“Estavas presa em Noronha,
perguntam-me a brincar.”
“Sim, mas presa aos encantos,
repondo sem vacilar!”
Uma data para lembrar de tantas
manifestações nascidas no meio do povo, em sintonia com a sensibilidade desse
povo, que faz coisas, inventa formas singelas de agir, cria o lazer do seu dia
a dia, dá um sabor especial ao tempo que passa, dividindo com outros esse saber
imaterial, tão importante...
Em Fernando de Noronha, a mais
significativa expressão desse saber popular está nas LENDAS que
atravessaram os tempos, guardando em seu nascedouro a constatação do mundo
prisional, principalmente. Foi o enorme contingente de presidiários e
correcionais que atribuíram nomes àquilo que os rodeava, que tentou espantar
seus medos em histórias fantásticas, que falaram de mulheres numa terra onde
elas foram proibidas de chegar, por séculos. Essas lendas foram sendo
registradas, decantadas, poetizadas, teatralizadas e chegaram aos dias de
agora, pelo milagre do seu registro de muitos pesquisadores e poetas, através
dos tempos.
Esta é o PATRIMÔNIO IMATERIAL fernandino.
Ele resistiu nos escritos, renasceu em folhetos de cordel, em canções singelas
ou elaboradas, no imaginário dos homens de muitas épocas, antigamente obrigados
a cumprir pena e hoje “presos” aos encantos do lugar.
Mas todos sabem da Alamoa, da
Cigana e seu cajueiro mal-assombrado, do Pescador solitário no Sueste, do
Padre-fantasma, cuidando dos seus domínios, do Capitão-pirata que ali sepultou
seu tesouro, do Homem por sobre os telhados, do Menino-do-dentão aterrorizante,
da Cajazeira malassombrada... Cada história remonta um tempo que se foi... Na
maioria delas, o erotismo reprimido de uma terra sem mulheres ou tendo-as em
minoria.
Esse é o FOLCLORE insular.
Claro, existem outros registros. Mas nada é mais forte e emblemático no
arquipélago do que as LENDAS que atravessaram os séculos. Não.
Mesmo!
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Desenho: Zenival - Revista Continente. Edição comemorativa dos 500 anos do descobrimento de F.Noronha
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Desenho: Zenival - Revista Continente. Edição comemorativa dos 500 anos do descobrimento de F.Noronha
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