domingo, 20 de março de 2011

UMA TRADIÇÃO NORDESTINA QUE SE RENOVA

"Eu prantei (plantei) meu "mio" (milho) todo no dia de São José...
Se me ajuda a "providênça" (Providência)
vamo (vamos) ter mio a "grané" (granel)...
Vou "coiê" (colher), pelos meus "caico" (cálculos),
vinte espiga em cada pé"...

A canção gostosa ecoa, pelos tempos afora, na poderosa voz de Luiz Gonzaga. E ela guarda uma tradição valiosa, na crença do nordestino no poder de São Jósé em ajudá-lo a ter uma safra de milho boa, a cada ano.

Não há mistério nessa ligação do "dia de São José", 19 de março, com o tempo de "São João", 24 de junho, porque esse é o tempo necessário - medido em semanas, entre essas duas datas do calendário religioso - para que o milho - plantado em meados de março - esteja pronto para ser colhido em junho. O povo é que, sabiamente, "inventou" o seu calendário particular, ligado às celebrações religiosas da Igreja Católica. É o saber popular justificando a ciência à sua maneira!

Ontem, dia 19, foi o DIA DE SÃO JOSÉ. Homenagens foram prestadas àquele que a igreja venera como o pai adotivo de Jesus, a quem foi dada a missão de zelar pelo Filho de Deus e por sua Mãe, Maria, criando-O desde o nascimento. E, entre as muitas festas feitas para ele, que é o Patrono da Igreja, está a dos agricultores nordestinos, prontos para ao plantio, crendo naquilo que aprenderam de seus pais, avós e que repassarão para as gerações futuras.

Mais uma vez prevaleceu a sabedoria que vem do povo, que se consolida entre os mais simples, que se perpetua como herança, na riqueza da sua tradição. O mesmo povo que batiza seus filhos com o nome JOSÉ, também considerando herança, ter esse nome abençoado entre os seus. E é esse povo que considera "obrigação" chamar de Maria José / José Maria, a toda criança que nascer "laçada" (envolvida no cordão umbelical), como uma tentativa de evitar que esse menino/menina venha a "morrer queimado ou afogado".

E isso me faz lembrar uma outra deliciosa canção, do paraibano, mestre do repente, Jackon do Pandeiro, que diz: "Vixe, como tem Zé. Zé de Baixo, Zé de Riba. Desconjuro assim com tanto Zé... Mas como tem Zé lá na Paraíba!

Coisas saborosas que retratam a cultura popular deste Nordeste sofrido e sábio, que vale a pena recordar"

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