sexta-feira, 5 de março de 2010

INTERDITADA A MATRIZ DE SÃO JOSÉ – NO RECIFE


A notícia pegou a todos de surpresa... A velha Matriz de São José, no Recife, foi interditada, porque está com a estrutura danificada e há riscos para os freqüentadores do velho e tão querido templo.

Sua construção iniciou-se em 1845, no bairro de São José / ilha de Santo Antônio e só viria a ficar pronta duas décadas depois. Ao seu redor a cidade cresceu, transformou-se, viu aumentar o fluxo de carros nas suas proximidades, abalando e interferindo na edificação como um todo, dados esses hoje expostos e preocupantes, como feridas nascidas do abandono dos homens e dos que protegem o patrimônio cultural do País.

Claro, algumas obras urgentes de conservação foram executadas, em períodos diversos mas, o que se sabe hoje, é que as vigas que sustentam o telhado estão danificadas; o madeiramento destruído pelo cupim; há rachaduras nas paredes, tudo evidenciando o perigo e o lamentável abandono, apesar das iniciativas dos paroquianos gerando parcos recursos, para tratar o que fosse mais urgente, nessa estrutura tão fragilizada...

Única igreja em estilo neoclássico do centro do Recife, a Matriz de São José é uma construção do século XIX, com frontispício austero e torres pesadas, conforme ficou após uma discutida restauração. Há um trabalho na fachada: mosaicos azuis e brancos, num semicírculo, de Francisco Brennand. Tochas com labaredas de pedra, adornam o muro do adro. Dois quadros dentro da igreja, de autor desconhecido, mostram Dom João Marques Perdigão, bispo da Diocese de Olinda, à época da construção do templo e o Deão Farias, personagem da época. Sua maior atração está nas portas internas da sua entrada principal, toda ela feita em pau-brasil.

A criação da Paróquia se deu em 02 de maio de 1844 e a bênção e festa de inauguração ocorreram nos dias 07 e 08 de dezembro de 1864. Seu vigário, há mais de três décadas, é o padre José Augusto Esteves, que tentou várias alternativas para conseguir recursos que permitissem iniciarem-se as obras emergenciais... Mas isso é quase impossível, diante dos danos identificados e da impossibilidade de receber-se ali o apoio público, por não ser a Matriz tombada, nem a nível estadual, como nacional. Sem a proteção oficial dos órgãos de patrimônio, reconhece-se apenas que ela se encontra em um perímetro de tombamento, incluída no inventário de patrimônios religiosos do estado que está sendo realizado pelo IPHAN.

É uma pena que um bem patrimonial de tanta importância chegue a esse ponto... Tomara que ele ainda mereça as atenções dos que podem salvaguardá-lo! Tomara!

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