quinta-feira, 22 de março de 2012

LEMBRANDO O MAESTRO M. BEZERRA


Ele nasceu em Sergipe. Batizado como MABEL BEZERRA MOURA, jamais aceitou ser chamado assim, adotando sempre – principalmente nas partituras das canções que criou pela vida – o nome M. BEZERRA e nada mais. E um dia, adotou o Recife como o lugar para viver, pernambucanizando-se em definitivo.

Talentosíssimo, entrou no Shola Cantorum N.Sª do Carmo como coralista tão somente... E assim permaneceu, por anos e anos, talvez exercitando a sua humildade, sem deixar que o conbecimento de regência aflorasse e lhe permitisse assumir o comando daquele grupo exclusivamente masculino, criado especialmente para entoar o repertório de músicas carmelitanas, nas celebrações da Basílica do Carmo do Recife, da padroeira da capital pernambucana.

Um dia, o grupo se descobriu acéfalo, com a saída do maestro então titular... E M. BEZERRA assumiu a sua regência, passando a sonhar com modificações que levassem aquele seleto conjunto a cantar músicas de compositores eruditos, repertórios sacros de muitas procedências e, afora isso, enveredar pelo caminho da música popular e folclórica, valorizando a cultura nordestina em todas as esferas da sua expressão tão característica. Mudava-se o perfil da “Schola Cantorum”... Nascia o CORAL DO CARMO DO RECIFE.

E o grupo criado por Frei Pio Moreira, em 1949, “ganhou asas”, espalhando o seu cantar pelo Brasil afora, pela América Latina, pela Europa. Ninguém imaginaria que ele ousaria tanto, assombrando platéias seletas com a força do seu cantar forte, expressão de uma sofrida e criadora região do País.

Na deflagração dessa caminhada, estava o valor daquele regente competente, apaixonado pela música de boa qualidade e farejador desses caminhos que levavam ao sucesso. Foi o Maestro M. BEZERRA quem pressentiu a força da mudança e por ela dedicou-se aos momentos de criação, compondo páginas inesquecíveis do repertório do Coral e criando arranjos fantásticos para canções de todas as procedências e matizes.

Seu trabalho espalhou-se pelo mundo coralístico. Seus arranjos e suas composições foram se espalhando por aí. Seu nome registrou-se de forma definitiva.

Agora, M. BEZERRA partiu. Deixou-se ficar, no entanto, na obra criada, nos livros que reúnem muitas composições suas e arranjos especiais.

De todos os lugares, vieram mensagens de carinho e saudade. O valor daquele homem é tanto que vai ultrapassar esse tempo em que ele viveu e fazê-lo imortal. Quem poderá esquecer “Bolinha de Cambará”, “A charanga tocou”, “Apolônio, o gago”, “Panis Angelicus”, “Missa Flos Carmeli”, “Prece” e tantas outras maravilhas nascidas do seu talento...

Tomara que o mundo musical não o esqueça nunca! Tomara que todos esses que cantaram um dia as canções a que ele deu vida, continuem a reverenciar M. BEZERRA, o maestro, o compositor, o amigo, o homem!

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