditórios e em seletos espaços culturais que o convidavam.
De
repente, o artista se foi. Seu violino silenciou para sempre.Seu jeito especial
de tocá-lo ficou na lembrança, apenas. As milhares de apresentações, em saraus,
concertos, casamentos, solenidades e tantas outras ocasiões que mereciam sua
presença, cessaram.
Sua
Música foi o seu “emprego”, seu “ganha-pão”,
seu carinho maior. Para isso foi nomeado para a Orquestra Sinfônica do Recife pelo Decreto nº 06544, de 12 de dezembro de 1963, assinado pelo Presidente da Câmara Municipal do Recife, no Exercício do
Cargo de Prefeito do Recife, Liberato Costa Júnior, por preencher condições
exigidas, como musicista. E nela permaneceu, até a aposentadoria, fazendo
escola diante dos que chegavam e amavam aquele homem de bom, pelo seu talento e
sua maneira de ser.
Quantas
alegrias ele deve ter despertado na vida! E que falta ele faz!
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