sexta-feira, 10 de outubro de 2008

AH! CRIANÇAS, CRIANÇAS...


Elas chegam.
Trazem gorjeios nas vozes que se misturam;
lufadas de vento na pressa com que se agitam;
doçura no olhar desarmado
com que enfrentam nosso enorme muro
de descrença e solidão.

Não pedem nada
que não lhes seja vital,
como água, ar, afeto...

Seguram-se em nossas mãos
– como a buscar força –
e, na aparente vulnerabilidade,
carregam o esquecido mundo

que já foi nosso e sabemos ser tão forte,
que jamais pode ser superado.

Ah! Crianças, crianças...
Não cresçam logo! Não tenham pressa!
Deixem-nos a árdua tarefa
de abrir veredas

por onde vocês tagarelarão, contentes e soltas,
enquanto podem sentir asas nos pés
e, nas mãos, alados cavalos de sonho...

O mundo, esse “nosso mundo”,
grande e sério,
só se lembra do riso fácil
e de como é simples ser saciado,
quando se olha
– como num espelho -
no reflexo, na medida, na verdade maravilhosa
contida no amor de um menino.

Ah! Crianças... Ah! Crianças!...

(Publicado no meu livro “Cantando o amor o ano inteiro”, Paulinas/SP, 1986)

Nenhum comentário: