quarta-feira, 19 de julho de 2017



Helio Fernandes,volta do confinamento em Fernando de Noronha



Foi em 21 de julho de 1967 que o jornalista HÉLIO FERNANDES – punido pelo AI-5, por haver atacado a Revolução de 312 de março em artigo jornalístico – foi mandado para Fernando de Noronha, sendo o último preso político levado para ilha, que fora sempre vista como espaço prisional para todas as penas.
Dizia ele queA História dos povos e das nações, não se escreve com a omissão dos que se entregam, e sim com a bravura e a intrepidez dos que resistem. E sua vida foi marcada por essa coragem, enfrentando – a partir de 1964 - três confinamentos (Campo Grande, Pirassununga e Fernando de Noronha), afora todas as outras censuras recebidas.
Preso na ilha, enfrentando a solidão e a saudade, viu-se diante de uma visão diferente dos homens e das coisas do país. E sentiu-se grato àquele lugar isolado oferecia lhe ofereceu um especial “posto de observação” inesperado e fecundo, que até despertou sua gratidão ao governo que o desterrou.
Ali leu tudo que lhe chegava às mãos (até jornais velhos). Perdido nos seus próprios pensamentos discutia consigo mesmo, sentindo-se responsável por traduzir em palavras o que sentia e a experiência que vivia... Chegou a concluir que “todo homem público devia passar 30 dias em Fernando de Noronha: políticos, generais, padres, trabalhadores, estudantes, donas de casa... Todos desterrados dentro de si mesmo...”
Hélio Fernandes, ainda adolescente, trabalhou na revista O Cruzeiro. Foi chefe da seção de esportes do Diário Carioca e diretor da revista Manchete. Em 1945 cobriu a Assembléia Constituinte, onde conheceu o jornalista Carlos Lacerda, de quem ficou amigo. Foi jornalista no recém-lançado jornal Tribuna da Imprensa. Foi assessor de imprensa de Juscelino Kubitschek na campanha dele à presidência da república em 1955. Após a campanha, polêmico como sempre, volta ao jornalismo de oposição ao governo que ajudara a eleger. Trabalhou também na televisão, como comentarista política, com muito sucesso. Em 1960 adquiriu o jornal Tribuna da Imprensa.
Como Jornalista “de esquerda”, foi perseguido antes do Golpe Militar de 1964. Teve seus direitos políticos cassados em 1966. Com a censura à imprensa imposta foi preso e obrigado ao exílio em Fernando de Noronha.
Aqui lembramos - no dia de hoje - esse “prisioneiro” que nos deixou uma narrativa preciosa do seu tempo de confinamento, reveladora do que foram aqueles dias vividos no meio do oceano, sabendo-se injustiçado e perseguido por causa dos seus ideais.     
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Foto da chegada de Hélio Fernando ao Rio de Janeiro depois de ser libertado.

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