segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ESTRAGOS NO PORTO DE SANTO ANTONIO - EM FERNANDO DE NORONHA


O mar, soberano, fez um grande e recente estrago no Porto de Santo Antônio, em Fernando de Noronha... Desde dezembro, açoitado por ondas enormes, o equipamento de desembarque de passageiros - construído com tantas dificuldades – danificou-se, impedindo o seu uso, até que as ondas enormes diminuam e os serviços de reparo possam ser iniciados. Isso obriga uma improvisação diária, para que as atividades náuticas no Arquipélago.

Historicamente, o Porto de Santo Antônio foi Identificado como um “boníssimo porto”, por Américo Vespúcio, na carta (Lettera) de 1504 e a “baía de Santo Antônio” foi, desde então, o ancoradouro natural para onde convergiam as embarcações que atingiam o Arquipélago.

Aí os holandeses abrigaram suas embarcações invasoras, em 1629, todas elas afundadas propositalmente quando da tentativa de retomada da ilha, então em poder dos batavos. Aí ergueram-se entrepostos de pescas e armazéns para estocagens de produtos, tanto no século XVII (durante os 25 anos de permanência holandesa – 1629 / 1654), como no pequeno período de ocupação francesa (1736 / 1737) e a partir da definitiva ocupação – em 1737 - através da Capitania de Pernambuco, quando se ergueu uma pequena vila, sobretudo ocupada por presidiários-pescadores, em regime de semi-liberdade.

O desembarque de mercadorias, no “porto”, era momento de dificuldade. Balsas improvisadas e cadeiras especiais, conduzidas nos ombros dos presidiários, transportavam para a terra tudo o que era trazido nos navios, para abastecimento da ilha. Não havia molhe de atracação.

Ponto de chegada para aqueles que se aventuram pelo mar, em cruzeiros marítimos cada vez mais procurados, ou de partida para os que tencionam cumprir roteiros de passeios marítimos ou de mergulhos, o Porto de Santo Antônio cresceu em importância a partir de 1942, quando a II Guerra mundial trouxe para Fernando de Noronha o Destacamento Misto, com mais de três mil homens, que deveriam vigiar o oceano e preparar-se para a guerra. Isso exigiu o desembarque de equipamentos bélicos pesados, o que motivou a implantação do primeiro “porto”, com a construção do primeiro molhe de atracação, em ferro e madeira, molhe esse levado pela ressaca ocorrida naquele ano. Eram dois pontilhões vazados, que adentravam pelo mar, na baía de Sto. Antônio. Tudo foi destruído, restando apenas restos, junto à praia.

Em 1997 um molhe definitivo foi feito, a partir da dinamização do morro Boa Vista, para a obtenção de pedras, apesar das queixas dos ambientalistas, à época. Esse molhe veio recebendo melhoramentos, nos anos que se seguiram, por iniciativa do Governo do Estado de Pernambuco, ao qual foi Fernando de Noronha reintegrado, a partir de 1988, por força da Constituinte. Sua implantação permitiu o desenvolvimento de atividades marítimas, gerando um turismo mais seguro e diversificado no mar, tanto em atividades regulares de passeios e mergulhos, como eventos de nível nacional e internacional, sendo ele, aos poucos, dotado de estrutura necessária que assegure ao visitante a possibilidade de utilizá-lo em condições satisfatórias, com conforto, afora o uso como mirante, diante de uma das mais significativas paisagens do arquipélago.

Foi essa estrutura a área atingida agora, no “swel” que avançou sobre toda a região, em ondas que continuram a crescer desde meados de dezembro de 2009... Resta a passarela de acesso mas a área de desembarque não funcionará, até que os reparos necessários possam ser iniciados. E, enquanto isso, é no local de desembarque da “carga” que toda a movimentação marítima vem ocorrendo. Uma grande pena, realmente!

Para a alegria dos que sonham com o limpo e claro mar noronhense e as atrações que ele oferece, daqui a um pouco de tempo isso será retomado, sempre a depender da vontade do mar, no qual serão restabelecidos os equipamentos ora destruídos.

Tomara que não demore muito!

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