Éramos
jovens. Estávamos apaixonados e, mesmo rodeados de muitas dificuldades,
sonhamos um casamento na Igreja que fora nosso porto seguro: a Basílica do Carmo.
Ele, integrante do Coral do Carmo do Recife, orgulhava-se de ser membro daquele coro
tão antigo e tão belo e queria a ele confiar as músicas que seriam cantadas, cada
uma delas mais significativa do que a outra para nós dois.
Eu, que crescera entre musicistas, que
tinha na Música uma referência de felicidade e de encanto, tinha como ídolo maior
o único irmão homem: o Maestro Fernando
Borges. Também queria muito que o seu violino encantado igualmente se
fizesse ouvir.
Dois
frades daquele Convento do Carmo haviam acompanhado nossa trajetória como
amigos, namorados, noivos e agora prontos pela a vida em comum: Frei Pio Moreira (o fundador do Coral
do Carmo) e Frei Tito Figueroa de
Medeiros, colega dos tempos de escola, de Cruzada Eucarística e dos Pastoris...
A eles entregamos, com muito carinho, a condução da celebração que se fez, tocante,
fervorosa, repleta de vozes queridas e sons de muitos instrumentos...
12 de janeiro de 1967. Lá estávamos nós dois, firmando
para sempre um compromisso nascido no coração e confirmado diante do altar da
Padroeira do Recife, devoção mais querida nossa, que nos fez escolher seu belo hino
como a “marcha nupcial” ao findar-se a cerimônia. E pela nave da igreja
cantamos juntos, baixinho, sob a forte emoção daquele momento:
“Sublime
Estrela do Carmelo,
dos
dons celestes, medianeira,
protege,
ampara com desvelo,
Recife
– e nossa vida inteira!!!”
47 anos se passaram. Fernando está lá, na Pátria
celeste, depois de 37 anos de vida em comum, deixando-se ficar na memória dos
tantos amigos que fizemos e da família que constituímos, nas filhas que
merecemos receber; nas mães – dele e minha – que acolhemos como um compromisso
de amor, e da vozinha Tosca, doce como um favo de mel, que Deus nos deu de
presente num dia qualquer dessa caminhada e que foi farol, luz, proteção e
amor!
Hoje
tudo é lembrança boa! Inclusive a luta pela qualificação profissional, tão
difícil de buscar, que enfrentamos, sem que a qualidade de vida não se fizesse
ausente do nosso tempo.
Com
certeza, “Carminha” (a querida N. Sra. do Carmo, por nós dois assim
re-batizada) ouviu mesmo aquele apelo cantado no belo hino feito pelo saudoso
M. Bezerra e, com seu manto, protegeu e amparou com desvelo, Recife – e nossa vida inteira!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário