sábado, 11 de abril de 2009

45 ANOS DA CHEGADA DO BOM PASTOR A PERNAMBUCO


Os católicos de Olinda e Recife saíram às ruas para celebrar a chegada do seu Pastor, naquele 11 de abril de 1964. Mesmo sob o trauma dos últimos acontecimentos - a prisão de militantes considerados “de esquerda”, inclusive o Governador de Pernambuco, Miguel Arraes – uma multidão acorreu para os locais por onde passaria o cortejo vindo do aeroporto dos Guararapes e aplaudiu, pediu bênçãos, gritou pelos caminhos, a felicidade de estar recebendo aquele Arcebispo tão contraditório na sua aparência frágil e na fortaleza de suas palavras e ações, como o fora no Rio de Janeiro.

O povo pernambucano interrompia, de vez em quando, a passagem de Dom Helder Camara pelas ruas, com o coração cheio de esperanças de um fecundo tempo de paz no seu pastoreio!

Naqueles instantes de festa popular pública, ninguém seria capaz de imaginar o que haveria de vir, nos anos que se seguiriam, iluminados pela sua presença inesquecível e pela forte repressão de que seria alvo... Certamente, a premonição da maioria guiou seus passos para a festa da chegada!

Na praça em frente à Igreja do Santíssimo Sacramento / Matriz do bairro de Santo Antônio, a multidão ouviu, respeitosamente, o seu pastor. E suas palavras calaram profundamente em cada um, embora inquietassem a outros... Suas verdades mudariam para sempre os rumos da Igreja Católica no Nordeste.

Ninguém se espante me vendo com criaturas tidas como envolventes
e perigosas, da esquerda ou da direita, da situação ou da oposição,
anti-reformistas ou reformistas, anti-revolucionárias ou revolucionárias,
tidas como de boas ou de má fé. Ninguém pretenda prender-me a um
grupo, ligar-me a um partido, tendo como amigos ou seus amigos e
querendo que eu adote as suas inimizades. Minha porta e meu
coração estarão abertas a todos, absolutamente a todos.
Cristo morreu por todos os homens:
a ninguém devo excluir do diálogo fraterno.”
(Discurso de posse, abril / 1964).

No dia seguinte – 12 de abril - em solene liturgia realizada na Basílica do Carmo do Recife, diante da imagem da padroeira da capital pernambucana, Dom Helder tomava posse da Arquidiocese de Olinda e Recife, como seu 30º Bispo e 6º Arcebispo. Humildemente, usaria o báculo de madeira do seu Bispo Auxiliar, o também inesquecível Dom Lamartine Soares... Nem isso ele possuía, então!

Hoje, dia 11 de abril de 2009, 45 anos mais tarde, lembramos, com muita saudade aqueles dias de 1964, quando vivemos todos – membros dessa Igreja que ele representava – o presente que nos fora reservado, na designação de um santo e ativo homem de Deus, como Pa5stor de nossas vidas!

Que bom que isso um dia aconteceu!

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