segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O CARNAVAL DE OLINDA JÁ COMEÇOU...


Janeiro de 2009. E o Carnaval de Olinda já começou... É incrível mas é verdade! Tanto tempo antes e o clima da cidade já é de festa...

Olinda é assim. Antecipa um reinado de Momo no qual é soberana. Sacode a poeira de adereços guardados, retoca fantasias de outros tempos e sai, livre e liberta, abraçando seus filhos e seus admiradores, no movimento folião que começa muito antes do tempo oficial, que os calendários registram.

Ali, bombos e atabaques rememoram batuques de origem africana, nos Maracatus ruidosos e convincentes... Aqui, instrumentos de pau e corda acompanham dolentes cantores que amam o Frevo-de-bloco... Passistas afiam seus passos, ao som da Banda que toca o Frevo-de-rua rasgado e contagiante... Bonecos-gigantes, com roupas de cetim amassadas, saracoteiam entre eles... E mascarados experimentam caracterizações ultrapassadas, enquanto imaginam de que forma disfarçarão sua verdadeira face quando o Carnaval chegar pra valer...

Não há nada igual, no Brasil! Nenhum Carnaval é tão livre e tão espontâneo, tão forte e tão onipresente nesse preparar do corpo e da alma para uma folia que deveria durar três dias mas que, em Olinda, ganha fórum de quarentena, em “acertos-de-marcha” intermináveis, preparando musicistas e cantores para as canções de seus blocos, suas troças, seus ursos, seus clubes, seus maracatus e até suas escolas-de-samba.

Um século nos separa do começo dessa folia espalhado por ladeiras, ruas e becos seculares. Aquele “entrudo” herdado dos portugueses, aqueles “banhos-de-cheiro” que faziam a festa dos jovens muito mais recatados, organizou-se em grupos que foram se oficializando, estabelecendo normas, gerando deliciosas agremiações que, desde 1901 até os dias de agora, garantem a animação pelos sítios históricos, disputando a preferência de simpatizantes, com torcidas ruidosas, de mãos e braços unidos, como uma corrente humana, defendendo e acompanhando seus preferidos.

Uma história que já foi contada em livros ontológicos por apreciadores e pesquisadores dos Carnavais olindenses, como José Ataíde (no seu “Olinda, Carnaval e Povo – 1901/1981”) ou Thales Galhardo (em “Carnavais Olindenses – História e Metamorfose numa Travessia de Cem Anos – 1907/2007”), Uma história que se reescreve a cada ano, mantendo tradições centenárias mas aberta ao novo, à irreverência, à contagiante alegria.

Repetindo: o Carnaval de Olinda já começou... Venha conferir!!!

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