terça-feira, 15 de junho de 2010

FERNANDO DE NORONHA E A COPA DO MUNDO


O Brasil começa hoje a viver, mais uma vez. o clima de COPA DO MUNDO, todos ligados nos acontecimentos na África do Sul e podendo contar - nesse mundo globalizado - com os avanços tecnológicos que garantem um envolvimento cada vez maior dos torcedores brasileiros, através ds meios de comunicação social.

Certamente, na esperada estréia do Brasil na Copa de 2010, nessa terça-feira, em quase todos os longínquos recantos de um país continental, como o nosso, olhos ansiosos acompanharão a seleção diante da Coréia do Norte, pelo "quase" milagre das transmissões televisivas, radiofônicas e outras mais, diretas, descomplicadas, nítidas, permitindo que a emoção aflore e o grito de gol ecoe pelas terras brasileiras, de todos os cantos...

Mas, nem sempre foi assim. Num passado não tão distante, os que viviam em Fernando de Noronha sofriam um isolamento terrível, que não se limitava a saberem-se ilhados no oceano, a mais de 300Km do continente. Eram brasileiros também, queriam torcer também, mas nada ou muito pouco lhes chegava, em termos de Comunicação.

Naquele distante 1974, próximo à Copa do Mundo, esperançosos, muitos imaginavam ocupar o lugar mais alto do Arquipélago - o Morro do Pico, com 323m de altura - instalando lá uma antena que pudesse captar as imagens dos jogos. O monumento natural parecia ser o lugar ideal para isso. E a "caravana dos decididos" fez a escalada pelos caminhos abertos na rocha e pelos 13 lances de escadas fincadas em seu flanco, até atingir o alto, cada um carregando nas costas o material julgado necessário, para cumprir o intento.

A subida foi dura e arriscada. Saíram às 14h. Chegaram lá em cima, percebendo logo a dificuldade primeira que era o espaço total onde poderiam ficar, pela existência de um farol rotativo de bom tamanho e por serem três pessoas, para executarem o trabalho.

A antena foi montada. Quantos riscos enfrentados... Numa praça de diâmetro reduzido, os três aventureiros viveram o receio de desabarem no abismo. O vento fortíssimo trabalhava contra. A noite caía. O aparelho de TV, levado às costas, foi ligado... As tentativas de sintonizarem os canais do Recife e de Natal foram intrutíferas... E eles tentaram, tentaram, tentaram...

Lá de baixo vinham sinais de luz, de lanternas ou de faróis de carros, lembrando-os das dificuldades da descida no escuro. Até que o sonho de assistir à Copa se esvaísse e a volta ao chão começasse, quando já passava das 22h... Só chegaram ao solo pela madrugada. Foram recebidos como heróis, apesar do fracasso da tentativa. Tinha valido muito como experiência de coragem e determinação do Capitão Segundo Ebling, do Capitão-Paraquedista Carvalho e do Soldado Herculano de Freitas, este considerado "pau=pra-toda-obra" por todos. Mas assistir a Copa, ainda não daquela vez!

Dias depois, esses mesmos corajosos militares conseguiram instalar uma antena rômbica no Morro do Francês (com 195m), obtendo uma imagem péssima mas que permitiu aos residentes - ilhéus e militares do Território Federal então existente - sentirem-se privilegiados por estarem unidos ao resto do País, torcendo como qualquer outro brasileiro, ainda que, muitas vezes, o que viam se assemelhasse mais a "fantasmas" do que ao que hoje conhecemos como imagens de TV

E pensar que, nos dias atuais, isso é tão fácil!!!!

(aventura narrada por um dos protagonistas, o Capital Segundo Ebling, em carta, e publicada como um "caso pitoresco" no meu livro "Fernando de Noronha - Lendas e Fatos Pitorescos", Editora Inojosa, Recife).

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