segunda-feira, 17 de outubro de 2016

1629 - OS HOLANDESES CHEGAM EM FERNANDO DE NORONHA

 
No século XVII, durante 25 anos os holandeses viveram em Fernando de Noronha, muito antes de se estabelecerem no continente, em Pernambuco.
Tudo os se deu a partir de outubro de Outubro de 1629. Eles chegaram nos navios Otter e Hamick, comandados pot Cornelie Corneliszon Jol, apelidado de “o Perna de Pau”. Rechaçados pela flotilha do Capitão Ruy Calaza Borges, a mando do Governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque, foram desembarcar na Baía Sueste, no “mar-de-fora“. Atravessaram a ilha a pé, até a Baía de Santo Antônio, onde encontraram uma embarcação fundeada, e uma outra, numa praia próxima, fazendo a “aguada” (retirada de água doce), provavelmente na região do Boldró. Afundaram os navios, capturaram, mataram e/ou aprisionaram brancos e negros, “exceto aqueles que fugiram e se esconderam nos rochedos”, continuando a viver na ilha.
O que fizeram eles nesse longo tempo de permanência? Como viveram? Como o Brasil pode ignorar essa presença estrangeira a ponto de apenas contabilizar a permanência holandesa no Pernambuco continental e seus arredores? Claro que, para viver na ilha, eles precisaram fazer desmatamento, construírem um reduto, no mesmo lugar onde hoje a Fortaleza dos Remédios, erguerem casas e uma Congregação Calvinista, introduziram animais e plantas na ilha e, com isso, modificaram aos poucos o ambiente insular. E, a partir de 1631, tiveram um arrendatário, indicado pela Holanda: Michiel de Pavw, o que fez com  que o nome de Ilha ocupada passasse a ser PAVÔNIA, (latinização do sobrenome PAVW).    
A história oficial considera que a invasão holandesa terminou aí e só seria retomada em 1635... Sabe-se, no entanto, que a permanência escondida dos invasores, manteve os holandeses na ilha tendo, inclusive, o mesmo Governador da Capitania de Pernambuco solicitado auxílio de Portugal para expulsá-los definitivamente. Não conseguindo isso, os registros que restaram falam de um mercenário alemão (Ambrósio Richshoffer), que foi a Fernando de Noronha, no Iate Bruin Visch, levando negros para ajudar as tropas holandesas que estavam construindo o acampamento e que já possuíam dois canhões e um pequeno reduto, em forma de estrela, com doze ângulos, 45m acima do nível do mar. E já era comum, àquela altura, o envio para lá de soldados e de escravos doentes - sobretudo atacados de escorbuto - para serem tratados, considerando o clima excepcional do arquipélago.
Foram 25 anos de permanência, de experimentos agrícolas, de arrendamento, de construção de monumentos (especialmente o reduto no morro onde hoje se situa a Fortaleza dos Remédios). Foram registros cartográficos e artísticos da maior importância.  Os holandeses chegaram a ter, na ilha, um entreposto com balcão de comércio (armazém), residências, hortas (os “Jardins Elizabeth, do alto da Quixaba e nas proximidades da principal área ocupada para moradia – hoje Vila dos Remédios).
E as evidências de tudo isso está nas imagens que puderam ser resgatadas, concretizando uma presença valiosa.
 
Ilustrações:
  • Carta náutica do Atlântico”, do cartógrafo holandês Harmen Jansz, mostrando a Baía de Sto. Antônio com galeões fundeados.
  • Arrendatário holandês Michiel de Pavw , em 1631.

 
 

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