quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A BIBLIOTECA PÚBLICA DE FERNANDO DE NORONHA



Uma Biblioteca é sempre um referencial, em qualquer lugar onde funcione. Não seria diferente em Fernando de Noronha, embora o gosto e o incentivo à leitura só começasse a ser praticado já no século XX,

Foi em setembro de 1932, que se criou a pioneira “Biblioteca 7 de Setembro”, com mais de mil livros no seu acervo, como uma Sociedade que, em 19 de dezembro de 1938, transformou-se no “Centro de Cultura e Diversões 7 de Setembro”. Esse setor cultural, que prestou grandes serviços a Fernando de Noronha, tinha outros bens, além do acervo valioso de livros, como bilhares e jogos de salão, realizando festas, competições, teatro infantil e adulto. Infelizmente tudo foi desbaratado em fins de 1949.

Nas reminiscências do Major Campos Aragão, primeiro comandante do 2º Regimento de Artilharia Anti-Aérea do Destacamento Misto de Fernando de Noronha da II Guerra Mundial, publicadas na obra “Guardando Céu nos Trópicos”, está o relato feito por ele ao Centro de Cultura e, em especial, à Biblioteca instalada no mesmo espaço, em uma divisão pequena, das obras ali encontradas. Em “três armários apinhados de livros” estavam obras de Shakespeare, Goethe, Voltaire, Dante, Renan, Prevost, Victor Hugo, Stefan Zweig, Zola, Huxley, Edgar Poe, Coelho Neto, Humberto de Campos, Machado de Assis, Ribeiro Couto, Érico Veríssimo, Edgard Wallace, Jack London, Monteiro Lobato, Lins do Rego e muitos outros... Muitas dessas em francês, inglês, espanhol e italiano. Aquilo era tudo o que restava das iniciativas do passado...

Por Decreto Distrital de 1º de outubro de 1970, no Governo do Major Jayme Augusto da Costa e Silva, criou-se em Fernando de Noronha uma Sala de Leitura, posta em funcionamento em uma das salas do Palácio São Miguel, sede do Governo militar.

No ano de 1972, essa Sala de Leitura passou a funcionar na única escola existente (então chamada “Unidade Integrada de Ensino de Fernando de Noronha”), para o que foi firmado um convênio com o Instituto Nacional do Livro / órgão do MEC, para a realização do "Programa do Livro Didático do Ensino Fundamental", coordenado no arquipélago pela Técnica em Educação Maria José Ferreira Sobral, a partir de 1º de agosto de 1972 e que exercia, à época, as funções de Diretora do Departamento de Educação e Cultura do Território e de Diretora do Ginásio que fora criado em 1964, pela Campanha Nacional de Escolas da Comunidade - CENEC.

Por esse convênio, foram enviados muitos livros para o Arquipélago, melhorando o uso da sala criada para esse fim. Esses dados aparecem nos Relatório do Território Federal de Fernando de Noronha, apresentado ao Presidente da República, relativo ao período de 03;08/1971 a 31/12/ 1972, pelo Governador Ruperto Clodoaldo Pinto. O Relatório seguinte, no ano de 1973, aponta o recebimento de 1.610 volumes, que permitiram o funcionamento do Banco do Livro e que fez surgir a proposta do Governo Territorial de transformar a Sala de Leitura em uma Biblioteca Pública Territorial, proposta essa aceita pelo INL / MEC.

Em 30 de outubro de 1973, pelo Decreto Territorial nº 54, a Sala de Leitura do Território foi transformada em Biblioteca Pública, instalada em terreno anexo à escola. E, em abril de 1974, uma bibliotecária da Escola Técnica Federal de Pernambuco, fez a primeira organização dessa biblioteca, preparando-a para atender à comunidade noronhense.

Em 1998, tendo falecido o primeiro diretor do PARNAMAR / FN. Heleno Armando da Silva, filho da ilha, pretendeu-se implantar a Biblioteca Pública na casa onde ele havia residido, na década de oitenta. Chamou-se Biblioteca Pública Heleno Armando, nome escolhido entre 29 participantes do concurso então estabelecido para a titulação do novo espaço cultural.

O interesse do Conselho Distrital em fazer da mesma residência – de grande visibilidade – a sede do órgão, determinou as gestões que fizeram com que a Biblioteca Pública voltasse a ocupar espaço junto à Escola Arquipélago e fosse mantido o nome do seu patrono: Engº de Pesca Heleno Armando da Silva..

Hoje a Biblioteca noronhense serve aos jovens da Escola Arquipélago e à comunidade, continuando a ser o lugar onde estão depositados os livros que trazem o mundo ao espaço insular isolado no Atlântico.

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