domingo, 20 de junho de 2010

AINDA A COPA DO MUNDO EM FERNANDO DE NORONHA

Em artigo anterior, registrei aqui as duras tentativas de fazer-se com que os que viviam em Fernando de Noronha, em 1974, pudessem assistir os jogos da Copa do Mundo. Baseada na narrativa de um dos protagonistas, o Cap. Segundo Ebling, descrevi a loucura que foi a subida ao Morro do Pico e, depois, ao Morro do Francês, para arriscar formas de recepção daqueles momentos tão especiais.
No rastro dessa narrativa, recebo uma outra valiosa contribuição, dessa vez feita por uma então jovem moradora da Ilha, a respeito de uma tentativa semelhante, na Copa do Mundo de 1970.
Era governador do então Território Federal o Cel. Jayne Augusto da Costa e Silva. Por iniciativa da RADIOBRÁS - que começava a tentar comunicar o Arquipélago com o mundo lá fora - uma antena foi colocada no Morro do Francês, para que os jogos do Brasil pudessem ser asssitidos, com imagens geradas de Guadalajara, no México, onde os brasileiros jogariam e esses jogos fossem assistidos pela população civil e militar ali residente.
Quase todos os moradores subiram aquele morro de 195m de altura, em cada jogo, colocando-se ali do jeito que lhes fosse possível, diante da "telinha" em preto-e-branco, cantando a célebre canção "90 milhões em ação, pra frente, Brasil, do meu coração..." O aparelho usado era da marca ABC, que tinha como slogam "A voz de ouro ABC". As aspas da antena tinham sido revestidas de palha-de-aço (Bom Bril), como uma forma de ajuda... E nada aconteceu. Só barulho, barulho, barulho... Muitos rádios foram ligados para que fosse possível, pelo menos, ouvirem-se as transmissões dos jogos.
E, de tentativa em tentativa, todos vibraram quando conseguiram "ouvir" e "ver", mesmo com todos os defeitos da transmissão, um único gol em toda a Copa, marcado por Jairzinho, no jogo Brasil X Inglaterra!
Nas reminiscências de Marilde Costa está o desabafo orgulhoso de uma brasileira, distante do continente, ávida por ver Pelé, Rivelino, Jarizinho, Tostão e tantos outros, que formavam o que ela chama até hoje de "A SELEÇÃO", considerando inesquecível o momento de ver a primeira imagem de televisão em sua vida!
São pedaços de um passado que hoje nos parecem tão distantes...
(Texto baseado na narrativa de Marilde Martins da Costa,
hoje Conselheira Distrital de Fernando de Noronha)

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