terça-feira, 23 de setembro de 2008

OLINDA ETERNA...



Minha alma vagueia pelos aconchegantes espaços dessa cidade tão igual em tudo ao que vi sempre, mas essencialmente diferente na honraria de que hoje se orgulha tanto, de ser PATRIMÔNIO CULTURAL DA HUMANIDADE!

Ali está o secular cruzeiro. Aqui, o deslumbrante verde que parece se expandir, em busca de um mar de muitos azuis e um céu quase sempre luminoso e claro.

Ali, a rua estreita, dimensão tão pequena do espaço antigo, acompanhando casas e pessoas, deixando brotar uma alegria solta e contagiante, que reza nas procissões da Quaresma e explode num carnaval único e inesquecível.

Meus pés pisam nas pedras e quase pressentem a marca das pegadas de todos os tempos, quando o sonho de criar-se uma civilização lusitana no continente que nascia era a determinação maior, estimuladora dos ousados gestos contidos em decisivos passos. E esses passos que agora ressoam, acostumaram-se, desde sempre, a conviver com a beleza, familiarizados que foram com a majestade de igrejas e conventos, com a paz derramada no verde que a tudo rodeis, com o nostálgico sino que apregoa o canto gregoriano que começa.

Ah! Soubesse eu que um dia retornaria por esses caminhos, sentindo-os alvo da curiosidade do mundo...
“Olinda – Patrimônio Cultural da Humanidade. Declaração do
Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, em sua sexta sessão,
realizada em Paris, a 14 de dezembro de 1982”.
(Placa descerrada em cerimônia pública, em 21 de março de 1983,
no Alto da Sé, em presença do Delegado Geral da UNESCO,
Mr. Amadou Mahtar M. Bow)

E o meu coração cativo nem se deixa abater pelo que há por fazer. Em todos os gestos pioneiros repousa a minha confiança. Hoje, como ontem, um amor de muitos, tão grande como o que foi capaz de despertar sempre, conduzirá OLINDA ao seu destino eterno: o de encantar sempre e preparar, a cada hora, o momento da volta, para de novo engolfarem-se de luz aqueles que a contemplarem, no alto de suas sete colinas de sonho.

Vale relembrar a citação: “Cada vez que uma inscrição é acrescentada à Lista do Patrimônio Mundial, pela qual a comunidade inyernacional reconhece o particular valor de uma maravilha arquitetônica, de um espaço natural, de uma cidade amada por sua beleza, e manifesta, assim, seu desejo de coloca-las sob a proteção da comunidade internacional, a UNESCO vê nisso a prova de um destino comum que une cada vez mais todas as nações e que permite assim, a todos os povos, de enriquecerem-se mutuamente com suas respectivas e mais significativas criações”. (Amadou Mahtar M. Bow – Diretor Geral da Unesco – 21.03.1983)

Olinda de agora. Confirmação das tradições libertárias que a história do Brasil registra. “Cidade Monumento Nacional”, em 1980. “Cidade Ecológica”, em 1982. A sempre “muy nobre e sempre leal villa d´Olinda” do destemido donatário português, Duarte Coelho. Herança. Esperança. Amor que não se iguala.

Salve!


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(Texto construído por mim, na data em que Olinda tornou-se “Patrimônio Cultural da Humanidade”, em 14.12.1982 e distribuído por ocasião da entrega do título, em março do ano seguinte)

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