domingo, 26 de janeiro de 2014

UMA DATA HISTÓRICA NORONHENSE



26 de janeiro de 1938 

No artigo 1º do Decreto nº 47, daquela data dizia-se: Fica à disposição do Governo Federal, a titulo precário, a Ilha de Fernando de Noronha. Terminava o longo Presido Comum, que durara 201 anos e era Requisitada a Ilha de Fernando de Noronha pelo Governo Federal, para aí implantar o Presídio Político oficial, reunindo no arquipélago aliancistas, integralistas e comunistas.
A documentação existente dá conta ter havido uma sessão a título precário do arquipélago à União e, para isso, acertava-se uma indenização de dois mil contos de réis para a construção da Ponte Getúlio Vargas (unindo a ilha de Itamaracá ao continente) e da Colônia Agrícola de Itamaracá, onde seria desenvolvida a cultura de hortaliças, fructas e cereaes” para o abastecimento da capital (Recife).Meses mais tarde (em 23 de julho de 1938) a Ilha de Fernando de Noronha estava em condições de ser definitivamente entregue.

E a ilha deixou de ser pernambucana, para se transformar num local oficialmente destinado a abrigar presos políticos. Isso não significou que todos os presos comuns tenham sido transferidos. No Processo Pernambuco 25/1938, explicava-se que todas as providências para a entrega tinham sido tomadas e que tinham ficado na ilha apenas funcionários administrativos e 265 detentos necessários aos trabalhos de conservação dos prédios, estradas, lavouras e gado. O 1º Tenente Coronel Victorio Caneppa, Diretor da Casa de Correção do Distrito Federal, foi o escolhido para receber - do Governo de Pernambuco - o arquipélago com seus bens móveis e imóveis e semoventes

Três anos durou esse Presido Político Oficial. Lá foram confinados presos como Abel Chermont, Abguar Bastos, Ademar Conrado da Veiga, Agliberto Vieira de Azevedo, Agildo da Gama Barata Ribeiro, Álvaro de Souza, Antônio Bento Monteiro Tourinho, Antonio Maciel Bonfim, Antonio Soares de Oliveira, Ari Campista, Augusto Paz Barreto, Belmiro Valverde, Benedito de Carvalho, Braz Néri, Carlos Marighella, David Ribeiro, Diógenes Magalhães, Domingos Velasco, Epifânio Bezerra, Everaldo Waleste de Freitas, Glauco de Albuquerque Menezes, Gregório Bezerra, Guarati Ramos, Guttman, Hilca Leite, Himalaia Virgolino, Iguatemi Ramos, Ivan Ribeiro, Ivo Meireles, Jayme de Rezende Pacheco, João Antônio, Joaquim de Araújo Lima, João Mangabeira, José Alves de Lima, José Elpídio da Silva, José Francisco de Oliveira, José Gutman, José Medina, José Morales, Leivas Otero, Júlio de Morais, Luiz Veiga, Manoel Batista Cavalcante, Manoel Pedro Moura, Mário de Souza, Mário Pariva, Oswaldo Silva, Otávio Silveira, Pascácio Fonseca, Roberto Morena, Rodolfo Ghiolde, Rui Presser Belo, Sócrates Gonçalves, Soveral, Sylo Meireles, Waldemar Conrado da Veiga, dentre outros, num total de mais de seiscentos presos.

Em 1942, esses presos políticos foram transferidos para a Ilha Grande. Agora seria a vez da ilha ser transformada num Destacamento Misto da II Guerra Mundial. 

Mais isso é outra história... 

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Fotos: 
Presos políticos em momento de lazer 
Prisioneiro Agido Ribeiro e o Teatro que criou, durante a prisão.  
OBS: (acervo original: Agildo Ribeiro Filho)




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