
Para este ano, de 2008, não há segredo e sim muita vontade de mostrar o tema escolhido, porque ele consolida a vitória da Ordem Carmelita, na luta pela retomada da sua Casa-Mãe: a Igreja do Carmo de Olinda, primeiro templo carmelita da América Latina, iniciado no século XVI.
Foi uma decisão corajosa, a partir do projeto do artista e escultor Carlos Ivan Melo, recriando o morro do Carmo de Olinda, com sua igreja quatro vezes centenária. Para o artista, é mais uma etapa da promessa que fez um dia à Senhora do Carmo, de responsabilizar-se todos os anos pela decoração do andor da festa... Mas, também engajado na luta pela reintegração de posse da igreja de Olinda aos carmelitas, que a perderam no final do século XIX, imaginou criar um andor “que reproduzisse aquela igreja soberba, com seu entorno arborizado, de suaves coqueiros na paisagem e, sobre o conjunto, pairando a Senhora do Carmo, apoiada numa nuvem de hortênsias azuis”.
A idéia é corajosa. A realização exigiu a formação de uma equipe de arquitetos, serralheiros, marceneiros, pintores, escultores e tantos outros profissionais e voluntários, coordenados por ele, como um maestro, na “regência” dessa afinada equipe, criadora de beleza.
O andor estará pronto por volta das 8h da manhã, no dia 16 de julho. Ficará em exposição durante todo o dia, nos jardins diante da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, vizinha à Basílica, com guarda de honra, para que possam ser apreciadas as características de reprodução do templo, seus pináculos, seus detalhes construtivos, numa proporção exata, definida com a ajuda do arquiteto Antenor Vieira de Melo. Em fila, calmamente, todos poderão chegar perto, contemplar a obra de arte, construída com tanto amor e talento, antes que ela saía para a rua, na hora da procissão, no final da tarde.
Pelo cuidado com que tudo está sendo preparado e pelo que se vê, na maquete construída meses atrás, há intenção dos carmelitas em colocarem o andor em exposição permanente, no próprio Convento do Carmo, ao findar-se a procissão e, por isso, os frades pedem aos devotos que tenham o mais absoluto respeito ao andor-homenagem, evitando causar danos a ele, atirando flores, doações ou qualquer coisa que possa feri-lo e alterar os elementos pensados e construídos com tanta cautela e carinho...
A escolha do tema – ‘HOMENAGEM À CASA-MÃE DOS CARMELITAS” - é um reconhecimento da luta travada pelos carmelitas durante anos, em todas as instâncias, para que o templo lhes fosse devolvido. Somente há muito pouco tempo isso se tornou realidade, embora ainda não tenha ocorrido a ocupação do local pelos frades, à espera da desocupação dele pelo escritório do IPHAN ali instalado. Levar às ruas a Virgem do Carmelo pairando sobre sua casa-primeira, exterioriza o valor dado por toda a Ordem do Carmo ao pioneirismo daqueles frades que, a partir de 1580, desbravaram um novo campo missionário, implantando em Olinda seu carisma e sua vontade de evangelizar o Brasil.
Ali começou a presença carmelita nas Américas. Dali eles saíram para todos os recantos possíveis. Para lá voltará a Ordem, brevemente e, neste julho dedicado à Mãe do Carmelo, a réplica do velho e belíssimo templo caminhará pelas ruas do Recife, numa silenciosa e bela reverência histórica!
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