domingo, 13 de junho de 2010

SANTO ANTÔNIO - UM SANTO DO POV0


Chamava-se Fernando de Bulhões. Nasceu em Lisboa, em 1195, numa família rica. Entrou para o Convento dos Agostianinos aos 15 anos. Ordenou-se padre em Coimbra. Em 1220 ingressou na Ordem Franciscana Menor, abraçando a pobreza. Trocou seu nome para Antônio. Foi missionário no Marrocos e, doente, foi mandado para a Itália, onde lecionou Teologia em várias Universidades, indicado pelo próprio São Francisco de Assis, que o admirava muito. Era um orador sacro prodigioso, de forte apelo popular. Fazia milagres espantosos. Possuía o dom da "bi-locação" (estar em dois lugares ao mesmo tempo). Sua fama de santidade era muito grande.

Com saúde precária, recolheu-se ao Convento Franciscano de Arcélia, localidade próxima a Pádua, na Itália, onde viria a morrer, em 13 de junho de 1231, com apenas 36 anos. Foi canonizado 11 meses após a sua morte, pelo Papa Gregório IX, em 13 de maio de 1232.

Foi reconhecido como "Doutor da Igreja", pela sua sabedoria. Sua veneração espalhou-se pelo mundo, principalmente em Portugal e no Brasil, como herança da colonização portuguesa. É considerado o "padroeiro dos pobres e dos casamenteiros" e invocado também para "encontrar objetos perdidos". Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada, que guarda, como um tesouro especial, sua língua incorruptível, com a qual tanto pregou em vida.

O encantamento do povo simples por Santo Antônio é comovente! Não é o "Doutor da Igreja" que veneram... É o "Antonino" (uma forma tão carinhosa de chamá-lo em nosso idioma); é o "santo casamenteiro" que ajuda moças desencantadas a encontrar o seu par; é o protetor dos pobres, que dava aos famintos o pão do convento em que vivia e que, por isso, fez nascer o costume da distribuição do "pão de Santo Antônio" em cada 13 de junho.

É ele o santo invocado nas "simpatias" feitas em seu nome, nas festas juninas, nascidas do imaginário da gente simples e que fazem parte das superstiçoes características do povo brasileiro, quase uma "brincadeira", nascida da necessidade de ter-se fórmula para tudo, até para buscar o impossível.

O que justificaria uma pessoa "enterrar uma faca, à meia-noite, numa bananeira", na esperança de que o líquido que escorresse da planta viesse a formar a letra do nome do futuro companheiro? Os escrever os nomes dos pretendentes a marido em vários papéis, sendo um deles deixado em branco (para o caso de ficar a jovem vitalina) e colocá-los à meia-noite do dia 12 de junho em um prato com água, deixando-o por toda a madrugada no "sereno", para encontrar, no dia seguinte (dia de Santo Antônio) um dos papíes abertos, indicando qual seria o escolhido?

Como entender que, cheio de fé e de esperança, uma moça adquira uma imagem do santo, faça a ele o pedido de arranjar marido e, para "comprometê-lo", roube-lhe o Menino Jesus, dizendo que só o devolve quando conseguir namorado? Ou ainda virar o santo "de cabeça para baixo", até o pedido ser atendido? E "amarrar uma aliança num fio e segurá-la sobre um copo com água", para saber quantos anos faltam para se casar, perguntando isso ao santo à meia-noite, na véspera do seu dia, crendo que o número das batidas da aliança no copo seria essa resposta?

São costumes repetidos ao longo dos tempos. São rituais, simpatias, que fazem a delícia da crendice popular, sabendo-se que, nesses casos, o que importa não é o que se faz mas a fé de cada um, naquilo que almeça. É o patrimônio imaterial que se continua...

Santo Antônio é representado sempre com seu hábito de frade franciscano, com símbolos especiais, que sinalizam sua fé e sua vida. Há uma Bíblia na sua mão esquerda simbolizando sua fé nos Evangelhos) e, sobre ela, está o Menino Jesus. Na mão direita ele sustenta a Cruz e um Lírio (símbolo da sua pureza).

O jeito é relembrar, nesse 13 de junho, o querido santinho português/ italiano, repetindo os versos antigos, com os quais sua glória foi sempre lembrada: "Glorioso Santo Antônio, grande amigo do Senhor/ escutai nosso pedido/ sede nosso intercessor!" Ou as palavras do"Responsório de Santo Antônio": "Se milagres tu procuras pede logo a Santo Antônio/ fogem dele as desventuras, o erro, os males e o demônio..."


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