Olhando a imagem da PENSÃO BORGES, na singela cidadezinha
portuguesa de Campelo-Baião, volto
no tempo para lembrar a minha emoção em entrar nessa Casa, em busca das minhas raízes
paternas, reencontradas num outro tempo, já adulta...
Daqui saiu o meu pai, Alfredo Borges, aventurando-se a criar um
serviço novo no distante país que adotaria, onde teve filhos, trabalhou
duramente e se foi, deixando-nos a todos marcados pela saudade daquele homem
singelo, eternamente de camisa-de-meia, fazendo placas esmaltadas e em metal
para veículos, para ruas e praças, para enumerar as casas, para profissionais (“Dr.
Fulano de Tal, Médico” ou “Advogado”, “Dentista”, etc, etc,, etc.). O homem de pouca cultura acadêmica e enorme experiência de vida, era também o contador
de histórias do seu tempo de menino, que cantava fados brejeiros
encantadores e nos fez amar sua terra para sempre ...
A visita era, naquele momento, realmente
sentimental: a casa, as cerejas colhidas no quintal, o almoço farto, as
conversas tímidas no início, o sotaque da parentela despertando saudade...
Depois, a ida ao cemitério tão perto, a oração diante dos túmulos dos avós Eduardo e Joaquina Borges, memorizando definitivamente a frase que emoldurava
o jazigo: “para além da morte, a vida; para além da vida, o céu. Ó morte, fostes
vencida; forte poder te venceu”.
Em frente à casa - neste 2016 - está o sobrinho Sérgio Borges, filho e herdeiro musical
do pai, Maestro Fernando Borges, meu irmão. Foi
dele o gesto de carinho, registrando
aquele momento para a tia aqui no Brasil, dando a ela novas razões para emocionar-se.
A casa do meu pai, Alfredo Borges, numa vilazinha do norte de Portugal, é como uma miragem no tempo que passa... E o coração se enternece pela visão disto tudo e pelo carinho do sobrinho, orgulhoso de sua descendência!
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