sexta-feira, 6 de março de 2009

06 de março - DATA MAGNA DE PERNAMBUCO


A escolha foi popular. Urnas espalhadas pelas cidades. Povo chamado a escolher entre várias datas históricas, qual a mais significativa. E, absoluta, a data escolhida é 06 de março de 1817: a da Revolução de 1817, marcada por atos de bravura e demonstração da coragem pernambucana.

Na época, Pernambuco era um lugar de senhores de engenho e plantadores de algodão. A população pobre era de escravos, pretos e mulatos, que vivian na miséria. Os poderosos temiam que os escravos fossem libertados e viessem a fazer falta, como braços fortes em suas terras onde praticavam a agricultura. Nomes se destacavam nas contendas, como Cruz Cabugá e Gervásio Pires, a favor da independência de Pernambuco. Outros, como os Suassunas, os irmãos Manoel e Francisco Carvalho Paes de Andrade e outros, donos de engenho e plantadores de algodão eram contrário às novas idéias.

Começava a nascer o sentimento de patriotismo... Padres expunham suas idéias liberais, principalmente no Seminário de Olinda, fundado em 1800, de onde saíram padres iluminados, o que fez a Revolução de 1817 ser chamada Revolução de Padres! Maçons apoiavam essas idéias. D. João VI estava no Brasil. Percebia-se no nordeste uma resistência muito grande, que viria a se agravar por volta de 1817, com uma crise econômica que teve a sua origem na queda do preço internacional do açúcar e do algodão - principais produtos de exportação da região. Protestos de gente abastada contra os que a ela servia criou o quadro ideológico que gerou a Revolução... Não apenas acontecimentos isolados mas uma corrente do pensamento iluminista e liberal, como acontecia na Europa, estimulando a luta pela independência. Sociedades secretas e o Seminário de Olinda foram ganhando numerosos seguidores, gerando essa que foi a primeira manifestação significativa de um Brasil colonial que mudava, buscando sua libertação política.

A miséria existia. O povo estava insatisfeito com o mau governo, a carestia de vida, os privilégios dos reinos. Mesmo entre os militares, haviam brigas entre oficiais brasileiros e portugueses. Tudo alimentava o espírito revolucionário que vinha crescendo. Por fim, em 6 de março de 1817, o governador de então, Caetano Pinto de Miranda Montenegro resolveu agir contra os que se insurgiam, deflagrando-se o movimento o derrotou e o fez refugiar-se numa fortaleza, partindo deportado em seguida para o Rio de Janeiro.

Consolidou-se a revolução. Formou-se um governo provisório. Criou-se nova bandeira (que é até hoje a Bandeira de Pernambuco). As aspirações revolucionárias foram incorporadas à Lei Orgânica. Difundiram-se os ideais vitoriosos para a Paraíba, o Rio Grande do Norte e a Bahia (sendo seu divulgador o padre José Inácio de Abreu e Lima - conhecido como padre Roma – que lá foi preso e fuzilado pelo governador conde dos Arcos). O emissário Falcão de Lacerda vai, pelo mar, desmantelar tudo o que tinha sido erguido no arquipélago de Fernando de Noronha.

Durou pouco essa nova forma de governo... Em 19 de março, renderam-se os revolucionários. A repressão tornou-se violenta e as punições foram se sucedendo. Um a um, os implicados foram sendo presos, mortos (arcabuzados, fuzilados e/ou enforcados).

Um ano mais tarde, em 1818, D. João VI ordenou o encerramento da devassa, mandando libertar e anistiar os que não tivessem culpa formalizada. Ficou o registro corajoso de um punhado de bravos, que sonharam uma região livre, independente, senhora do seu próprio destino.

OBS: A Bandeira de Pernambuco, que ilustra este artigo, foi originada na Revolução de 1817, sendo oficializada em 1917, na comemoração do centenário da mesma revolução, pelo Governador Manuel Borba.


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