sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

“A LENDA DO PECADO” de FERNANDO DE NORONHA


Um lugar sem mulheres, por séculos... O erotismo de homens presos reprimido pelas injustas condições de vida... As pedras enormes, escuras, envolvidas em fina camada esbranquiçada, resultado do milenar depósito de excrementos de aves marinhas sobre elas, como uma névoa... Clima de mistério e de busca de semelhanças, denominando espaços e originando lendas...

Isso é o tesouro imaterial de Fernando de Noronha, perpetuado através dos tempos, gerador de histórias fantasiosas, que falam dos medos, dos desejos, das estranhas explicações para os acontecimentos do dia-a-dia.

No caldeirão de mistérios perpetuados está a LENDA DO PECADO, que fala do amor proibido de dois seres gigantescos – um homem e uma mulher – castigados por terem amado demais e pecarem por amor. Para ela, o castigo de ter seus seios perpetuados à flor do mar azul turquesa, em pedra, no Morro dos Dois Irmãos; para ele, a pena de ter seu falo petrificado, também em pedra, no Morro do Pico, sentinela altaneira, ponto culminante da ilha, nos seus 323 metros de pura beleza e segredos.

Distantes e aproximados. Eternamente reunidos embora distantes entre si, os dois simbolizam o amor-pecado, condenado pelos homens. Petrificados, nada podem, nada fazem, nada almejam,...

O tempo trouxe também a chacota e a brincadeira para com os símbolos eróticos tão evidentes. Ela, chamada carinhosamente de “Fafá de Belém”, com seus seios fartos erigidos nas elevações vulcânicas junto a Praia da Cacimba do Padre; ele, por algum tempo re-batizado de “Bráulio”, numa alusão à campanhas de saúde passadas... Os dois, testemunhas evidentes do poder do amor e do desejo, apesar de todos os medos e de todos os riscos...

Essa é a LENDA DO PECADO, dessa Fernando de Noronha de tantos encantos, sutil e bela, naquilo que a inpirou!

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