No século XVII, durante 25 anos os
holandeses viveram em Fernando de Noronha, muito antes de se estabelecerem
no continente, em Pernambuco.
Tudo os se deu a partir de outubro de Outubro de 1629. Eles chegaram nos navios Otter e Hamick, comandados pot Cornelie Corneliszon Jol, apelidado de “o Perna de Pau”.
Rechaçados pela flotilha do Capitão Ruy Calaza Borges, a mando do
Governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque, foram desembarcar na
Baía Sueste, no “mar-de-fora“. Atravessaram a ilha a pé, até a Baía de Santo
Antônio, onde encontraram uma embarcação fundeada,
e uma outra, numa praia próxima, fazendo a
“aguada” (retirada de água doce), provavelmente na região do Boldró.
Afundaram os navios, capturaram, mataram e/ou aprisionaram brancos e
negros, “exceto aqueles que fugiram e se esconderam nos rochedos”, continuando a viver na ilha.
O que fizeram eles nesse longo tempo de
permanência? Como viveram? Como o Brasil pode ignorar essa presença
estrangeira a ponto de apenas contabilizar a permanência holandesa no
Pernambuco continental e seus arredores? Claro
que, para viver na ilha, eles precisaram fazer desmatamento,
construírem um reduto, no mesmo lugar onde hoje a Fortaleza dos
Remédios, erguerem casas e uma Congregação Calvinista, introduziram
animais e plantas na ilha e, com isso, modificaram aos poucos o ambiente insular. E, a partir de 1631, tiveram um arrendatário, indicado pela Holanda: Michiel de Pavw, o que fez com que o nome de Ilha ocupada passasse a ser PAVÔNIA, (latinização do sobrenome PAVW).
A história oficial considera que a invasão holandesa terminou aí e só seria retomada em 1635... Sabe-se, no entanto, que a permanência escondida dos
invasores, manteve os holandeses na ilha tendo, inclusive, o mesmo
Governador da Capitania de Pernambuco solicitado auxílio de Portugal
para expulsá-los definitivamente. Não conseguindo isso, os registros que
restaram falam de um mercenário alemão (Ambrósio Richshoffer), que foi a
Fernando de Noronha, no Iate Bruin Visch, levando negros para ajudar as
tropas holandesas que estavam construindo o acampamento e que já
possuíam dois canhões e um pequeno reduto, em forma de estrela, com doze
ângulos, 45m acima do nível do mar. E já era comum, àquela altura, o
envio para lá de soldados e de escravos doentes - sobretudo atacados de
escorbuto - para serem tratados, considerando o clima excepcional do
arquipélago.
Foram 25 anos
de permanência, de experimentos agrícolas, de arrendamento, de
construção de monumentos (especialmente o reduto no morro onde hoje se
situa a Fortaleza dos Remédios). Foram registros cartográficos e
artísticos da maior importância. Os
holandeses chegaram a ter, na ilha, um entreposto com balcão de
comércio (armazém), residências, hortas (os “Jardins Elizabeth, do alto
da Quixaba e nas proximidades da principal área ocupada para moradia –
hoje Vila dos Remédios).
E as evidências de tudo isso está nas imagens que puderam ser resgatadas, concretizando uma presença valiosa.
- “Carta náutica do Atlântico”, do cartógrafo holandês Harmen Jansz, mostrando a Baía de Sto. Antônio com galeões fundeados.
- Arrendatário holandês Michiel de Pavw , em 1631.
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