Assistir filmes era uma aspiração antiga das pessoas que viviam em Fernando de Noronha, fossem elas presas ou livres. Mas não havia cinema na ilha. Era sonho, apenas.
No centro da praça em frente à Igreja dos Remédios, um singelo
chafariz tinha atravessado os tempos embelezando aquele pátio harmonioso,
servIndo à população com a água que generosamente oferecia.
Esses dois elementos - aliados à urgência de gerar lazer
em tempo de guerra – foram unidos, em plena vigência do Território Federal
militar e do Destacamento Misto implantado na II Guerra Mundial, para
oferecerem o lazer através da projeção de filmes, transformando-se o chafariz
numa “cabine cinematográfica” e realizando-se o sonho de soldados e civis, com
exibições ao ar livre, com todo o povo sentado no chão e na escadaria da
igreja.
Um sucesso sem precedentes! Cerca de três mil “pracinhas”
acotovelando-se por aquele espaço, separados apenas das poucas mulheres que
restavam na ilha e das autoridades, esses guardados numa espécie de palanque,
nas proximidades do antigo chafariz.
Isso tudo começou a acontecer a partir do dia 10 de
julho de 1942. Era a realização do sonho de muitos, apesar da precariedade
dos meios encontrados. Era também a mudança da destinação daquela edificação no
centro da praça, que – finda a guerra – foi sendo deixada ao abandono, dela só
restando atualmente o chão onde se erguia, agora sem nenhuma identificação, a
não ser pelo milagre da fotografia, possível de ser contemplada, atualmente, no
Memorial Noronhense, situado tão perto dessas evidências do passado.
Julho de 2013: 71 anos dos primeiros filmes
exigidos em Fernando de Noronha. Hoje, apenas lembrança!
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