segunda-feira, 19 de novembro de 2012

FAZ TANTO TEMPO...





Um homem contraditório. Capaz das mais belas expressões de ternura e de gestos difíceis de serem entendidos. Que derramava carinho sobre os filhos nascidos no Brasil e somente por carta mantinha contato com aquelas deixadas em Portugal.

Um homem de bem, sem dúvida... Até ingênuo, em algumas ações. Autodidata, escrevia como poucos, mesmo tendo parado os estudos ainda menino, pelas dificuldades enfrentadas na vida.

Este foi ALFREDO BORGES, o “Seu Borges”, o “português da camisa de meia”, o introdutor do fabrico de placas no Norte e Nordeste do Brasil, fossem esmaltadas ou em metal, para carros, ruas, casas... Também o sonhador, cantador de fados muito antigos, que costumava receber qualquer visita em casa com a mais suculenta bacalhoada que minha mãe viesse a fazer, ensinada por ele, claro!

Lembro-me hoje, de forma especial, porque foi num 19 de novembro que ele partiu, depois de uma longa e nada tranqüila vida, marcada por momentos muito especiais, dos quais todos nos lembramos com saudade!

Um dia, ele tentou me definir, dizendo: “minha filha, você é toda coração... Onde lhe baterem, machucam!”. Ninguém – nunca mais – disse coisa mais sábia, mais parecida comigo...

Minhas lembranças vagueiam, recordando esse homem querido, que nos deixou...  

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