domingo, 17 de agosto de 2008

CURIOSIDADES DE OLINDA - OS TÚNEIS


Na canção “Ladeiras de Olinda”, vencedora do concurso “Uma canção para Olinda”, em 1982, a autora, Mirian Brindeiros fala dos “subterrâneos talvez imaginários”, referindo-se aos TÚNEIS que existiriam nos sítios históricos, ligando, principalmente, igrejas seculares ao seu entorno, como se fossem mesmo “túneis de fuga”, em caso de invasão.

No imaginário do povo, os túneis de Olinda renascem, com seus mistérios, suas histórias fantásticas, sua crua beleza, até onde foi possível percorrê-los.

Para o grande e saudoso historiador José Antônio Gonsalves de Melo, os túneis seriam apenas “passagens ou galerias subterrâneas para escoamento das águas de chuvas”. E esses espaços escondidos seriam ramificações no solo olindense, para evitarem acúmulo de água no solo e conseqüente desmoronamento dos espaços históricos. Para Dom Hildebrando Melo, monge beneditino, também de saudosa memória, estudioso da história e das curiosidades olindenses, “negar a existência dos túneis seria uma atitude anticientífica”, sendo muito mais lógico avaliar as evidências que são muitas, nessa terra plantada em sete colinas e povoadas de igrejas, todas pretendendo ter “saídas alternativas”, no caso de serem molestadas..

O mistério permanece. Iniciativas foram tomadas em busca desses caminhos encobertos pelo solo e pelo tempo. A primeira procura sistemática e oficial ocorreu em 1939, com um grupo de especialistas autorizado pelo Governo do Estado para efetuar escavações. As áreas identificadas foram se sucedendo, surgindo também grupos autônomos que procuravam túneis, mesmo sem o registro oficial.

A imaginação popular ampliava cada vez mais a certeza da existência dos famosos túneis de Olinda, surgindo então, em 1957, a Associação de Pesquisas Subterrâneas de Olinda, fundada pelo construtor Mário Aguiar, que trabalhou muito, escavando e registrando esses “caminhos escondidos”, com a contribuição de diversos profissionais liberais e a orientação do “guia” Hermógenes Monteiro, que vivera, quando menino, aventuras nas emaranhadas passagens subterrâneas. As atividades dessa Associação foram interrompidas em meados de 1960.

Dessas iniciativas ficou a certeza de que haveria muito mais a descobrir, a percorrer, a identificar. Perduram na memória dos mais velhos a crença de que túneis foram abertos a partir do Mosteiro de São Bento, do Convento Franciscano olindense, da antiga Cadeia Eclesiástica (hoje, Museu de Arte Contemporânea), da Igreja da Graça do Real Colégio dos Jesuítas (hoje, Seminário de Olinda) e, o mais famoso dele, partindo da Igreja de N. Sª do Rosário dos Homens Pretos, que segue em direção à Bica do Bonsucesso, localizada exatamente por trás da Igreja.

Este último foi revisitado em 1996, quando da realização das obras de restauração do templo, período em que encontrou-se no templo uma rara pintura com motivos africanos, no arco-cruzeiro do altar-mor e na sacristia. Na mesma época a arqueologia localizou, junto a um dos altares laterais da igreja, uma saída que parecia ir dar na Bica do Rosário. Conhece-se, pois, a possível entrada do túnel; sabe-se onde está a saída, junto à Bica. O que ainda não pode ser feito foi a limpeza e consolidação total do estranho caminho, para confirmar aquilo que a voz do povo apregoa há tanto tempo.

Quem sabe Mirian Brindeiros não tem razão, ao cantar os tais “subterrâneos talvez imaginários” que canta na sua singela e bela canção “Ladeiras de Olinda”???


Um comentário:

FLAVIO DIONISIO disse...

Não sei sé é do seu conhecimento, mas o arquivo publico de olinda tem um trabalho especifico sobre os possiveis tuneis da cidade de Olinda intitulado Subterraneos de Olinda. A conclusão é q existem varias construções subterraneas com várias funções primitiva.
flavio dionisio.