sexta-feira, 22 de junho de 2012

OS PRIMEIROS CONVENTOS FRANCISCANOS NO BRASIL


Recebi, do escritor Antônio Noberto, sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, um interessante trabalho sobre o mais antigo convento capuchinho do Brasil – o Convento São Francisco, em São Luiz (le Couvent Saint-François), edificado em 1612 onde hoje se encontra o Seminário Santo Antonio, no Centro da capital maranhense, Quatro capuchinhos acompanhavam Daniel de la Touche naquela viagem: Frei Yves d’Evreux (superior da missão), Frei Claude Abbeville, Frei Ambroise d’Amiens e Frei Arsene de Paris. Mais tarde, em 1613, viriam mais 11 capuchinhos, para viverem nessa casa conventual, construída de taipa de pilão e de pedra “como se fazia na França” tornando-se mais sólida, com o uso posterior de outros materiais construtivos.

Ler sobre isso despertou-me dois desejos:

  • : falar de um outro convento também franciscano, erguido em Olinda, em 1585: o Convento de São Francisco da Ordem dos Frades Menores, o mais antigo do Brasil daquela congregação,
  • : falar sobre Frei Claude d´Abeville, integrante da expedição que se dirigia ao Maranhão mas que, aproximando-se do Brasil, sentiu necessidade de parar em um arquipélago encontrado na sua rota marítima, para se abastecer.

O Convento franciscano de Olinda é muito conhecido pelos devotos de São Francisco e muito visitado pelos turistas que chegam à 1ª capital pernambucana. Erguido numa colina suave, a caminho do Alto da Sé (a Catedral do Arcebispado), no coração do sítio histórico da Cidade Patrimônio Mundial, foi invadido pelos holandeses no século XVII, abandonado à sua própria sorte por muitos anos, reconstruído, ornamentado com azulejos portugueses, preciosas talhas douradas, pinturas que trazem a natureza para enfeitar o interior do conjunto – mostrando folhas e frutos - e figuras de anjos com traços fisionômicos índígenas, entalhados em jacarandá.

Ali nasceu o Mamulengo, expressão criativa de usar-se o boneco feito em mulungu, para a catequese dos índios e escravos, usada pelos franciscanos da primeira hora. Ali vive – desde aquele tempo - a comunidade de Frades Franciscanos Menores, em terras doadas por Dona Maria da Rosa, a 1ª franciscana secular, que fez nascer daquela casa, desde 1577, a mais antiga e Venerável Ordem Terceira Franciscana secular do País, núcleo tradicional de religiosos que chegam até os nossos dias.

Frei Claude d´Abeville, um de dos companheiros de La Touche, conquistador do Maranhão, como seu escrivão na expedição, escreveu uma bela obra: “História da Conquista do Maranhão e Terras Circunvizinhas” e nela incluiu um capítulo “Fernando de Noronha”, no qual descreve o arquipélago com riqueza de expressões e de detalhes, do que seria a esplendorosa natureza que descobriu, ao parar por 15 dias na ilha principal do arquipélago, onde quis deixar plantada a força da fé católica, improvisando uma paliçada sob a qual celebrou a 1ª Missa naquelas paragens. Esse feito é contado também na coleção “História da Igreja no Brasil”, do Pe. Arlindo Rupert, ao referir-se aos frades capuchinhos franceses que andaram pela nossa terra.

Detalhes da uma grande história que se construiu aos poucos, mas que deixou sólidas informações e nos ajudam a resgatar o passado, seja em Pernambuco, seja no Maranhão, com gosto de eternidade!

Imagem: claustro do convento franciscanos de Olinda - o mais antigo do Brasil.


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