segunda-feira, 28 de julho de 2008

A CACIMBA DO PADRE, EM FERNANDO DE NORONHA.


A praia com esse nome, muitos conhecem... A “cacimba” que a re-batizou, não. O lugar é muito quieto e bonito e, por ele se chega à Praia da Cacimba do Padre (antiga “Praia da Quixaba”). No caminho, em meio à vegetação, ela resiste, abandonada e semi-destruída.


Outrora, no tempo em que haviam presos na ilha, sua água cristalina era reservada aos doentes, pela excelência do sabor e as propriedades terapêuticas que possuía. Depois, nos difíceis tempos do Destacamento Misto da II Guerra Mundial e do Território Federal, continuou a ser privilégio dos que mais precisassem, usada quase como remédio. E poucos sabem que a 120 anos atrás – em 1888 - um padre – Francisco Adelino de Brito Dantas - descobriu aquele lugar silencioso e aquela fonte de água limpa e doce, conduzindo a construção, pelos presidiários, da cacimba de 14 metros de profundidade, que eternizou sua presença na ilha.


A cacimba quase não é percebida até pelos ilhéus, que caminham por entre ruínas da habitação do padre lendário, personagem de histórias fantásticas. No dizer popular, é o seu fantasma que aparece nas noites sem lua, cavalgando uma mula branca, sem cabeça, chegando até a beirada da cacimba, como se estivesse a vigiá-la...


Sabe-se pouco sobre a legendária figura. Os arquivos do presídio registram a chegada, na década de 1880, de um padre-sentenciado, que bem poderia ter sido o padre imortalizado ali... Câmara Cascudo, em “O livro das velhas figuras”, fala do inquieto e trabalhador Padre Francisco Adelino de Brito Dantas, do R.G.do Norte, que foi designado capelão do presídio noronhense no século XIX. Quem sabe os dois não a mesma figura, do preso atuando como capelão???

Hoje, arruinada, a cacimba do padre nada possui de destaque, invadida pelo mato e poluída, deixada ao abandono. Um pouco adiante dela está a praia, no seu cenário de sonho, tendo à beira-mar os rochedos Dois Irmãos.


Lugar de meditação e de paz, a Cacimba do Padre de Fernando de Noronha vive esses 120 anos de história, como um patrimônio fernandino de todos os tempos, infelizmente esquecido.

Um comentário:

Luciana Costa disse...

Olá, boa tarde!
Meu nome é Luciana, sou do RN e estou pesquisando sobre a História da minha cidade que foi fundada pelo Pe. Adelino. Segundo minhas pesquisas, é o mesmo padre que foi para Fernando de Noronha ser capelão no presídio.