quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Saudação a Dom Helder

(... nos seus 50 anos de sacerdócio, 1981)

Por tuas mãos
– hoje envelhecidas –
tantas vezes o Cristo se fez verdade,
no milagre diário do teu sacerdócio...

De tua voz
– pausada e doce –
brotaram inesquecíveis mensagens
nascidas do teu coração de pastor ardoroso...

De onde te vem essa força tamanha,
infinitamente maior que a tua aparente fragilidade?

De onde recolheste
esse gosto pelas coisas mais pequenas,
conduzindo teus conselhos por
caminhos nunca imaginados,
a descobrir a beleza de um cotidiano viver,
carregado de fecundos exemplos de vida e de fé?

Foi Ele, não foi?
Foi d´Ele que te veio essa ousadia de investir,
apenas com as armas do coração, do amor,
da crença definitiva, não foi?

Ah! Cinqüenta anos mais tivesses,
e não mudarias o gesto tão nosso conhecido
que te acompanha em cada palavra sábia,
nem calarias verdades que precisassem ser ditas,
ainda que doessem ou assombrassem o mundo...

Pastor, amigo, chefe espiritual, pai...
- Padre Helder, sempre –
diante de ti, frágil e pequenino,
curvamo-nos em filial reverência
e beijamos tuas mãos abençoadas
(um gesto que nem sempre permites)
para proclamar a alegria
destes teus cinqüenta anos de sacerdócio
destemidamente vividos,
como predestinado e escolhido amigo
daquele que te recebeu como apóstolo
e nos permitiu
– a nós, de Olinda e Recife –
a suprema felicidade de estar contigo
hoje e sempre.

Amado pastor, nós te saudamos!!!

NOTA:
Este poema tem 27 anos... Por anos a fio esteve afixado no Palácio dos Manguinhos, sede oficial do Arcebispado de Olinda e Recife, com a composição visual da Irmã Stela, do Mosteiro do Monte. Hoje, permanece na parede da Igrejinha das Fronteiras, onde viveu e morreu o querido Profeta, registrando os dias de infinita ternura, vividas ao lado daquele homem inesquecível!

A HISTÓRIA DESTE POEMA

Em 1981, Dom Helder comemorou 50 anos de sacerdócio. As festas duraram dez dias, iniciando-se no dia 06 de agosto, data em que Olinda comemoração o seu padroeiro, o Santíssimo Salvador do Mundo e encerrando-se no dia 16 de agosto, no maior ginásio de esportes do Recife, completamente lotado. O poema nasceu no meu coração, naqueles dias de festa... E, corajosamente, eu o entreguei ao aniversariante, cheia de emoção e carinho...

No dia seguinte à linda celebração, veio a surpresa maior... Dom Helder escolhia meu poema para declamá-lo na Rádio Olinda, onde mantinha o programa diário "Um Olhar sobre a Cidade", agradecendo com ele a todos que o haviam lisongeado com maniefestação as mais diversas.

Ouça aqui, na própria voz do inesquecível pastor de Olinda e Recife, a SAUDAÇÃO A DOM HELDER, acima transcrita, que viria a ser publicada no meu terceiro livro de poesias, "Cantando o amor o ano ainteiro", editado pelas Paulinas, em 1986.


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