No
artigo 1º do Decreto nº 47, daquela data dizia-se: Fica à disposição do
Governo Federal, a titulo precário, a Ilha de Fernando de Noronha. Terminava o longo Presido Comum, que durara 201 anos
e era Requisitada a Ilha de Fernando de Noronha pelo Governo Federal,
para aí implantar o Presídio Político oficial, reunindo no arquipélago
aliancistas, integralistas e comunistas.
A documentação existente dá conta ter havido uma
sessão a título precário do arquipélago
à União e, para isso, acertava-se uma indenização de dois mil contos de
réis para a construção da Ponte Getúlio
Vargas (unindo a ilha de Itamaracá ao continente) e da Colônia
Agrícola de Itamaracá, onde seria desenvolvida a cultura de
hortaliças, fructas e cereaes para o
abastecimento da capital (Recife).Meses mais tarde (em 23 de
julho de 1938) a Ilha
de Fernando de Noronha estava em condições de ser definitivamente
entregue.
E a ilha deixou de ser pernambucana, para se
transformar num local oficialmente destinado a abrigar presos políticos. Isso
não significou que todos os presos comuns tenham sido transferidos. No Processo Pernambuco 25/1938, explicava-se que todas as providências para a entrega tinham sido tomadas e que tinham ficado na ilha apenas funcionários
administrativos e 265 detentos necessários aos trabalhos de conservação
dos prédios, estradas, lavouras e gado. O 1º Tenente Coronel Victorio Caneppa,
Diretor da Casa de Correção do Distrito Federal, foi o escolhido para receber -
do Governo de Pernambuco - o arquipélago com seus bens móveis e imóveis e
semoventes.
Três anos durou esse Presido Político Oficial. Lá foram
confinados presos como Abel Chermont, Abguar Bastos, Ademar
Conrado da Veiga, Agliberto Vieira de Azevedo, Agildo
da Gama Barata Ribeiro, Álvaro de Souza, Antônio
Bento Monteiro Tourinho, Antonio Maciel Bonfim, Antonio
Soares de Oliveira, Ari Campista, Augusto Paz Barreto, Belmiro
Valverde, Benedito de Carvalho, Braz Néri, Carlos Marighella, David
Ribeiro, Diógenes Magalhães, Domingos Velasco, Epifânio
Bezerra, Everaldo Waleste de Freitas, Glauco de Albuquerque Menezes,
Gregório
Bezerra, Guarati Ramos, Guttman, Hilca Leite, Himalaia
Virgolino, Iguatemi Ramos, Ivan Ribeiro, Ivo Meireles, Jayme
de Rezende Pacheco, João Antônio, Joaquim de Araújo Lima, João
Mangabeira, José Alves de Lima, José Elpídio da Silva, José
Francisco de Oliveira, José Gutman, José Medina, José
Morales, Leivas Otero, Júlio de Morais, Luiz
Veiga, Manoel Batista Cavalcante, Manoel Pedro Moura, Mário
de Souza, Mário Pariva, Oswaldo
Silva, Otávio Silveira, Pascácio Fonseca, Roberto
Morena, Rodolfo Ghiolde, Rui Presser Belo, Sócrates
Gonçalves, Soveral, Sylo Meireles, Waldemar Conrado da Veiga,
dentre outros, num total de mais de seiscentos presos.
Em 1942, esses presos políticos foram transferidos para a Ilha Grande. Agora seria a vez da ilha ser transformada num Destacamento Misto da II
Guerra Mundial.
Mais
isso é outra história...
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Fotos:
Presos políticos em momento de lazer
Prisioneiro Agido Ribeiro e o Teatro que criou, durante a prisão.
OBS: (acervo original: Agildo Ribeiro Filho)
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