segunda-feira, 25 de agosto de 2008

UMA CIDADE CORTEJADA PELO RIO...


Desde o começo, o lugar era chamado “porto dos navios”, numa alusão às águas fartas que banhavam aquele aglomerado de ilhas. Uma linha reta, de arrecifes, servia de barreira e de espaço reservado para acolher as embarcações que vinham através do oceano.

Serpenteando por essas ilhas desabitadas, estava o rio, que vinha de longe e trazia com ele restos arrancados nas margens por onde passava. Uma primeira dessas ilhas foi ocupadas, acolhendo negociantes, mascates, gente pobre, esperançosa de fazer das negociações constantes um meio de obter riqueza.

Um dia, a coragem franciscana atravessou o rio e foi estabelecer-se do outro lado, na 2ª ilha, trazendo a experiência vitoriosa de Olinda, onde se haviam implantados os frades no século anterior (século XVI). A ocupação se expandia para a outra margem daquele rio tão familiar, na evidente distribuição espacial que ganhava outros ares e se distanciava do porto.

Depois, vieram os holandeses. Desde a chegada, a situação plana das ilhas e a água sempre presente - que lhes era tão familiar na Holanda – gerou a decisão da ocupação oficial, tirando de Olinda o mérito de ser a cabeça daquela capitania próspera e rica.

Saindo os invasores, nunca mais restaurou-se a opulência da antiga capital, no crescimento que se deu, sempre seguindo o curso do rio, como um “caminho líquido” que levava a todos os cantos e facilitava o ir e vir dos homens.

Esse foi o começo, que se perde na memória dos tempos... Sempre foi o Rio Capibaribe, esse eixo de levar e trazer o povo do Recife. A “ribeira do mar dos arrecifes” tinha um diferencial em relação a outras vilas, porque seu chão se expandia entre águas e ilhas, numa simbiose perfeita e marcante.
.............................................

Pena que o progresso trouxe também os males que todos os aglomerados humanos produzem, enfeiando o rio em partes do seu curso, quebrando um pouco daquela beleza limpa guardada na memória... Ainda assim, este é o Recife, a “cidade-arquipélago” de que fala Gilberto Freyre, a terra do rio o “cão sem plumas”, como o quis o poeta João Cabral, a terra de muitos encantos e de beleza incomparável, desde sempre, cortejada que foi e que é por esse rio que vem de longe, para desaguar aqui.

Rio Capibaribe, marca de um Recife que se fez Capital de homens e de sonhos!

Um comentário:

Anônimo disse...

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.


viva joão cabral!