sábado, 10 de abril de 2010

IMAGENS DE UMA ILHA ENCANTADA...


A exuberante natureza atrai e fascina o visitante. Talvez por causa dela - desavisados - nem todos vivem a expectativa de descobrir o passado nas pedras dos caminhos que contam histórias, nas paredes seculares que escondem emoções, solidão e desespero de encarcerados, nas fortalezas que se projetam sobre o mar claríssimo, como sentinelas e guardiãs desse patrimônio. Talvez por isso mesmo, descobrir as evidências arquitetônicas de Fernando de Noronha seja uma surpresa, uma revelação, um mergulho num tempo distante, quando tudo jazia intocado e o homem chegou, modificando, construindo, transformando o espaço para nele poder viver.

Foi o homem que inventou vilas para se abrigar. Foi o homem que ergueu monumentos para proclamar a sua fé ou guardar seus comandados, submetidos aos rigores do cárcere. Foi o homem que desbravou o verde original, permeando-o de casas, de capelas, de mirantes, de terríveis solitárias, de espaços de comando, de prédios para estocagem de produtos... Esse rico patrimônio cultural, ampliado pela transmissão oral de bens imateriais, tem mais de cinco séculos de história... Vale a pena descobri-lo, conhecê-lo!

São praias de águas límpidas, pedras escuras que as emolduram, elevações a serem ultrapassadas. São mais de quarenta espécies de aves que povoam os espaços. São corais e animais deversificados, escondidos no fantástico mundo submarino, profundamente azul. São núcleos urbanos , como a Vila dos Remédios e a Vila da Sambaquixaba (ou da Quixaba), remanescentes da definitiva ocupação da ilha por Pernambuco, em 1737, e outras áreas de habitação e serviços que se foram erguendo nos diversos períodos de presença militar. São evidências arquitetônicas que sinalizam para a monumentalidade que existiu no passado, alvo, nos nossos dias, de um processo de revitalização e valorização pelo Turismo. São embarcações naufragadas em muitos pontos ao redor do Arquipélago. São os verdes da cobertura vegetal que se derama e se ergue por todos os espaços. São pontes do século XVIII, por sobre riachos que secam no tempo de estiagem e correm livres quando chegam as chuvas. São registros iconográficos no Memorial Noronhense/Espaço Cultural Américo Vespúcio, reunindo e apresentando um circuito histórico cronológico, que abrange todas as fases vividas, do descobrimento, abandono e ocupação temporária (com abordagens estrangeiras que também deixaram rastros) e ocupação definitiva, da qual restam documentos originários da Colônia Correcional (1737/ 1938); dos dois Presídios Políticos (o primeiro entre 1938 e 1942 e o segundo entre 1964 e 1965); do Território Federal militar (1942/ 1987) e Civil (1986/ 1987) e da reintegração a Pernambuco, em 1988, pela Constituinte. Essa docmentação, do Arquivo Histórico Noronhense, é alvo de organização, para a ele ser anexada toda a documentação decorrente do "Programa de Resgate Documental sobre Fernando de Noronha", em curso desde 1974.

Tudo isso encanta, seduz e entusiasma! Tudo isso é FERNANDO DE NORONHA, o paraíso insular em meio ao Atlântico, Distrito Estadual de Pernambuco, sonho de todos os brasileiros, herança singular para um Brasil inteiro!

(texto meu, atualizado, da Abertura de uma Exposição feita no Shopping Center Recife, em agosto de 1999)

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