sexta-feira, 26 de junho de 2009

ÍNDIOS EM FERNANDO DE NORONHA


Não há tradição da presença de ÍNDIOS em Fernando de Noronha. Desde o seu descobrimento, em 1503, ninguém ocupava o Arquipélago, como ocorria no continente, que foi sendo desbravado e, por todos os lugares da Mata Atlântica, tribos resistiam à chegada do colonizados português, como ocorreu também na América-espanhola.

Somente em 1755 há o registro de envio de 30 índios, em meio aos tantos presos mandados para o presídio lá instalado. A informação é dada por Dom Domingos de Loreto Couto. Alguns anos mais tarde, em 1768, Pereira da Costa afirma que a população da ilha era de 389 pessoas, inclusive um certo número de índios, cuidando da agricultura.

Oficialmente, 10 índios teriam sidos levados para a ilha em 1788, autorizados pelo governador da Capitania de Pernambuco, para realizarem trabalhos na lavoura, recebendo, inclusive, salário para isso.

No século seguinte, em 1819 – o governador em Pernambuco Luis do Rêgo Barreto, fez gestões para enviar a Noronha índios moços e de boa conduta, das aldeias de Cimbres e de Escada, prometendo-lhes “a dádiva de terras de propriedade exclusiva, que passariam a seus descendentes, sem ser considerada como propriedade comum”, sendo-lhes concedida passagens e ração por um ano para cada um e sua família”. A ida foi especificamente para trabalhos com a terra e, um ano depois, em 1820, sabe-se já havia ali 79 índios ocupados na ilha com a agricultura, certamente remanescentes daqueles indígenas voluntários de Cimbres e Escada, mandados no ano anterior. Em 1828 já eram 102 índios em Fernando de Noronha, sempre atuando sobretudo, nas atividades agrícolas.

O tempo levaria consigo o destino seguido pelos índios noronhenses... Não há mais registros de envio de outros, nos séculos que se seguiram. É até possível que eles se tenham multiplicado, constituído família com presos e correcionais ou abandonado o seu posto de ação, deixando o registro da sua presença nos escritos que trazem à luz essa tão importante informação,: não havia INDIOS nos primórdios da história insular brasileira e não há, nos nossos dias. Eles são lembrança e povoam o imaginário de gente dos dias atuais, inclusive de escritores que romanceram a existência de índios especiais, guardiões do tesouro presente no excepcional ambiente natural de Fernando de Noronha. Foi assim que imaginou o escritor pernambucano Abdias Moura, no seu belo livro “O segredo da ilha de pedra”. Fez muito bem!

Nenhum comentário: