quinta-feira, 10 de outubro de 2013

INIMIGO ESCONDIDO




A Corveta se aproximava de Fernando de Noronha. Dizem que o comandante, embora com a carta náutica, descuidou-se. Bem que o marujo avisou: - cuidado com o cabeço! E ele, distraído, olhando a profundidade do mar, não ordenou o desvio. De repente: pumba! A Corveta bate no famigerado cabeço e rompe grande parte do seu casco...
A solidariedade foi grande para salvar os que quase se afogavam...
Lanchas iam e vinham, recolhendo náufragos e trazendo-os para a terra firme. Depois, a tentativa de puxar o navio, rebocando-o mais para perto.
Era o dia 12 de outubro de 1983. A preciosa carga se perdia, afundada no mar, deixando PR todos a lembrança triste de uma falha.
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Essa é a história de um dos naufrágio nas águas de Fernando de Noronha. A Corveta Ipiranda bateu numa estranha e saliente pedra, chamada por todos de cabeço, próxima à Ponta da Sapata. A aventura foi contada em versos por Mestre Assis, sargento do Exército e poeta popular.
Outros naufrágios jazem no mar noronhense. Nem todos devidamente registrados... Esse, tão decantado pelos mais velhos, faz aniversário brevemente. São 30 anos afundado ali, tão perto e sendo hoje um dos mais interessantes e procurados pontos de mergulho do Arquipélago.
Numa homenagem ao Mestre Assis, deixamos aqui os seus versos singelos:

“Esta parte é uma pedra,
uma pedra perigosa;
ela não gosta de brincadeira,
não gosta de muita prosa;
aquele que bater nela,
acaba vira de roda.

Ao lado tem outra pedra:
o nome dela é cabeço.
Quem passar por perto dela
tem que passar com muito jeito.
No dia 12 de outubro de 83
botou a pique uma corveta.

É uma pedra encantada
e dizem, dizem, até parece.
Maré cheia não se vê;
só se vê quando a maré desce;
parece uma ponta
parecida com uma flecha.”

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História contada no meu livro, “Fernando de Noronha – Lendas e Fatos Pitorescos”

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