sexta-feira, 22 de agosto de 2008

CORDELISTA CANTA FERNANDO DE NORONHA EM VERSOS


É incrível como Fernando de Noronha fica impregnada na alma de quase todos aqueles que, por qualquer razão, tenham vivido ali, não importa o tempo de permanência. São artigos, livros, reportagens, depoimentos, que sinalizam essa paixão por um lugar, com pessoas dizendo-se “enfeitiçadas” por esse espaço inesquecível!

Assim aconteceu com a cordelista Gasparina Miranda, conhecida como “A pomba das Serras”, hoje moradora da cidade de Pombos/PE, que durante quase dez anos de sua vida morou e trabalhou na ilha, carregando estigmas de um tempo feliz e de um lugar que marcaria sua vida, para sempre.

Recebo, emocionada, cinco diferentes exemplares de Literatura de Cordel feitos por ela, todos resgatando e repetindo algumas das LENDAS fernandinas, no bom e jocoso estilo popular de poetizar... “O Gigante da Sapata” (que fala da figura do pescador mal-assombrado), “A Herança do Capitão Kidd” (que trata do pirata dos mares), “O Tesouro da Cigana” (que imagina uma cigana remanescente da remessa de todos os ciganos do Brasil para a ilha, no século XVIII), “O Reino da Alamoa Encantada” (que trata da mais famosa lenda noronhense, da sereia loura e sedutora) e “A Imagem do Capeta” (que não repete lenda e sim a figura de um dos comandantes do presídio, famoso pelas suas crueldades).

“O fantasma da errante rainha
Por sobre a ilha até hoje vagueia,
Nos altos dos montes, nas praias,
Entoando um canto de sereia.
Nas entranhas do Pico ainda ressoa
A voz magnética da Alamoa,
Buscando atrair amantes para sua teia.”

O mais importante para mim é ter ela registrado - em todos eles - a inspiração encontrada no meu livro “Fernando de Noronha – Lendas e Fatos Pitorescos”, que ela veio a conhecer trinta anos depois de ter deixado o Arquipélago, quando ali voltou na condição de turista...

Orgulho-me em saber que ela não esqueceu o lugar onde atuou como professora e teve seus filhos, como saber também que eu também não fui esquecida, professora dela que fui no primeiro curso que ministrei na ilha, nos idos de 1974, deflagrador de pesquisa que fez de Fernando de Noronha a causa da minha vida

Ilistração: capa dos cordéis de Gasparina Miranda

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