Inaugurada
recentemente, a Usina Solar Noronha II,
construída pela Celpe em Fernando de Noronha, é a nova geradora de parte da energia
do arquipélago, a partir da radiação solar. O consumo a ser produzido corresponde
a 5,4% do consumo da ilha.
O local escolhido foi
o Boldró, exatamente na região onde, em 1957,
os americanos se instalaram no Posto de
Observação de Mísseis Teleguiados, após ser firmado o Acordo entre o Brasil
e os Estados Unidos da América, dando a eles o direito de se estabelecerem
novamente em Fernando de Noronha por cinco anos, para trabalharem o seu programa de foguetes. A primeira
ocupação americana tinha sido no período da 2ª Guerra Mundial.
Na época, montou-se uma superfície controlada
em mapa, partindo da Flórida (base de lançamento) até a Ilha de Ascensão (no
Atlântico Sul). Entre um ponto e outro, 12 estações de controle acompanhariam a
trajetória dos projéteis. Nesse estudo, a
11ª estação foi a ilha brasileira de Fernando de Noronha, situada na rota
dos teleguiados americanos. O Posto era
o penúltimo dos sistemas, através de 8.000Km e acompanhava o percurso dos
projéteis ao longo do percurso, lançados de Patrick Field, no Cabo Canaveral
(hoje, Cabo Kennedy), sob a fiscalização do COPRONE (Comissão de Projetos do
Nordeste).
Dentre os serviços instalados para essa ação,
estava o Sistema de recolhimento e
distribuição d´água de chuva através de uma placa captadora construída no sopé do Morro do Pico, formada por
uma base de cimento armado, rejuntada com betume, com uma área de 12.000m2,
considerada até hoje a “maior da
América do Sul”, recolhendo e canalizando água para dois reservatórios,
também revestidos com betume, com capacidade para 1.5 X 106 litros,
de onde a água seria levada aos filtros, para tratamento por cloração, bombeada para dois tanques, de 3,94X105 litros e daí distribuída para toda a
área do acampamento. O sistema funcionou até os nossos dias.
Foi essa fantástica área - preparada na década
de 1950/60 - que, ocupando 8.000m² e que pertencente
a Pernambuco, que acolheu
a recente instalação da Usina Solar
Noronha II, deixando de funcionar como captadora de água de chuva para gerar energia, aliviando a dificuldade de fornecimento de luz para o Distrito
Estadual, minimizando custos até com diminuição do óleo diesel como
combustível, como era feito desde 1980.
Um grande passo atual para a melhoria da
energia no espaço insular e um aproveitamento de uma contribuição americana
feita em meados do século passado, como registra a história noronhense.
........................................................................................
Fotos:
- A placa captadora da água da chuva construída pelos americanos na década de 1950. Acervo do “Programa de Resgate Documental sobre F. Noronha”
- A adaptação atual para gerar energia. Acervo: Diário de Pernambuco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário